História de José Joaquim de Queiroz Junior (Juca - Queiroz Jr)


8-12-1870 - Rio de Janeiro . 15-9-1919 - Rio de Janeiro [idade: 49 anos]

   NOTAS


Livro: Os Carneiro de Mendonça

Livro: Queiroz, Borges da Costa, Machado & Palhares - Genealogia e Histórias

- Engenheiro, formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro (depois Escola de Engenharia da UFRJ). 

- Pioneiro da indústria siderúrgica no Brasil e na América Latina.

- Registro de Casamento: freguesia do Engenho Velho livro 12, fls. 62.

- Túmulo 5790 Cemitério São João Batista

- Ficaram noivos em março/abril de 1895 durante uma ida de José Joaquim de Queiroz Junior (a seguir somente JJQJr) ao Rio de Janeiro entre 27 mar e 15 abr 1895. 

- Não localizei a correspondência entre JJQJr e Laura entre 22 set 1895 e 28 abr 1898. Nesse período JJQJr e Laura casaram-se e em 17 ago 1896 nasceu sua primeira filha Anna Amélia, e justamente na ocasião da retomada da correspondência, estão deixando São Paulo, após ter arrematado em leilão da massa falida das Forjas Brasileiras a Usina Esperança, para onde irão se mudar.

- Mudaram-se de Esperança de volta para o Rio no dia 20 de abril de 1913. (diário de Laly p. 42)

500 anos da Metalurgia no Brasil

As primeiras usinas para trabalhar ferro e aço

A Usina Esperança 

Empolgado com os primeiros resultados obtidos pela Escola de Minas de Ouro Preto [de que se falará mais à frente), o geólogo francês Claude Henri Gorceix trouxe para o Brasil o engenheiro metalurgista Joseph Gerspacher que, junto com Amaro da Silveira e o comendador Carlos da Costa Wigg, projetou em 1888, nas proximidades de Itabira do Campo, atual Itabirito, Minas Gerais, um alto forno capaz de produzir até cinco toneladas diárias de ferro. Seus fundadores acreditavam que esses fornos seriam capazes de produzir ferro-gusa com um sistema de recuperação de calor, até então, inédito no Brasil. Foi a primeira grande siderúrgica nacional, pioneira no seu sistema de funcionamento, e também a primeira a produzir tijolos refratários para uso próprio. No entanto, falhas no sistema e capital escasso obrigaram seus administradores a vendê-la à Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros, conglomerado industrial que não foi capaz de manter o forno ativo e acabou falindo. No final do século XIX, Gerspacher e Wigg se uniram novamente para fundar a Usina de Miguel Burnier, outro marco na indústria siderúrgica brasileira, tendo funcionado até o início do século XX. O que restou da Usina Esperança estava hipotecado e foi vendido um ano depois ao engenheiro carioca JJQJr que passou a fabricar ferro utilizando o sistema de altos fornos, após a recuperação do forno-alto, e das oficinas e máquinas completamente abandonadas. Em manuscrito não datado, Laura de Queiroz, esposa do engenheiro, conta que, no início, as dificuldades eram tantas que só a dedicação do marido e sua equipe impediram o fechamento precoce da usina. As primeiras chuvas que desabaram sobre a região, após o reinício das atividades, foram responsáveis pelo surgimento de imensos atoleiros que impediam a circulação de veículos. Foram várias semanas sem que o fornecimento de carvão pudesse ser regularizado por absoluta falta de transporte e, antes que fosse obrigado a parar o forno por absoluta falta de estoque de carvão, JJQJr e seus fiéis operários optaram pela única alternativa que lhes restava: seguiram a pé até a carvoaria mais próxima voltando cada um com um pesado saco às costas. Várias crises financeiras foram enfrentadas até o início da construção de um outro forno-alto com capacidade para 25 toneladas diárias, e mais dois anos de batalha até que, em 1910, o novo forno entrasse em funcionamento. A maior parte do material utilizado era de procedência nacional, inclusive os tijolos refratários, e da equipe de JJQJr constavam apenas dois italianos e um português, os demais eram todos brasileiros. Mas a preferência por produtos estrangeiros, cujo preço ainda era inferior, quase aniquilou mais uma vez o antigo sonho de uma indústria nacional ativa e progressiva. Para melhor aproveitar o novo forno que até então trabalhava com capacidade mínima devido a baixa força motriz, passou a utilizar os gases que ela mesma produzia. Para que isso fosse possível adquiriu um motor de 80 HP e o compressor correspondente que foram ativados em 1911. As crises se agravaram e, sobrecarregado de fretes, sua produção era empilhada em barras de gusa por falta de comprador. Para tentar diminuir seu prejuízo e saldar algumas de suas dívidas vendeu milhares de toneladas de gusa a preço inferior ao seu custo. O esgotamento físico e moral muito contribuíram para a morte de JJQJr., mas a Usina Esperança continuou a produzir mesmo sem ele. Esse talvez possa ser considerado o principal exemplo de persistência e um primeiro grande passo para o desenvolvimento da indústria siderúrgica nacional. 

 - Em 8 set 1883 [Gazeta de Notícias] Resultado dos exames de preparatórios - em francês aprovados plenamente, entre outros, JJQJr.

- Em 26 dez 1883 [Gazeta de Notícias] Colégio São Pedro de Alcântara, em data de 20 do mês corrente, foram apuradas as frequências e exames trimensais de todos os alunos, relativos ao ano letivo de 1883 e conferidos os prêmios que hão de ser distribuídos solenemente no dia 2 de fevereiro, como manda o regulamento: 6 prêmio, entre outros, JJQJr.

- Em 16 out 1884 [Gazeta de Notícias] Serão chamados hoje a exames de preparatórios: em inglês (ao meio dia na escola municipal de São José), entre outros, JJQJr.

- Em 8 nov 1884 [Gazeta de Notícias] Serão hoje chamados para exames de preparatórios: em inglês (às 12 horas, na escola municipal de São José), 2a chamada - entre outros, JJQJr.

- Em 24 nov 1884 [Gazeta de Notícias] Colégio de São Pedro de Alcântara: estatística dos exames prestados pelos alunos deste colégio na instrução pública do Rio de Janeiro no ano de 1884: inglês: aprovado, entre outros, JJQJr.

- Em 22 set 1885 [Gazeta da Tarde] Exames gerais de preparatórios em aritmética, às 11 1/2 horas no colégio Naval (Arsenal da Marinha), entre outros, JJQJr.

- Em 7 mar 1887 [Gazeta de Notícias] Escola Politécnica, hoje às 10 horas da manhã, dar-se-á ponto para prova oral aos seguintes senhores: desenho geométrico e elementar (11 horas), entre outros, JJQJr.

- Em 13 mar 1887 [Gazeta de Notícias] Escola Politécnica, amanhã às 10 horas da manhã, dar-se-á ponto para prova oral aos seguintes senhores: desenho geométrico e elementar (2a. chamada), entre outros, JJQJr.

- Em 27 mar 1887 [Gazeta de Notícias] Escola Politécnica, amanhã às 10 horas dar-se-á ponto para prova oral aos seguintes senhores: álgebra, geometria e trigonometria retilínea, entre outros (2a. chamada), JJQJr.

- Em 30 mar 1887 [Gazeta de Notícias] Na Escola Politécnica o resultado dos exames de ontem foi o seguinte: álgebra, geometria e trigonometria retilínea - aprovado simplesmente: JJQJr.

- Em 10 nov 1887 [Gazeta de Notícias] Escola Politécnica, amanhã dar-se-ão ponto para prova oral aos seguintes senhores: Desenho geométrico e elementar (ao meio dia), entre outros, JJQJr.

- Em 20 nov 1888 [Gazeta de Notícias e Cidade do Rio] O resultado dos exames de ontem na escola Politécnica foi o seguinte: aula do 1 ano do curso geral: aprovado simplesmente: JJQJr.

- Em 12 nov 1889 [O País] Exames, Escola Politécnica - o resultado dos exames realizados ontem na escola Politécnica foi o seguinte: exercícios práticos do 1 ano, entre outros: JJQJr, aprovado simplesmente.

- Em 30 jan 1891 [O Pharol - Juiz de Fora, MG] A Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros, adquiriu as minas da fábrica de ferro Monlevade e o importante estabelecimento metalúrgico de Esperança, ambos nesse estado.

