História de Rubens Antonio Barbosa


13-6-1938 - São Paulo

   NOTAS


CPDOC: Ingressou no Instituto Rio Branco em 1960. Enquadrado na carreira diplomática como terceiro-secretário em novembro de 1962, dois anos depois bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ainda em 1964, participou da XIII Conferência da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, em Paris, e de 1965 a 1986, esteve presente às XX, XL, XLI sessões da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.Transferido para a embaixada do Brasil em Londres, em 1966, foi promovido a segundo-secretário em dezembro desse mesmo ano. Trabalhou igualmente no consulado-geral, na mesma cidade, como cônsul-adjunto, entre 1969 e 1972. Promovido a primeiro-secretário em janeiro do ano seguinte, foi assessor da IV Conferência de Cúpula dos Países Não-Alinhados, realizada em Argel. De volta ao Brasil, chefiou o gabinete da Secretaria de Educação e Cultura do Distrito Federal em 1974. No ano seguinte, participou da missão diplomática precursora à China, encarregada da instalação da embaixada brasileira em Pequim.Promovido a conselheiro em março de 1976, foi nomeado secretário-executivo da Câmara de Comércio com os Países do Leste europeu, função que desempenharia até 1983. Nesta condição, foi designado diretor do Pavilhão do Brasil na Feira de Budapeste e delegado de várias reuniões de comissões mistas entre o Brasil e países socialistas europeus, nomeadamente Romênia, República Democrática da Alemanha, Bulgária, Hungria, União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e Tchecoslováquia. Foi ainda delegado às VII, VIII e IX reuniões da Comissão Brasil-URSS para Cooperação Comercial, Econômica, Científica e Técnica e ficou à disposição do vice-presidente da URSS, Vasili V. Kuznetzovov durante as cerimônias de posse do general João Batista Figueiredo na presidência do Brasil, em março de 1979. Promovido a ministro de segunda classe em 1981, foi membro da delegação especial às exéquias do presidente da URSS, Leonid Brejnev, em 1982, e Iuri Andropov, em 1984. Neste último ano, em Genebra (Suíça), esteve também presente à reunião sobre intercâmbio comercial entre países com diferentes sistemas econômico-sociais da United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD).Ainda em 1984, trabalhou no Programa Nacional de Desburocratização, tendo sido encarregado da modernização e simplificação da área de comércio exterior. Promovido a ministro de primeira classe em 1985, exerceu a função de chefe de gabinete do ministro das Relações Exteriores, Olavo Setúbal, e integrou a reunião de coordenação com os embaixadores do Brasil nos países do Leste europeu, em Frankfurt, Alemanha. Participou, também neste período, da Reunião do Consenso de Cartagena, em Montevidéu, e da Reunião de Chanceleres do Grupo de Apoio à Contadora, em Cartagena (Colômbia). Em 1986, integrou a delegação brasileira à Reunião de Cúpula do Movimento Não-Alinhado, em Harare (Zimbábue). De 1986 a 1987, atuou como subsecretário-geral de Administração e subsecretário-geral de Assuntos Multilaterais do Itamarati.Secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda entre 1987 e 1988, exerceu a mesma função na seção brasileira do Grupo dos três Ministros da Fazenda (Argentina, Brasil e México). Em 1988, foi nomeado embaixador do Brasil junto à Associação Latino-Americana de Desenvolvimento e Integração, em Montevidéu, função que exerceu até 1991. Foi também presidente do comitê de representantes da Associação Latino-Americana de Integração (1991-1992) e subsecretário de Comércio Externo, de Integração e de Assuntos Econômicos do Ministério das Relações Exteriores (1991-1993). Em setembro de 1991, assumiu a coordenação da seção brasileira para o Mercado Comum do Sul, chefiando as delegações brasileiras às reuniões do grupo, do qual fez parte do seu conselho e no qual desenvolveu atividades relativas ao comércio e à articulação do Ministério das