História de Lucia Cristina Machado Bromberg


1952 - Oakland

   NOTAS


Livro: Queiroz, Borges da Costa, Machado & Palhares - Genealogia e Histórias

- Em 2008 casou-se com seu primo, filho do irmão de sua mãe.

- Pintora e aquarelista com formação no Instituto de Belas Artes no Rio de Janeiro, San Antonio Art Institute no Texas, EUA e aulas em Florença, na Itália.

Realizou diversas exposições individuais e coletivas, recebendo prêmios e menções honrosas. Além de trabalhar com galerias de arte, a artista também associa suas imagens à projetos gráficos, objetos, presentes corporativos, ilustrações, estamparias, logomarcas e calendários. 

Lucia trabalha em seu atelier no Rio de Janeiro, onde transforma paisagens e elementos do cotidiano em telas no estilo realismo mágico.

Flickr:  http://www.flickr.com/photos/luciabromberg/

- Em 2008 [Jornal Copacabana] A cara do Rio:

Um pouco daqui e de lá! A mistura fez de Lúcia Bromberg uma artista atual, mas que busca o conhecimento para aplicar em seus trabalhos as influências da arte tradicional.
O estilo que trabalha é o realismo mágico e, para expor suas telas pelo mundo ela dá duro e passa 15 mãos de tinta em cada quadro, não abre mão da técnica! Lucia começou a pintar aos seis anos. E, na escola já deixava sua marca em cadernos de colegas e nas paredes da cantina.
Ela é moradora da Gávea, mas nasceu nos Estados Unidos. Filha de pai americano com mãe brasileira, a mudança para o Brasil aconteceu aos oito anos, após a morte do pai. Cursou Comunicação na a Pontifícia Universidade Católica e Belas Artes na antiga escola do Parque Lage. Voltou aos EUA para complementar seu curso de arte. Em idas e vindas ela ainda passou por Florença, na Itália, onde fez um curso de Aquarela.
Totalmente estabelecida no Brasil, Lúcia quer, agora, dominar outro nicho de mercado e colocar sua arte em porta-CDs, caixinhas e até em lenços e bolsas.
Simpática, Lúcia Bromberg, que assina a ilustração da capa, recebeu o Jornal Copacabana em casa para a entrevista que você confere agora!

 