- 11 abr 1891 [Diário do Comércio] Chamada: hoje às 10 horas da manhã dar-se-á ponto na Escola Politécnica para a prova oral dos seguintes senhores: Curso Geral, 2a. cadeira do 2 ano (descritiva, 1a. Parte) 2a. chamada: JJQJr.

- Em 21 nov 1891 [Gazeta de Notícias] Escola Politécnica  hoje às 10 horas da manhã dar-se-á ponto para prova oral aos seguintes senhores: 1a cadeira do 2 ano (mecânica racional), entre outros, JJQJr.

- Em 6 abr 1892 [Gazeta de Notícias] Hoje, quarta feira, 6 do corrente, às 10 horas da manhã, dar-se-á ponto para prova oral aos seguintes senhores: 2a. cadeira do 2 ano [descritiva 1a parte), entre outros, JJQJr.

- Em 8 abr 1892 [Diário do Comércio e O País] Curso geral, 2a cadeira do 2 ano [descritiva 1a parte) aprovados simplesmente, entre outros, JJQJr.

- Em 9 abr 1892 [O País e Gazeta de Notícias] O resultado dos exames efetuados ontem na Escola Politécnica foi o seguinte: 1a cadeira do 2 ano do curso geral (mecânica racional), aprovado simplesmente: JJQJr.

- Em 10 abr 1892 [Gazeta de Notícias] O resultado dos exames na Escola Politécnica, no dia 6 do corrente foi o seguinte: 2a cadeira do 2 ano [descritiva 1a parte) aprovado simplesmente, entre outros, JJQJr.

- Em 13 abr 1892 [Diário do Comércio] Escola Politécnica, hoje às 10 horas da manhã dar-se-á ponto para prova oral dos seguintes senhores: exercícios práticos do 1 ano (construção): entre outros, JJQJr.

- Em 14, 15 e 16 abr 1892 [Diário do Comércio] Escola Politécnica, sábado, 16 do corrente, às 11 horas começará a 1a parte da aula de construção para os alunos, entre outros, JJQJr.

- Em 14 abr 1892 [Gazeta de Notícias e O País] O resultado dos exames de ontem na Escola Politécnica foi o seguinte: exercícios práticos do 1 ano do curso de engenharia civil (construção) aprovado plenamente, entre outros, JJQJr.

- Em 14 jun 1892 [O País] Comissão composta dos senhores JJQJr e Victor de Lamare, entregou a quantia de 1:323$000 da subscrição aberta estre os lentes alunos da Escola Politécnica, para junto com os outros donativos ser aplicada exclusivamente com as criancinhas órfãs por motivo da catástrofe do naufrágio do Solimões.

- Em 5 nov 1892 [Gazeta de Notícias] Na Escola Politécnica às 10 horas da manhã, dar-se-á ponto para prova oral aos seguintes senhores: 2a cadeirado 1 ano [descritiva aplicada) entre outros, JJQJr.

- Em 26 nov 1892 [Diário de Notícias e O País] Exames: o resultado dos exames da Escola Politécnica efetuados ontem foi o seguinte: 2a cadeira do 1 ano [descritiva aplicada) aprovados simplesmente, entre outros, JJQJr.

- Em 30 nov 1892 [Diário de Notícias] Exames, Escola Politécnica, hoje às 10 horas da manhã dar-se-á ponto para prova oral aos seguintes senhores:  2a cadeira do 3 ano (economia política), entre outros, JJQJr.

- Em 1 dez 1892 [Diário de Notícias e O Pais] Exames, Escola Politécnica, o resultado dos exames de ontem foi o seguinte: 2a. cadeira do 3 ano do curso de engenharia civil (economia política), aprovado plenamente, entre outros, JJQJr.

- Em 6 dez 1892 [Gazeta de Notícias] Escola Politécnica, hoje às 10 horas da manhã dar-se-á ponto para prova oral aos seguintes senhores: curso de engenharia civil, 1a. cadeira do 2 ano (estradas): entre outros, JJQJr.

- Em 9 dez 1892 [Diário de Notícias e O País] O resultado dos exames de anteontem da Escola Politécnica foi o seguinte: aula de trabalhos gráfico do 2 ano, desenho de estradas - aprovado plenamente, entre outros, JJQJr. 

- Em 21 out 1893 [Gazeta de Notícias] Escola Politécnica, hoje às 10 horas da manhã serão chamados a exames escritos os alunos abaixo: Curso de engenharia civil - 2a cadeira do 2 ano (máquinas), entre outros, JJQJr.

- Em 22 out 1893 [Gazeta de Notícias] O resultado dos exames prestados ontem da Escola Politécnica foi o seguinte: exercícios práticos da 1a. cadeira do 2 ano do curso de engenharia civil (estradas), aprovados plenamente (entre outros), JJQJr.

- Em 23 out 1893 [O Tempo] Hoje às 10 horas da manhã na Escola Politécnica dar-se-á ponto para a prova escrita da 1a. cadeira do 3 ano do curso de engenharia civil (hidráulica) aos seguintes senhores: JJQJr. 

- Em 18 nov 1893 [Gazeta de Notícias] Escola Politécnica, hoje ao meio dia serão chamados a exame oral os seguintes senhores: exercícios práticos da 1a cadeira do 2 ano do curso de engenharia civil (estradas): entre outros JJQJr.

- Em 1894 formou-se engenheiro civil pela Escola Politécnica no Rio de Janeiro, onde foi colega de turma de André Veríssimo Rebouças (André Rebouças) que o convidou para trabalhar em SP no Primeiro Serviço de águas e Esgotos

- Em 30 mar 1894 Estado de São Paulo, o presidente do Estado, atendendo ao que lhe representou o secretário interino dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, de acordo com a proposta do Dr. diretor da Superintendência de Obras Públicas, nomeia o engenheiro José Joaquim de Queiroz Junior, atual Auxiliar da 1a. seção da mesma Superintendência, para exercer o cargo de segundo ajudante da 3a. Divisão da Repartição dos Serviços Técnicos de águas e Esgotos da Capital, com os vencimentos a que tiver direito na forma da Lei. Palácio do Governo do Estado de São Paulo, Bernardino de Campos

- Em 20 maio 1894 [O Tempo] O resultado dos exames de ontem da Escola Politécnica foi o seguinte: 2a. cadeira do 2 ano do curso de engenharia civil (máquinas), aprovado plenamente, entre outros, JJQJr.

- Em 30 maio de 1894 [O Tempo] O resultado dos exames de ontem na Escola Politécnica foi o seguinte: Aula de trabalhos gráficos do 3 ano do curso de engenharia civil, aprovado plenamente, entre outros, JJQJr.

- Em carta de 21 jul 1894 [para Laura] A minha viagem a Jaú foi um horror, avalia que Jaú é no fim do mundo, quase em confim com Mato Grosso. Saí de São Paulo  às 5 horas com uma enorme geada e fui chegar, coberto de terra-roxa, ao Jaú às 7 ½ da noite; no dia seguinte, apesar do frio sai às 6 horas à cavalo, fiz 6 léguas para visitar o hospital que fui fiscalizar; à 17 vou a Campinas seguindo à 18 para Amparo onde dei começo à construção da minha ponte sobre Camanducaia.

- Em carta de 28 jul 1894 [para Laura] escrevo-te hoje para participar-te a minha viagem à Faxina. Fico imaginando a pena que vou ter de mim por esta medonha viajem porem peço-te que continues a proteger-me com o teu pensamento que espero me acompanhe para que possa ser feliz.  Sigo amanhã para Tatuí onde passarei a noite talvez com Titi que procurarei; no dia seguinte monto à cavalo para fazer 24 léguas até á Faxina, donde vou a S. Miguel Archanjo, donde volta a Tatuí, tendo de seguir até Botucatu e Sorocaba.  é um serviço muito variado e importante pois que tenho que estudar construção de pontes, cadeias, colégios e encarceramentos esperando que tendo como guia o teu puro amor que sempre me acompanha, me será fácil o cumprimento dos deveres.

- Em carta de 13 ago 1894 [para Laura] Não posso te escrever como de costume porque estou bem fatigado das 62 léguas que acabo de fazer ... Peço-te que desculpes essa cartinha que mais parece de um caixeiro de venda do que minha porem estou quase morto de cansaço com as mãos inchadas das rédeas...