Relações Exteriores com o setor privado.Em janeiro de 1994 assumiu a embaixada do Brasil, em Londres, em substituição a Paulo de Tarso Flecha de Lima. No mês seguinte, foi eleito presidente da Associação dos Países Produtores de Café (APPC), sucedendo ao ex-ministro brasileiro da Indústria e Comércio José Eduardo de Andrade Vieira. A APPC fora fundada em setembro de 1993, com a função de promover a recuperação do preço do café no mercado internacional. Para tanto, foi lançado o "Plano de Retenção", o qual reduziu em 20% a exportação do produto. Em setembro de 1995, ocasião em que Rubens Barbosa foi reeleito presidente da APPC, a cotação do café já era três vezes superior àquela praticada quando da fundação da entidade.Como embaixador, Barbosa desempenhou importante papel na divulgação da imagem do Brasil junto ao mercado inglês e na atração de investimentos privados. Em meados de 1997, em meio a uma grande crise financeira iniciada na Ásia, procurou demonstrar aos investidores estrangeiros a especificidade do Brasil entre os chamados países emergentes, e com isso evitar a "crise de credibilidade" que ameaçava se abater sobre o país.O incentivo às relações comerciais com a Inglaterra chegou até ao campo ambiental - segundo Barbosa, um setor em que o Brasil detinha um grande potencial de negócios. Juntamente com o governo inglês, iniciou um levantamento das empresas britânicas e brasileiras dedicadas à questão ambiental para futura transferência de tecnologia e formação de joint ventures. Em outra iniciativa nessa área, anunciou, em dezembro de 1997, durante visita do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) a Londres, o compromisso do governo brasileiro de atingir a meta de preservar ao menos 10% da reserva florestal do país até o fim do ano 2000. O anúncio da medida foi feito através de uma carta do embaixador brasileiro ao príncipe Philip, marido da rainha Elizabeth e presidente emérito do Fundo Mundial para a Natureza, entidade que coordenava uma campanha para a preservação de florestas em todos o mundo.Ainda com o intuito de promover a imagem do Brasil e pôr fim aos estereótipos acerca do país, Barbosa deu especial destaque à questão educacional. Nessa área, sua principal realização foi a criação, com a ajuda de capitais privados, do Centro de Estudos Brasileiros na Universidade de Oxford. Além dessa iniciativa, a embaixada brasileira encomendou a especialistas ingleses a elaboração de um material didático de geografia - Brazil in the school - que passou a ser distribuído às escolas de segundo grau do Reino Unido.Em junho de 1999, deixou a capital inglesa para assumir a embaixada do Brasil nos Estados Unidos em substituição a Flecha de Lima, sendo sucedido na embaixada de Londres pelo ex-porta-voz da presidência da República, Sérgio Amaral. Em Washington, Rubens Barbosa teve como especial atribuição a defesa dos interesses dos exportadores brasileiros frente às sanções impostas pelo governo norte-americano aos produtos exportados pelo Brasil, principalmente o aço e alguns produtos agropecuários. A exemplo do que fizera na Inglaterra, buscou também estimular programas de estudos sobre a realidade brasileira junto a grupos de interesse e anunciou, com o apoio da iniciativa privada brasileira e americana, a criação de centros de estudos sobre o Brasil na Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque, e na Universidade de Georgetown, em Washington.Durante o período que esteve à frente da embaixada de Washington, participou ativamente das negociações envolvendo a criação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). Em junho de 2000, divulgou relatório em que criticou a postura protecionista norte-americana, afirman do que os Estados Unidos aplicavam tarifas extremamente altas sobre os principais produtos de exportação brasileiros. No mesmo ano - juntamente com o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, e o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique Iglesias - assinou, em Washington, contrato para a liberação de empréstimo de US$ 11 milhões destinado ao Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal.Foi responsável pela idealização e pela organização do maior encontro realizado até então entre brasilianistas e intelectuais brasileiros. Em dezembro de 2000, reuniram-se aproximadamente oitenta estudiosos sobre Brasil - entre os quais o britânico Kenneth Maxwell, os norte-americanos Robert Levine e Thomas Skidmore, o historiador brasileiro Carlos Guilherme Mota, o sociólogo Sérgio Miceli, o antropólogo Roberto da Matta, da Universidade de Notre Dame e o cientista político Luiz Alberto Moniz Bandeira - para debater, comentar e revisar o livro Guide to the Study of Brazil in the United States - 1945-2000, que a embaixada viria a lançar no ano seguinte.Barbosa também defendeu o acordo espacial que previa o uso comercial, por empresas norte-americanas, da base de lançamento de foguetes de Alcântara (MA), proposta que sofreu contundente oposição no Congresso sob a alegação de que o acordo feriria a soberania nacional e impediria o avanço tecnológico brasileiro.Deixou o cargo nos Estados Unidos em março de 2004, sendo substituído pelo embaixador Roberto Abdenur. Este foi o último posto de sua carreira diplomática.No fim de 2008, o então presidente da Fundação Bienal de São Paulo, Manoel Francisco Pires da Costa, lhe ofereceu que o substituísse no cargo, mas Rubens Barbosa não aceitou o convite.Casou-se com Maria Inês Correia da Costa Barbosa, com quem teve dois filhos. Seu sogro, Sérgio Correia da Costa, foi embaixador do Brasil na Inglaterra (1968-1973), na ONU (1974-1983) e nos Estados Unidos (1983-1986). O avô de sua esposa, Osvaldo Aranha, um dos principais articuladores da Revolução de 1930, ocupou a chefia dos ministérios da Justiça (1930-1931), Fazenda (1931-1934 e 1953) e Relações Exteriores (1938-1944) e foi também embaixador do Brasil em Washington (1934-1937).Mestre pela London School of Economics and Political Science, ao longo de sua carreira, Barbosa escreveu diversos artigos, principalmente sobre comércio exterior, desburocratização e integração regional, hemisférica e nacional, a maioria sendo publicada, de forma regular, no Estado de S. Paulo e em O Globo. Publicou os livros América Latina em perspectiva: a integração regional da retórica à realidade (1991) e Panorama visto de Londres (1998), uma coletânea de seus ensaios e artigos publicados na imprensa, e The Mercosur Codes, publicado pelo British Institute of International and Comparative Law (Instituto Britânico de Direito Internacional e Comparativo).Como consultor de negócios, ocupou, entre outros, os cargos de presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da FIESP, Membro do Conselho Empresarial dos Países de Língua Portuguesa e de diversos outros Conselhos, como o da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e o da empresa CSU CardSystem S.A. Também integrou o Grupo de Análise da Conjuntura Internacional da USP (Gacint) e a editoria da revista Interesse Nacional.Criou a empresa Rubens Barbosa & Associados, que coloca à disposição do mercado a experiência de Governo e de negociação de sua equipe. Está associada à Stonebridge International LLC, uma empresa de estratégia global de negócios fundada pelo ex-Secretário de Segurança dos EUA, Samuel R. Berger, e pelo ex-embaixador dos EUA no Brasil, Anthony S. Harrington. Romero Brito/Luís Otávio de SousaSuayla Khalil atualizaçãoFONTES: Folha de S. Paulo (31/3/94, 27/9 e 22/10/95, 12/8 e 6/10/96, 30/11, 1 e 5/12/97, 26/8, 31/10 e 15/12/98, 26/4, 14/6, 11/7, 6/8, 3/9 e 14/12/99, 20/1, 8/4, 13, 13/6/00, 20/6/00, 8/8/00, 4/12/00, 04/09/01, 30/4/09); INF. BIOG.; INF. EMB. BRAS. REINO UNIDO; MIN. REL. EXT. Anuário (1992); RUBENS BARBOSA & ASSOCIADOS Internet.

- Embaixador em Washington DC, EUA de 11 de junho de 1999 a 31 de março de 2004 

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