Jornal Copacabana (JC): Como começou a pintar?
Lúcia Bromberg (LB): Foi aos seis anos de idade. Eu tinha problema na vista e, por isso, não era dada aos esportes, estava sempre com papel e lápis, desenhando. Meus pais estimulavam muito e as diretoras do colégio começaram a perceber meu dom. Pintava as capas dos cadernos dos colegas de classe, as paredes e até a cantina... Meu dom foi bem aproveitado.
J.C.: Você nasceu nos Estados Unidos e veio para o Brasil ainda criança...
L.B.: Vim aos oito anos. Minha mãe era brasileira e meu pai, americano. Com o falecimento dele voltei para o Brasil com ela.
Tive educação artística aqui, no Instituto de Belas Artes do Parque Lage, que era muito tradicional na época e seguia a linha acadêmica. Nos EUA, também fiz Belas Artes, com um enfoque bem americano: muito criativo, livre, mas muito técnico. Quando voltei para o Brasil tive curiosidade de conhecer o velho mundo. Tudo para mim girava em torno dos Estados Unidos e do Brasil, eu precisava de uma referência europeia. Minhas referências eram modernas, novas, não seguia uma linha tradicional.
J.C.: Esse intercâmbio, a influência e a mistura do moderno e do tradicional mudaram sua maneira de fazer arte?
L.B.: Eu sempre procurei simplificar as coisas. Esta é minha visão estética, ver a forma. Por exemplo: no computador, vejo o retângulo. No início os meus trabalhos eram muito geométricos... Aos poucos passei a arredondar... (risos). Com a influência americana, meus desenhos não tinham muitas curvas. Vindo para o Brasil, descobri as curvas (risos), na Europa descobri os detalhes.
Muitas vezes, as pessoas pensam na pintura como boemia, terapia... Pode ser, mas para mim é trabalho. Isso aprendi com os americanos. Ter disciplina, horários... E encarar como trabalho.
J.C.: Mas a arte brasileira tem influência europeia...
L.B.: é. E acho muito importante que o artista tenha um desafio... O que aconteceu comigo é que eu trabalhava como designer, fazendo logomarcas e trabalhos publicitários... Era o cliente que fazia a arte, eu apenas transformava o pensamento dele em realidade. (risos)
J.C.: Em sua coletiva mais recente, em 2004, você mostrou as paisagens do Rio de Janeiro. Como teve essa ideia?
L.B.: Há oito anos optei pelo desafio de pintar o Rio, sem deixar cair no lugar comum, sem virar mais um cartão postal, clichê.
Nesse caso, as curvas da cidade foram um desafio, o realismo, outro. No meu caso, o realismo mágico, como é chamado o meu estilo. Aprendi isso em Florença na Itália. é mágico porque não é acadêmico, é lúdico, criativo.
é muito importante você estabelecer um estilo, uma marca, que o apreciador de arte olhe e não precise ler a assinatura, ele já sabe: é da Lucia!
J.C.: Tem ideia de quando fará a próxima individual?
L.B.: Preciso de um tempo de preparação para escolher o tema, fazer as telas...
Por enquanto estou trabalhando uma linha de objetos como porta CDs, caixinhas, porta-lápis. Faço as gravuras e a empresa Novo Marco aplica no produto. Fica lindo! (risos)
J.C.: Onde pode ser comprado?
L.B.: Em museus, livrarias, no CCBB e outras lojas. Este é um ramo que me interessa. Difundir a imagem é uma tendência, populariza a arte, leva conhecimento, é uma ligação do meu trabalho com o público. De repente a pessoa não pode comprar o quadro e vê a possibilidade de levar a arte para casa embutido em um produto que lhe será útil.
A minha ideia é expandir para outros objetos como bolsas, lenços, talvez estamparia...
E mais, quero viabilizar esse projeto nacionalmente. Pinto a tela das cidades ou algo marcante nelas e aplico a figura no produto.
J.C.: é um trabalho complicado não é?
L.B.: é sim. Tenho que escolher bem a imagem que vou colocar na tela e depois saber se vai ficar boa no produto. Costumo brincar que nem toda tela é fotogênica! (risos) Tem umas que, na hora de virar caixinha, não funcionam. é complicado...
J.C.: Está empenhada em seus produtos. Tem outros projetos?
L.B.: Além da pintura, trabalho com tradução. Estou terminando a revista do carnaval da Mangueira.
J.C.: Voltando ao estilo de pintura, falou que descobriu a denominação do seu estilo em Florença. O realismo mágico está associado ao fato de utilizar a tinta acrílica, o que traz cores vibrantes à tela?
L.B.: Não está associado ao material usado, mas ao fato de você identificar a figura, associando a algo que exista no ambiente, mas com um toque lúdico. Não é o retrato da realidade, mas a impressão do artista sobre ela.
J.C.: Então você escolhe a tinta acrílica para dar mais vida às cores?
L.B.: é (risos). Minhas telas são de terbrim, um material fininho... Geralmente as preparo com tinta branca faço o desenho e passo 15 mãos de tinta para fixar a cor. Isso marca, dá o efeito que quero.
J.C.: Durante muito tempo a arte ficou centralizada. Somente a elite tinha acesso, salvo algumas exceções. Antigamente a tinta óleo era muito usada e básica. Acredita que a mudança para a tinta acrílica ajuda ou ajudou a popularizar a arte, uma vez que o custo do material fica menor?
L.B.: Não sei se foi o objetivo, mas acho que contribuiu sim. A tinta óleo é muito tóxica. Os artistas, antigamente, tinham um ateliê enorme, hoje não é mais fundamental que seja tão grande, basta ter espaço. A acrílica se adapta a realidade moderna. Tenho um ateliê do tamanho de um quarto e não é problema. Trabalho sem alergias e mal estar por causa da tinta... Isso dá mais acesso. O fato de ser diluída em água também ajuda, não sei se popularizando, mas expandindo o mercado. Acho que a pintura deixou de ser uma profissão - onde apenas os artistas praticam -, e passou a ser uma atividade de várias pessoas.
J.C.: Há grandes pintores de arte abstrata. Mas você acredita que o modismo que gira em torno do estilo, hoje, ajudou nesse processo, uma vez que, qualquer pessoa pode pintar um desenho e colocar na parede para compor com o tom da casa, por exemplo?
L.B.: Também ajudou.
J.C.: Você fez uma série com imagens da cidade do Rio. As paisagens são lindas, com certeza não faltou inspiração. O que te inspira? Você tem algum ritual, uma mania na hora de pintar?
L.B.: Tenho o hábito de olhar tudo. Nada passa despercebido. Olho para as coisas buscando a arte. Não faço rascunhos, geralmente anoto o que vejo e pinto baseada na minha lembrança e nas dicas que anotei. Acredito que isso trabalha o lado criativo. O importante é o impacto que a imagem me causa. Coloco na tela a impressão que tive daquilo. Trabalho a familiaridade dos elementos, gosto de conhecer o que estou criando.
Outra coisa: preciso de silêncio, paciência, técnica e truques para saber o que está dando certo e errado em uma tela. Fundamental é ter ideias. O olho do artista é estético. Estamos o tempo todo procurando os elementos que vão caber em uma tela.
J.C.: O que diria a um jovem que quisesse seguir a carreira de artista plástico?
L.B.: A primeira coisa é ter aula. O talento tem que ser educado. Se não tiver condições financeiras aconselho a procurar material na internet - hoje há essa facilidade... Outra coisa é adquirir conhecimento, também, para saber lidar e escolher o material apropriado. Muitas pessoas pecam por desconhecer a vida útil de certo material e perdem o trabalho rapidamente. é importante ser perseverante e saber o que quer, escolher um estilo, independente de qual e manter o rumo.
J.C.: Diante das dificuldades, acredita que o Brasil incentiva mais as artes plásticas do que antigamente?
L.B.: Não. O que se vê, pelo menos aqui no Rio é cada vez menos galerias de arte.
As poucas que sobraram são específicas, contemporâneas na maioria das vezes. O mercado mais tradicional não tem muito espaço hoje.
J.C.: Você é moradora da Gávea. Qual a sua relação com os bairros de Ipanema, Leblon e Copacabana?
L.B.: Adoro as cores, contrastes e significados de todos! São lugares que conheço, por isso gosto de pintar. O mar é maravilhoso! Adoro caminhar na praia. Sou caseira, gosto de ficar isolada, mas não sozinha! (risos).
J.C.: E os EUA?
L.B.: Penso em ficar aqui, mas adoro viajar... Quero voltar lá muitas vezes e gosto de observar tudo nas minhas viagens. Ver as exposições em Nova Iorque. Sempre aprendendo... (risos).

Copyrigth © 2021 . Priscilla Bueno