- Em carta de 30 ago 1894 [para Laura] A minha viajem à Faxina que prometi-te contar guardo para quando aí for, como já te disse; trouxe de Faxina como lembrança algumas rapaduras de laranja, porem nem a São Paulo chegaram porque foram o meu alimento e de meu camarada durante um dia e uma noite que passei perdido no mato.

- Em carta 20 set 1894 [para Laura] .. porque estou completamente tonto, com olhar cansado e dolorido e sem disposição para coisa alguma. Imagina que ha 4 dias que estou de cama com a estupida influenza, que apesar dos conselhos da Mariquita que tenho seguido a risca, me atacou bem fortemente com muita febre e constante tendo afetado um dos pulmões que está um pouco congestionado.  Tudo isto foi dito pelo D. Niemeyer que é o meu medico porem eu dou um desconto de 50% porque os médicos, em geral, são muito exagerados ...

- Em carta de 29 set 1894 [para Laura] Pela primeira vez, depois que cheguei a São Paulo, trabalhei seriamente, hoje o serviço que fiz chegou ao máximo o que produziu em mim verdadeiro entusiasmo porque me reconheci capaz de qualquer serviço de que possa ser encarregado. Imagina um dia sublimemente belo, em que o sol ilumina com ardência uma grande esplanada sem uma única arvore que possa servir de abrigo, e eu com o arsenal beliar do engenheiro, transito, terra, nível, miras e etc. e meia dúzia de trabalhadores atacando com grande energia o serviço de colocação de tubos que devem levar em breve agua ao bairro da Consolação; pois bem começo o serviço às 6 ½ da manhã e as 4 da tarde, sem perder um momento nem para comer tinha o serviço completamente pronto, e volto para casa cansado porem feliz porque leva agua á grande numero de famílias que lutavam com enormes dificuldades para obtê-la para seus serviços caseiros.

 Agora que terminei esse serviço estou encarregado da construção da Secretaria da Fazenda aqui na capital, porem quero ver se consigo algum serviço no interior de São Paulo porque cada vez mais detesto essa vida tola de São Paulo ...

- Em carta de 3 out 1894 [para Laura] Domingo passado fui à fazenda de Itaicy, aquela que como saber pretendo comprar: voltei de lá verdadeiramente encantado porque é uma pequena porção de paraíso ativado pela mão possante do Criador no centro de São Paulo.  é uma grande esplanada de 150 alqueires sem elevações, completamente verde pela plantação; aparecendo aqui e ali uma punhada de flores da mesma alfafa seu fundo como para coroar esse esplendido panorama, existe um espigão de outra fazenda coberto de café.  Realmente é esse um quadro que encanta quando apreciado de uma pequena casa, situada na única elevação da fazenda.

Se não fosse a grande dificuldade de levantar hoje capitais com certeza que eu trocaria o transito do engenheiro pelo arado do lavrador e iria viver contigo, isolado do resto do mundo que eu detesto, nesse canto onde a natureza quis pintar um dos seus mais sublimes quadros.

- Em carta de 7 out 1894 [para Laura] JJQJr conta que pensava em comprar uma fazenda em Itaici [em Indaiatuba], mas não conseguiu dinheiro com os endinheirados banqueiros.

- Em carta de 4 dez 1894 [para Laura] Hoje era dia de receber sua cartinha tua se não fosse a maldita cólera que vai interceptar a nossa correspondência 

- Em carta de 28 dez 1894 [para Laura] Apesar de estar muitíssimo cansado de fazer 8 léguas [1 légua terrestre = 4.445 m - 8 x 4.445 = 35.560 m (35 km)] à cavalo hoje desde às 5h da manha ...

- Em carta de 10 fev 1895 [para Laura] De noite fui com dois amigos fazer um passeio no Tiete, onde nos demoramos até meia noite na contemplação de um lindíssimo luar que se refletia como em um espelho de cristal puro, nas águas azuladas do rio e tornava como que de prata as areias sobre as quais vinha descansar os seus pálidos raios.

- Em carta de 20 fev 1895 [para Laura] Segunda feira fui a um concerto em benefício das família pobres em consequência do naufrágio da barca terceira. ...Para avaliares de distinção desse .. high-life de São Paulo basta dizer-te que só havia duas pessoas de casaca, Dr. Urbano meu companheiro, e eu, no mais era uma miscelânea de fraques, paletós etc. ... O concerto e sarau literário cujo programa e poesias recitadas mando-te, esteve abaixo da crítica. ... Foi um concerto desastrado, a que a minha posição oficial obrigou a assistir bem contra a minha vontade.

- Em carta de 14  mar 1895 [para Laura] ... Saí de casa de madrugada com uma manhã esplêndida apesar de um pouco fria e fui para o serviço que agora tenho, longe daqui umas 6 léguas; a minha viagem foi um desastre, pois logo que tinha caminhado 1 légua caiu uma grande chuvarada que molhou-me completamente sem impedir que continuasse até o serviço;  quase chegando perto do meu destino em São Bernardo, estrada Vergueiro, fui vítima de uma queda do cavalo que entrou por um atoleiro.  Além do susto e do estado mizeravel em que cheguei em casa,... nada aconteceu. O cavalo ficou no atoleiro por não poder livrá-lo e eu fiz o resto do caminho a pé, debaixo de chuva e quase que vestido de lama. ... A Gioconda que assisti foi estropiada por todos os artistas, menos o tenor Elias, que tem bonita voz e canta com certa expressão tendo conseguido algum sucesso com o primeiro Cielo e mar.  O barítono Barnabá, esteve impossível, porém é de justiça dizer que uma Laura como a que teve a Gioconda, só um Barnabá daqueles! Um horror, simplesmente.  A essa hora deve estar-se cantando a Forza del Destino que eu queria ouvir para prestar atenção no dueto que canto com Carlitos [irmão de JJQJr].

- Em 30 mar 1895 [Governo do Estado de São Paulo] O Presidente do Estado, atendendo ao que lhe representou o Secretário interino dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, de acordo com a proposta do Dr. Diretor da Superintendência de Obras Públicas, nomeia o Engenheiro José Joaquim de Queiroz Junior, atual Auxiliar da 1a Seção da mesma Superintendência, para exercer o cargo de 2o Ajudante da 3a. Divisão da Repartição dos Serviços Técnicos de águas e Esgotos da Capital, com os vencimentos a que tiver direito na forma da Lei.  Palácio do Governo do Estado de São Paulo, 30 de março de 1895 - Bernardino de Campos 

- Em carta de 21 abr 1895 [para Laura] Estou um pouco arrependido de ter trocado de lugar porque se ganho mais, em compensação tenho trabalho triplicado. Estou assentando linha telefônica que ligue todos os nossos serviços.  A extensão a servir é de 40 quilômetros, por aí podes ver quanto serviço.

- Em carta de 23 maio 1895 [para Laura] - Hoje é dia santo, dia em que o governo do Estado nos obriga ao descanso, desobedecendo ele à lei fundamental da República, é o dia do tédio, da tristeza, do spleen para aqueles que, como eu, se encontram em São Paulo, tendo como divertimento o trabalho, penso com tristeza em ti, nos que me são caros e impossibilitado de transportar-me até aí, deixo que meu espírito transponha a cada momento essa centena de léguas que nos separa e se sinta feliz a teu lado, confiante em teu puro amor. ... fui sozinho dar um passeio a um arrabalde que nunca tinha visitado - Higienópolis.  Que belo passeio!  Depois de quase uma hora de bond, chega-se a uma esplêndida alameda tendo em cada lado uma série de árvores que se estendem por alguns quilômetros tendo sempre entre si 3 metros de distância, que fazem a avenida Higienópolis.  De um e de outro lado da avenida a vista é simplesmente divina; do lado esquerdo é uma campina infinita que corre sob nossos olhos até longe a perder de vista quando se confunde com o horizonte limitando a curiosidade dos nossos olhares; aí não há a vegetação magestiva e gigante das nossas montanhas, mas é no tabuleiro no qual se encontram todas as belas nuances de verde, desde verde claro símbolo da esperança até o verde negro dos mares revoltos, ameaçadores da tempestade.  Aqui e ali por essas campinas afora a cada passo, um bando compacto de perdizes levanta e vai para logo em seguida pousar como se fossem lenços de água pardacenta violentamente batidos por forte ventania. Do,lado direito a vista descobre os arrabaldes da cidade com suas pequenas casinhas, quase sempre brancas ou amarelas, em um conjunto admirável que me faz lembrar o que nós apreciamos uma vez quando fizemos um pic-nic no Silvestre.

- Em carta de 4 jun 1895 [para Laura] Shakespeare é para mim o único homem que estudou com verdade os variados sentimentos humanos, por isso as suas obras são notáveis e dignas da ciência social e podem servir de modelo no ensinamento do que necessita a  nossa sociedade.

 - Em carta de 1 maio 1898 [para Laura] atribulado com a mudança de São Paulo para o Rio: Vejo que não posso despedir-me de todos senão pela imprensa. Parece pilhéria, mas não é!...

- Em carta de 3 maio de 1898 [para Laura] Vendi mais o tapete por 30 réis, o porta chapéu por 25, o armário dispensa, por 60 r. e creio vender o piano por 2.600$000 o que será um belo negócio.

- Em telegrama de 6 maio 1898 [para Laura]: sigo noturno dia 6.

- Em 21 maio 1899 [O País], 25 maio [Cidade do Rio] 26 e 28 maio [O País] Anúncios: Importante e grande leilão de todo o acervo da Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros em liquidação forçada. Grandes fundições de ferro e bronze, maquinismo aperfeiçoados. Elviro Caldas, devidamente autorizado, venderá em leilão, quarta feira 24 do corrente ao meio dia, na rua São Pedro, 302 a 312, todos os bens que formam o acervo da Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros em liquidação forçada constante da arrecadação. inclusive os bens de hipoteca ao Banco da República do Brasil.

- Em 6 jun 1899 (Minas Gerais) O importante estabelecimento industrial de Itabira do Campo, denominado Usina Esperança, fundado há tempos para a fundição de aço, ferro gusa e bronze, e que se achava fechado devido a embaraços comerciais, vai ser de novo aberto ficando a sua direção debaixo das vistas do engenheiros Queiroz Junior e major Ximenes Villeroy.

- 24 jun 1899 (Minas Gerais) Expediente da cidade de Minas, dia 23, Dr. JJQJr, propondo compra dos materiais da linha de Decauville - não convém à Prefeitura a proposta que faz o signatário.

- Em 15 ago 1899 recebeu diploma de sócio benfeitor da Escola São José, localizada em Pedro Leopoldo, MG.

- Em carta de Esperança 3 set 1899 [para Laura] Grande momento vai por aqui com a fundição que começa ao meio dia, razão pela qual escrevo antes do almoço, tendo já ido ao fim da linha que já está pronta e por onde já desce o minério.

- Atestado em 21 out 1901 - Atestamos que o ferro gusa da Usina Esperança tornou-se ultimamente, pelo novo processo de seu preparo, de qualidade muito superior comparável ao ferro gusa Govan número 1 de primeira qualidade, sem desvantagem. Em tempos fundimo-lho em obras grossa e fina, saindo perfeito só a obra grossa e a obra fina em péssimas condições. Hoje não sucede o mesmo: em qualquer obra dá o desejado resultado, e sendo assim o consumimos de preferência ao estrangeiro, não só por preencher o mesmo fim amplamente, como também pela modicidade de seu preço.

O que acima dito é a expressão da verdade. 

Rio de Janeiro, 21 de outubro de 1901

Maraú Ferreira e Cia

- Em carta de 8 nov 1901 [para Laura] Aqui (Esperança) tudo na mesma. Nossa Horta tem progredido muito, principalmente as batatas, milho e feijão

- Em bilhete de 18 maio 1902 [para Laura] Peço-te tirar uma prova da chapa de balaustres para grades hoje, para estar pronta logo à noite.

- Em carta de 14 jun 1902 [para Laura] A fundição que se fez em 11 foi muito infeliz pois o cubilot encravou e o que se fundiu foi quase pura  perda - são xxx  de oficinas que se encomendam  sempre; o que verifico é que o trabalho é muito para um só, de modo  que o serviço sofre um pouco com minha ausência.

- Em carta de 30 out 1902 [Anna Machado para Laura] Fiquei um pouco animada sabendo que o Morro Velho tem pretensão sobre a Usina quem sabe se vai desta vez, tenho alguma esperança que o Juca faça negócio com os ingleses e fique livre disso, Deus permita, e que ele tenha bastante lucro.

- Em carta de 30 dez 1902 [Anna Machado para Laura] Sinto bastante que o Juca esteja assim amofinado e aborrecido com os negócios da Usina, pois é preciso ele ter paciência e não estar  se matando e estragando a sua saúde, Deus há de proteger e ele terá sossego.

- Em carta de 22 jan 1903 [Anna Palhares Machado para sua filha Laura) Estimei muito saber que o Juca foi convidado pelo Chalmers para ir almoçar com ele, peço a Deus que ele se decida a ficar com a Usina e que o Juca tenha muito bom resultado.

- Em carta de 29 jan 1903 [de Laura] Sobre os teus negócios, não sei se terei competência mas sei que tenho direito de esposa e de muito tua amiga, de aconselhar-te que liquides de qualquer forma a sociedade com o Senhor Leandro. Nunca pensei que ele fosse tão desleal. Em último caso, acho que deves propor-lhe a liquidação judicial da firma, pois papai diz que não perdes nada com isso, e, como maior credor, ficarás sendo o liquidante e não precisarás parar os trabalhos aqui.

- Em carta de 17 maio 1903 [de Laura] O teu filho mais velho (quero dizer o maior) continua na sua marcha normal; agora mesmo estou olhando para lá, satisfeita de ver sair da chaminé o tal vapor, ligeiramente bleuatre [azulada].

- Em carta de 11 nov 1903 [de Laura] Desejo que tudo te corra bem aí e que possas em breve fornecer muitas 50 toneladas a 120$000 rs.

- Em carta de 18 nov de 1903 [para Laura] O forno vai caminhando lentamente, e tenho tido pedidos de ferro sempre. Ainda Hoje um dos pedidos 120 tons! Imagina o quanto me contraria em não poder servir, não arranjar meios de construir outro alto forno. O que fazer? Ter resignação de Cristo e conformar-me com os desígnios   x e firmes da sorte!

- Em carta de 23 nov de 1903 [para Laura] Sábado tivemos como de costume uma fundição de 3.000 K que saiu bem; tem aparecido muito trabalho de fundição - o Prefeito pede mais 100 tanques de água x e eu sem ferro para fundi-las já.

- Em 19 dez 1903 Morro Velho - Ilmo. Exmo. Sr.  Dr.  JJQJr - Usina Esperança - Amigo e senhor - Tenho a honra de comunicar a V.Sa. que pretendo dar um baile no dia 24 deste mês no salão da cia, começando às  oito horas. Terei grande prazer em ser honrado com a presença de V. Sa. e a sua Exma. família. Sou com toda estima e consideração de V.Sa. - G Chalmers [George Chalmes - presidente da Usina de Morro Velho]

- Em carta de 8 jan 1904[de Laura] Manda-me dizer se o forno está pronto e quando pretendes acendê-lo pois estou ansiosa por saber para daqui ver-te em imaginação alegre com o bom êxito de teus esforços e sacrifícios. Sinto bem não poder assistir à primeira corrida.

- Em carta de 11 jan 1904 [de Laura] Volto ao teu spleen [baço, mau humor, raiva, hipocondria, melancolia], que na carta de 9 manifesta-se tão intenso, e não imaginas quanto me aflige ver-te nesse estado de espírito, produto do teu pessimismo, que tenho ainda esperança de ver, senão extinto de todo, ao menos bem arrefecido. Lembro-te agora uma frase que é muito boa: - é preciso reagir pelo cérebro - Quando estiveres com um desses acessos, lembra-te que muito em breve terás aí a teu lado para te afastar da imaginação esses pensamentos,  e animar-te com carinhosos beijos a sempre tua Laura 

- Em carta de 14 jan de 1904 [para Laura] O forno ficou pronto nesse momento, 1 e meia da tarde, já o estou enchendo com lenha para esquentar.

- Em carta de 15 jan 1904 [de Laura] Aqui tenho tua cartinha [de 14 dizes tu, mas creio ser de 13) recebida ontem e que felizmente é portadora de boas notícias de tua saúde e dá-me a boa nova de estar pronto o forno pelo que muito te felicito, desejando que ... tudo com a maior felicidade.  Achei graça na coincidência de o carregares amanhã que é dia de anos de Titi, que tem paixão pela Usina.

- Em carta de 17 jan 1904 [de Laura] Dou-te os parabéns pelo bom êxito da luz elétrica; imagino como isso ficará bonito à noite, e em 20 jan 1904: estou ansiosa por ver a luz elétrica; faço ideia nossa casinha como fica linda.

- Em carta de 17 abr 1904 [de Laura] ... a correia tem se portado brilhantemente, desde que partiste conserva-se a mesma e as cargas estão no normal: falta 1/4 para 1 e contei há pouco 17. Em 29 abr 1904: São 2 menos 10 - 22 cargas. Em 11 maio 1904: o forno está de todo restabelecido de seu ligeiro incômodo: escória branca, ferro de primeira e 21 cargas às 2 horas.

- Em carta de 23 mar 1905 [de Laura]  Felicito-te pela boa marcha do forno e pelas 20 [tons] da Mecânica; creio que já saíram neste mês perto de 200 [tons], não?

- Em carta de 6 abr 1905 [de Laura] Ontem à noite falamos sobre o câmbio estar subindo, e eu lembrei-me que isso era bem mau para a Usina, e disse a papai que imaginava como estarias aborrecido com isso. Que maçada, até o Hime suspender as remessas mensais!..

- Em carta de 15 abr 1905 [de Laura] Tua cartinha de ontem tranquiliza-me quanto à tua viagem, mas não me satisfaz o que dizes sobre a tua saúde. Já previa que a influenza que te atacou não cedesse com o vinho que tomaste, e, por minha vontade não terias partido sem melhorar, mas o que fazer? Quando a usina manda, eu não sou ninguém. Parece incrível que não tenham feito serviço algum na tua ausência. Realmente isso é pior que ser escravo! Os escravos tinham sempre uma esperança de liberdade e a tua escravidão é um verdadeiro beco sem saída.

- Em carta de 16 abr 1905 [de Laura] Aqui é uma maçada de visitas todos os dias; hoje estiveram a Gracinda Abreu e o Juquinha que trouxe para as crianças uma dúzia de peras. Está rico, não há dúvida...

- Em 17 fev 1906 [Gazeta de Notícias] A Sul América, conforme noticiamos realizou-se ontem à 1 hora da tarde o sorteio das apólices do sistema de amortização semestral da Companhia de Seguros de Vida Sul América. As apólices sorteadas, de Rs10:000$ cada uma, foram, entre outras, 18088, Dr. JJQJr, Usina Esperança, Minas Gerais.

- Em carta de 7 ago 1906 [de Laura] Incomoda-me bem a tua falta de apetite, sinal de não perfeita saúde.  Deves tomar água inglesa ou algum outro fortificante.  é preciso cuidado em tua saúde para que possas continuas essa luta esperançosa. Salvar ao menos o físico do abatimento em que ficou teu moral.

- Em carta de 23 abr 1907 [de Laura] Estiveram aqui para jantar D. Carlotinha e Sr.  Henrique [Tribolet, o pintor], Sr.  Adolpho [Simonsen], Octávio [Simonsen] e Lili. Eugênio [Gudin] almoçou pois começou ontem a tomar conta do trabalho da noite no mangue. Todos te mandaram lembranças.

- Em carta de 29 maio 1907 [de Laura] A data de hoje é memorável para nós. Terminaste, há 13 anos, os estudos e começaste a lutar para conquista da felicidade que até hoje gozamos e que espero gozaremos ainda muitos e muitos anos. Aceita por esse motivo um abraço todo particular.

- Em carta de 19 jul 1908 Nessa data as cartas de JJQJr para Laura passam a ser datilografadas: Como tenho que falar-te sobre assunto um tanto sério e hoje o tempo é um pouco mais elástico que nos dias de semana e temo que a minha letra te vá cacetear para ser compreendido, esta vai à máquina.... Assim a demora é, posso garantir, do correio aí no Rio. Em todo caso essa demora teve a vantagem: poderes por ti mesma avaliar o quanto me amofina, me contraria, me mortifica, o passar sem carta tua aqui, lembrando-te que tu tens sobre mim a enorme vantagem de teres em tua companhia tua mãe, teu pai e tuas irmãs e nossas caras filhinhas, enquanto que eu tenho o mundo de isolamento em torno de mim e por companhia rara, os gatos e costumada, o trabalho! é enorme me parece a minha desvantagem! Podes ter a mais plena e absoluta certeza que nenhum motivo, salvo a morte brusca, me impede de escrever-te diariamente e por enquanto e espero que sempre, minha saúde mantêm-se inalterável.

- Em 1909 e 1910 [Almanak do Rio de Janeiro] Engenheiros civis e militares: JJQJr, avenida Central, 124, membro do Club de Engenharia.

 - Em 8 ago 1909 [O País] A comissão de finanças da Câmara ouviu ontem a opinião do engenheiro JJQJr, da Usina Esperança, sobre a indústria do ferro.  Aquele engenheiro expôs o seu modo de ver sobre o assunto, estabelecendo desde logo a desapropriação como base indispensável para o desenvolvimento dessa indústria no Brasil.

- Em 26 jun 1910 [O País] Movimento dos tribunais, Justiça Federal, 4a sessão originária em 25 jun 1910: Distribuição de recursos extraordinários em Minas Gerais: N. 660 Recorrente: JJQJr, recorrido: The São João d'El Rey Mining Company Limited - ao Sr. Godofredo Cunha.

 

Hino à Indústria do Ferro 

cantado pelos filhos dos operários da Usina Esperança, em 11 abr 1910, por ocasião da inauguração do alto-forno construído por JJQJr.

Entre palmas e flores saudemos

Este dia risonho e feliz,

E hino alacre de gloria entoemos

à indústria do nosso País!

estribilho:

Entoemos um hino ao trabalho

Ao trabalho que nos dá o pão!

Ao bater ribombante do malho

Entoemos a nossa canção!

 

Trabalhando com toda a energia,

Chegaremos por fim à grandeza.

Esta indústria que então principia.

Fará breve da Pátria a riqueza!

estribilho:

Não percamos jamais a esperança

Que mantém nosso ardor juvenil,

Esse amor que nos guia não cansa:

é o amor pelo nosso Brasil

 

- Em 1909, 1911 [Almanak do Rio de Janeiro] JJQJr, rua General Câmara, 45, engenheiro civil, proprietário da Usina Esperança, fábrica de ferro gusa.

- Em 1911 e 1912[Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro] JJQJr, engenheiro civil proprietário da Usina Esperança, fábrica de ferro gusa.

- Em carta de 23 set 1911 [para Laura] Os fornos marcham admiravelmente e têm produzido 20 toneladas. O minério tem vindo 3 carros por dia, mas ao que parece não chega ainda.  Em 24 set 1911: Posso te dizer que vai tudo muito bem e que o motor trabalha admiravelmente o que o forno n. 1 dá 2 corridas de 18 lingotes por dia e o n. 2 dá 3 sendo 2 de 19 e uma de 17. Isto em peso deve regular-se mais ou menos 20 toneladas o que já é alguma coisa. Em 27 set 1911: A produção dos fornos que é já mui regular, tende a aumentar. Ontem o n. 1 deu também 3 corridas de 15 lingotes.  

- Em carta de 28 set 1911[para Laura] Christiano diz-me que D. Julia não está dando bem em São Paulo e que precisa de um clima menos húmido. Escrevi-lhe dizendo que se achasse conveniente, aqui estávamos para eles passarem uma temporada. Creio que não desaprovará a minha resolução. Eu a tomei, desejoso de concorrer no possível para sossego do Christiano e porque me pareceu encerrar essa confidência uma que espécie de meio de me procurar de novo para vir me auxiliar aqui. 

Não tem fundamento positivo esta minha simples hipótese, entretanto desejo ouvir tua opinião a respeito admitindo que ela se possa realizar.

Não há dúvida que a Usina entra agora em uma fase de pleno desenvolvimento e que muito breve terei que executar novos trabalhos aqui, que esse desenvolvimento importa em aumento enorme de trabalho e preocupações, preocupações e trabalhos que não podem ser evitados mas que poder ser diminuídos para mim. Além disso há a considerar a situação em que estou com os negócios de meu pai aos quais eu terei que prestar de qualquer modo, a máxima atenção possível, estando quase obrigado pelo lado moral a tentar meios de assumir a chefia da casa Queiroz Moreira.  Nesta situação eu preciso fatalmente de uma pessoa que me possa auxiliar aqui e na qual eu possa depositar completa confiança.  Três pessoas considero em meus projetos: Christiano, Larena e Alberto. Ao Christiano que reúne maiores vantagens do que os outros, eu não posso nem devo propor qualquer negócio neste sentido, mas nada impede que se a proposta partir dele eu a considere.  Por isto preciso de teu modo de pensar a respeito, franco e positivo.

Larena tem por si a grande prática de oficinas, conhecimento de escritório e da gente desta zona.  Está na Europa e não sei se de volta, os seus negócios em Sete Lagoas permitirão a vinda dele para cá.

Resta Alberto. é claro que eu tenho o maior desejo de ver se consigo transformá-lo de um bon vivant em um homem de trabalho como sou. Ele porém tem por si apenas inteligência e honestidade, mas contra si o seu temperamento ainda ardente, os seus hábitos de vida tão diversos dos nossos e dos daqui, além de uma altivez um pouco extravagante e difícil de ser dominada. Seria difícil, mas não impossível, fazer nele a transformação que desejo para aproveitá-lo e trazê-lo ao bom caminho agora que falta o papai para contê-lo um pouco. Não deixarei de tentar o que for possível desde que se apresente a oportunidade.  Ele deve estar aí nos fins de outubro se atender, como espero, a minha carta. Então terei ocasião de conversar com ele seriamente.

Feitas estas considerações, eu te peço conversares comigo por carta a respeito. 

- Em carta de 9 out 1911[para Laura] é inútil dizer-te que vim muito saudoso e bem contrariado por não ser possível esperar a teu lado a chegada do nosso principezinho.

- Em carta de 11 out 1911 [para Laura] Tenho a responder uma carta de Corvée, que vai junto. Peço-te responderes e mandares para passar a limpo.  Responde como entenderes, mas dizendo que não recebi carta da Societé e que mesmo que recebesse nada tinha a prorrogar pois a opção que fiz foi a Fontaine, Turot e Bouvard, nenhum negócio tendo com a Societé.  Diz também que estou resolvido a não tratar nenhum negócio com opção pois não é possível viver sempre só a opções; e em 15 out 1911: A carta escrita por ti a Corvée traduziu perfeitissimamente o meu pensamento.  Passei a limpo sem a mais pequena alteração, guardando a que escrevestes no meu arquivo, como cópia. Prestastes-me um admirável serviço.

 

Amor Filial 

1911

Anna Amelia de Queiroz

 

Amor filial, fulgente estrela

Do céu de nosso coração!

Nossa alegria mais singela!

Nossa primeira pulsação!

 

Na tempestade, na procela

Da mais cruel desilusão,

Só tu sorris, fulgente estrela

No céu de nosso coração!

 

Tu és um ninho de esperança,

és uma fonte de bonança

Amor filial, sublime amor!

 

Quando se apagam à porfia

As mil estrelas de alegria,

Só tu conservas teu fulgor!

 

Esperança

à meus pais

Tijuca dez 1911

Anna Amelia de Queiroz

 

Tem o suave nome de Esperança

Este risonho e alegre lugarejo

Aqui passei meus anos de criança

Aqui eu vivo e aqui morrer desejo.

 

Entre verdes montanhas situada,

é nossa casa um ninho de alegria;

Canta-lhe em roda a alegre passarada

Do raiar da manhã ao fim do dia.

 

As andorinhas, doces companheiras,

Povoam toda a beira do telhado;

Aó chilreiam as manhã inteiras

Junto ao ninho, seu único cuidado.

 

No jardim, grandes árvores frondosas

Soltam ao vento as folhas como fitas;

Crescem nas cascas velhas e rugosas

Verdes musgos e belas parasitas.

 

à sua sombra estendem-se os canteiros,

Onde vicejam flores policromas;

As roseiras em flor e os jasmineiros

Embalsamam o ar com seus aromas.

 

Aqui vivemos num socêgo eterno,

Numa eterna harmonia deliciosa                          

 

- Em 1913 [Anuário de Minas Gerais] A produção geral do Estado de Minas Gerais nos três reinos da natureza e na lavoura, industrias e manufaturas é muito abundante e variada. São estes, por ordem alfabética os gêneros e artigos da grande e pequena produção mineira, dos quais em sua máxima parte cogitam as pautas do fisco estadual para cobrar sobre eles os respectivos impostos de exportação.

1. águas minerais das afamadas fontes naturais (...)

10. Artefatos vários de ferro (chapas, colheres, enxadas, foices, machados, cravos, freios, ferraduras, esporas, armações diversas, etc.), entre outras, Usina Esperança (eng. JJQJr). (...) Uma propriedade de um capitalista brasileiro, a Usina Wigg, está situada na estação de Burnier, da E.F. Central do Brasil e funcionou durante muitos anos sob a direção do Sr. Dr. Domingos Rocha, competente profissional e lente da Escola de Minas.  A outra demora à margem da mesma estrada de ferro, na estação da Esperança, no próspero distrito de Itabira e é propriedade do Sr. Dr. JJQJr (Usina Esperança). Em ambas as jazidas de ferro são de excelente qualidade e pela sua enorme extensão quase inesgotáveis. A exportação do minério e do ferro gusa há muito que está sendo feita em profusão e com regularidade para o Rio, São Paulo, etc. (...) Observaremos que uma das indústrias que se desenvolvem em Itabira, não encontra similar em todo o Brasil: referimo-nos à adiantada Usina Esperança, fábrica e fundição de ferro gusa de propriedade do engenheiro JJQJr. (...) E agora que por generosa acolhida de um pedido oportuno os ilustres industriais Srs. engenheiros Queiroz Junior e Domingos Rocha, se prontificaram a mandar fundir gratuitamente as placas comemorativas do bicentenário ouro-pretano, não será demais que das Usinas Esperança e Wigg saiam também moldados em bronze ou ferro os escudos de armas de Vila Rica, o brasão histórico de Minas Gerais e as armas que deveria conter a bandeira da Inconfidência Mineira, etc.

- Em carta de 8 maio 1913 [de Anna Amelia] Não tive tempo para mandar-te prevenir sobre a Aleluia que o Novelli levou ontem, só soube antes de ontem.  No domingo levam Pão Alheio em matinée. Hoje é Luiz IX. Só soube ontem. Napoleão vai sempre e faz as descrições como podes imaginar. Agora a influência é o football. O Roberto nos convidou para a partida de sábado passado Paissandu versus Fluminense. Não fomos porque as primas foram embora nesse dia. Em 10 maio 1913 [JJQJr para Anna Amélia] Li o anúncio da matineé amanhã com o Pão Alheio e já escrevi ontem a mamãe para ir com vocês e tia Bijou. Agarra-te com ela para que ela se resolva. Acho que devem ir não só porque o gozo intelectual compensa o sacrifício, como pelo anúncio, é a única matineé da temporada.

- Em 11 maio 1913, Itabira do Campo - Sr.  Dr. Queiroz - Serviços clínicos dentários executados em 3 pessoas de sua família.

4  restaurações, sendo 3 a granito e uma a platina - 90$000

10 obturações a granito - 100$000

3 incrustações a ouro - 60$000

Tratamento e extração de um cálculo no canal - 50$000

Uma extração - 10$000

Soma - 310$000

Nelson Gonçalves

 - Em carta de 28 maio 1913 [para Laura] Verificarei hoje a noite no jornal se Hamlet vai na sexta feira pelo Zaconi. Se estiver anunciado, irei amanhã de noturno e iremos ao Municipal vê-lo.  Aí chegando sexta, digamos ao meio dia, poderei dormir umas 2 horas e estarei pronto para ir posar essa página sublime de Chico Espirra que deve ter uma interpretação assombrosa por Zaconi. Poderei voltar pelo noturno de sábado ou de domingo (mais certo no domingo, não achas?). é um pequeno sacrifício que fica compensado pelo prazer de estar contigo dois ou três dias, pelo gosto intelectual que teremos e pelo prazer que daremos assim, às nossas duas grandalhonas.

- Em carta de 15 jun 1913 [para Laura] Vai também o livro Mana Silvéria que sei tens curiosidade de ler. Recomendo-te não permitires que as meninas o leiam e que não o deixes ao alcance delas. é um belo estudo de atavismo, mas pela suas páginas de um realismo enorme, não pode, nem deve ser lido pelas nossas filhinhas.

- Em 29 abr 1914 [O Século] O Supremo Tribunal Federal reuniu-se hoje em sessão ordinária. Quando deixamos o Tribunal apenas havia sido julgado um agravo de petição de Minas Gerais, de que é agravante embargante o Dr. JJQJr e agravada e embargada a St. John D'El-Rey Mining Co.  Relatou o feito o ministro Oliveira Ribeiro, sendo rejeitados os embargos.

- Em carta de 2 jul 1915 [de Laura] O Fábio Mendonça chamou Annie hoje e perguntou se estavas aqui, que o Henrique precisa falar-te. Annie respondeu que logo que chegasses, avisaria.

- Em carta de 12 jul 1915 [para Laura] O frio entendeu de contrariar-me hoje e o termômetro marca 1/2 grau abaixo de zero e são 7 1/4!!! Apesar desse frio besta, vou, como te disse, a Belo Horizonte com a ideia fixa de voltar hoje mesmo, aguentando o frio da tarde. 

- Em carta de 27 ago 1915 [de João Penteado, agente da Usina Esperança em São Paulo, para Laura] Eu e minha família desejamos com toda sinceridade a sua perfeita saúde e de todos os seus. Aqui esteve o Dr. Queiroz, apensa um dia, regressando para essa no dia seguinte ao de sua chegada e devo-lhe dizer com máxima franqueza que só nos deixou saudades e cada vez que com ele convivo, mais se firma a nossa amizade, de bom, sincero e verdadeiro amigo que ele é, amizade que tanto me honra, reconhecendo mesmo que ela é hoje em dia tão rara entre os homens destes tempos, é que lhe dirijo esta, fazendo uma intriguinha! Trata-se do seguinte: O meu bom amigo, seu digno esposo, anda doente, felizmente sem gravidade, no entanto é preciso, é indispensável, um tratamento mais sério do que ele está tendo. Bom cidadão como ele é, raro amigo, esposo digno e exemplar chefe de família, a sua vida torna-se muito preciosa e a devemos querer vê-la conservada como o avaro quer o seu tesouro.  Eu também sofro do mesmo mal, não tenho os meus rins em bom funcionamento, com a diferença que eu me trato o quanto me é possível, ao passo que ele não liga. Queira aceitar e transmitir aos seus as lembranças da minha família e dispor do criado respeitoso, João Penteado

- Em carta de 18 set 1915 [para Laura] Eu continuo melhor do tal peso das pernas. Agora que já passou, posso dizer-te que passei bem mal na semana passada, principalmente os dias 12 e 13, com o peso enorme que sentia nas pernas, acrescido de umas dores bem sensíveis na cintura, creio que nos rins. Vi-me abarbado para conseguir andar um pouquinho e só o consegui com o auxílio precioso de uma bengala e para subir a escada da nossa casinha, com o auxílio das mãos, ou melhor de quatro pés. Durou pouco este estado, empreguei o meu processo de cura pela reação cerebral com o qual dei-me muito bem. Este processo auxiliado, talvez, pelas cápsulas, tem me dado ótimo e bem sensível resultado. Custa-me bastante obedecer ao desejo das pernas em caminhar devagar e as forço alguma coisa procurando um meio termo entre o desejo delas e o meu de andar ligeiro. Vai-se conseguindo conformar os dois desejos.

- Em 1916 [Relatório dos Presidentes dos Estados Brasileiros - Minas Gerais] Siderurgia: Existem atualmente três altos fornos a carvão de madeira, para fabricação de ferro gusa, sendo dois da Usina Esperança e um da Usina Wigg.  A Usina Esperança, sob a firma Queiroz Junior & Comp, está em plena atividade, explorando o fabrico do ferro gusa, objetos de fonte em segunda fusão, objetos de bronze.  Está aparelhada pois, para os trabalhos mecânicos em ferro e bronze.  Foram anexadas, por arrendamento, à Usina Esperança, as instalações siderúrgicas de Miguel Burnier, pertencentes ao Sr. comendador Carlos Wigg, e agora os três fornos reunidos poderão dar diariamente uma produção de 40 toneladas de ferro fundido. Em 1915 esta Usina produziu 3.279,280 toneladas, em 1916 - 4.257,240 toneladas de ferro gusa exportadas principalmente para os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.  Trabalha atualmente com cerca de 300 c.v. e 412 homens operários.

- Em carta de 4 maio 1916 [Laura para suas irmãs] Usina Esperança, 

Queridas Manas, Há já muitos dias que tenho vontade de escrever longamente a vocês, mas não imaginam como tenho trabalhado com o Juca, pois ele vendo que não pode mesmo continuar a tomar conta da Usina, resolveu-se a passar a gerência a um amigo dele que foi gerente da Usina Wigg e que sabendo que ele está doente e desanimado, veio cá oferecer-se para vir substituí-lo. Temos estado a fazer o balanço de tudo que há aqui para o Juca saber o entrega e o outro o que receba. O negócio é muito bom para nós; só contando de viva voz. Sobre a saúde dele, não vejo melhora nenhuma, ao contrário infelizmente cada dia acho que os sintomas mais se acentuam. Só Deus é que sabe o que é agora a minha triste vida. Estou aflita que o novo gerente venha para ver se posso fazer o Juca entrar num tratamento rigoroso. Fiquei bem incomodada com o que me contam sobre a pena d'água. Se pudesse vocês estariam bem sossegadas a todos os respeitos. Vamos ver se as coisas endireitam agora. Já basta a desgraça enorme de ver o Juca assim.

Ontem ele estava muito apresado com o que temos que escrever, que eu é que escrevo tudo pois ele mal pode assinar o nome tão trêmulas e sem tato estão as mãos! Como vi que lhe faz falta, mandei a Laly escrever para que uma de vocês fale com o Carlos no telefone para perguntar onde e em, que dia ele deixa $50.000. Espero que o negócio fique resolvido no domingo quando vem cá outra vez o novo gerente e então resolvemos a nossa ida até aí que creio será breve. Estou aproveitando o tempo que o Juca está no banho para escrever, mas sempre assustada, com medo que ele caia.

Não imaginam como estão as pernas! Muitos abraços a todos para papai, vocês e Edgar.

Mil beijos de Jujuca. Aqui fica saudosa e triste, Laura

[Por motivo de sua doença - Mal de Charcot - uma referência ao famoso médico e cientista francês Jean-Martin Charcot, o primeiro a determinar as características essenciais para o reconhecimento da ELA - Esclerose Lateral Amiotrófica, mudaram-se de volta para o Rio de Janeiro indo morar por um tempo na casa dos pais de Laura, na Tijuca, e depois num pequeno chalé no número 88 da Praia de Botafogo mudando-se depois para o no número 210, onde faleceu]. 

- Em carta de 2 jul 1916 [Anna Amélia para Marcos] Papai está como deixaste: estado geral regular, mas com enorme dificuldade de andar. Quando vieres provavelmente já estarei na Praia de Botafogo, os volumes da Usina já chegaram.

- Em carta de 24 set 1917 [Anna Amélia para Marcos] Coitado de papai, acho-o cada dia pior, está tão abatido e falando tão mal!

- Em 1918 [Relatório dos Presidentes dos Estados Brasileiros - Minas Gerais] Em Minas a fabricação de ferro em forno alto a carvão de madeira tende a tomar incremento tendo para isso muito concorrido a alta do fonte nacional que de 80$000 passou a 300$000 a tonelada.  O antigo forno alto situado em Miguel Burnier, pertencente ao Sr. comendador Carlos Wigg e arrendado pela firma Queiroz Junior & Comp., está há alguns meses em franca atividade produzindo cerca de 15 toneladas de fonte diariamente depois de completamente remodeladas e providas as suas instalações de aparelhos modernos. Com os dois outros fornos pertencentes à mesma firma e há muito trabalhando na Esperança, eleva-se atualmente a produção de gusa no Estado a 40 toneladas diárias.

 

A Meu Pai

antes de 15 set 1919

Anna Amelia de Queiroz Carneiro de Mendonça

 

Feriu-o rudemente a aspérrima batalha

Do Mundo: vai morrer, parece morto já,

Mas o corpo sem vida uma alma inda agasalha,

Inda brilha esse olhar que a morte apagará.

 

Sofreu! Viu desfazer-se em pó, malha por malha

A alva teia do ideal, o oasis na terra má;

Mas a obra que deixou - prêmio de quem trabalha,

é o próprio mausoléu que o imortalizará.

 

Sabe que vai morrer; não o amedronta a morte.

O espírito sem mancha, a alma serena e forte

Deixa, serenamente, a forma transitória.

 

Mas lê-se em seu olhar, dolorido e tristonho

Que entrevê, oscilando, o derradeiro sonho.

A paz do campo santo e o túmulo da glória.

 

- Em 16 set 1919 [O País] Anúncio fúnebre: Laura Machado de Queiroz, suas filhas, Marcos Carneiro de Mendonça, sua senhora, Carlos de Queiroz, senhora e filhos, Alberto de Queiroz e filha, Luiz Machado e família, Christiano Machado e família, participam aos seus parentes e amigos o falecimento do seu querido esposo, pai, sogro, irmão, genro e cunhado, Dr. JJQJr e os convidam para acompanhar o seu corpo ao cemitério de São João Batista saindo o féretro da praia de Botafogo, número 210, hoje às 17 horas.

- Em 16 set 1919 [A Notícia] O falecimento do engenheiro Queiroz Junior - O seu enterramento - Em sua residência à praia de Botafogo, faleceu ontem o Sr. Dr. José Joaquim de Queiroz Junior, engenheiro distinto, dono da Usina Esperança e irmão do nosso ex-companheiro de trabalho, Dr. Alberto de Queiroz.  O Sr. Queiroz Junior pelo seu esforço e ilustração, conseguiu impor-se a estima de todos que se interessam pelo desenvolvimento de nosso país.  Consagrando toda sua vida ao trabalho, o extinto adquiriu por compra a Usina Esperança, estado de Minas, tendo durante dezessete anos empregado nela todo seu esforço sacrificando bens de fortuna e mocidade.  O Dr. Queiroz Junior projetou e construiu sem auxílio de quem quer que fosse, um alto forno de vinte toneladas de capacidade e que tanto concorreu para suavizar a terrível fase por que passou a nossa indústria durante os calamitosos dias de guerra.  Lutando sempre o Dr. Queiroz não desanimou um só instante, terminou vencendo e, como último conforto teve a satisfação de ver a sua obra em plena prosperidade. O Sr. JJ de Queiroz Junior faleceu aos 48 anos de idade, deixando viúva a Sra. D. Laura Machado de Queiroz e três filhas sendo a mais velha casada com o Sr. Marcos Carneiro de Mendonça.  O seu enterramento realiza-se hoje às 5 horas, saindo o féretro da sua residência para o cemitério de São João Batista.

- Em 16 set 1919 [A Rua] Falecimentos - faleceu ontem às 19 horas à praia de Botafogo, 210, o engenheiro civil Dr. JJ de Queiroz Junior.   O finado deixa viúva e três filhas, uma das quais esposa do Sr. Marcos de Mendonça.

- Em 16 set 1919 [Correio da Manhã, Gazeta de Notícias, O Imparcial, O Jornal, O País] Anúncio fúnebre: Engenheiro JJ de Queiroz Junior - Laura Machado de Queiroz, suas filhas, Marcos Carneiro de Mendonça e sua mulher, Carlos de Queiroz, senhora e filhos, Alberto de Queiroz e filha, Luiz Machado e família, Christiano Machado e família, participam a seus amigos e parentes o falecimento de seu querido esposo, pai, sogro, irmão, genro e cunhado, Dr. JJ de Queiroz Junior, e convidam para acompanharem o seu enterramento ao cemitério São João Batista, hoje às 5 horas da tarde, saindo o féretro da praia de Botafogo n. 210.

- Em 16 set 1919 [Correio da Manhã, Diário Popular, Gazeta de Notícias, O Imparcial, Jornal do Comércio, O País, A Tribuna] Faleceu ontem às 7 horas da noite em sua residência à praia de Botafogo n. 210, o engenheiro civil, Dr. JJ de Queiroz Junior, proprietário da Usina Esperança, fábrica de ferro gusa.  O extinto dedicou toda sua atividade à indústria siderúrgica, assunto em que se tornou notável.  Deixa viúva e três filhas, das quais a mais velha é casada com o Sr. Marcos Carneiro de Mendonça. Faleceu aos 48 anos de idade.

- Em 16 set 1919 [Jornal do Comércio - da tarde] Falecimentos: Engenheiro JJ de Queiroz Junior - Aos 48 anos de idade faleceu ontem em sua residência à praia de Botafogo, o engenheiro civil Sr. José Joaquim de Queiroz Junior.  Pelo seu espírito de iniciativa, patriotismo e amor ao trabalho, o Dr. JJ de Queiroz Junior tornara-se credor de grande estima e da admiração de quantos se interessam sinceramente pelo desenvolvimento econômico do Brasil.  Toda a sua vida foi consagrada ao trabalho.  Adquiriu por compra a Usina Esperança, no estado de Minas, então paralisada e durante 17 anos nela empregou o melhor dos seus esforços, sacrificando bens de fortuna e mocidade.  Acabou vencendo na luta ingente, mas já então o prostara a pertinaz moléstia que o vitimara e que foi talvez contraída à boca dos altos fornos da sua grande Usina.  O Dr. Queiroz Junior projetou e construiu sem auxílio de quem quer que fosse, um alto forno de 2 [sic] toneladas de capacidade e que tanto concorreu para para suavizar a fase difícil que a indústria atravessou durante a guerra.  O Dr. Queiroz Junior teve como último conforto no seu ponto de vista industrial, a satisfação de ver a sua obra em plena prosperidade, graças aos seus esforços e à inteligência de dois amigos inseparáveis que, na firma Queiroz Junior & C., seguem...   Deixa viúva D. Laura Machado de Queiroz e três filhas, das quais a mais velha é esposa do Sr. Marcos Carneiro de Mendonça.  O seu enterramento terá lugar hoje no cemitério de São João Batista, saindo o féretro da praia de Botafogo, 210, às 5 horas da tarde.

- Em 17 set 1919 [Estado de Minas] A morte do Dr. Queiroz Junior. fundador e diretor da Usina Esperança, cobre de luto Minas e o Brasil.  Bem poucos homens terão dado um exemplo tão alto de trabalho perseverante, de energia e tenacidade na realização de um programa como o inditoso industrial que, através de dificuldades, lutando com o denodo que só os espíritos superiores possuem, criou a indústria do ferro e fundou um estabelecimento modelar, que lhe perpetuará a memória.  Podendo ter empregado sua atividade e utilizado sua competência em iniciativas menos aleatórias e que exigiriam esforço muito menor, Queiroz Junior votou-se inteiramente ao êxito da sua usina, isolou-se no recanto em que a estabelecera, curtiu dissabores, sofreu revezes, esteve prestes a soçobrar na peleja.  Mas venceu, e sua vitória foi estupenda.  A morte arrebatando-o em pleno triunfo, priva-o das recompensas a que fizera jus.  Mas o seu nome não desaparecerá da recordação dos contemporâneos e há de passar às gerações futuras como um símbolo de trabalho e de honra e um exemplo de raro valor entre os homens úteis de nossa terra.

- Em 17 set 1919 [Gazeta de Notícias, O Imparcial, Jornal do Comércio, Minas Gerais, O Jornal, O País] Realizou-se ontem às 5 horas da tarde, no cemitério de São João Batista, o enterramento do ilustre engenheiro e industrial JJ de Queiroz Junior, proprietário da Usina Esperança e que foi no nosso país, o pioneiro da indústria siderúrgica.  Entre as inúmeras coroas que cobriam o coche fúnebre e dois automóveis, conseguimos notas as seguintes: Para o meu Juca, a imensa saudade da sempre sua Laura; Ao seu muito querido pai a eterna saudade de Anni e Marcos; Ao muito amado papai, saudades das suas Laly e Jujuca; Ao querido irmãos e tio, saudosa lembrança de Bijou e filhos; Ao incomparável irmão e amigo, o Alberto; Ao bom e caro irmão e tio, recordações de Carlos, Mercedes e filhos; Ao nosso bom Juca, as melhores recordações de seu sogro e cunhadas; Ao Dr. Queiroz, saudade da família Buarque; Saudades de Alberto Mendonça; Ao prezado amigo Dr. Queiroz Junior, saudades de João Penteado e família; Ao seu sócio e amigo, homenagem de Queiroz Junior & C.; Ao Dr. Queiroz Junior, homenagem da família Rache; Ao Dr. Queiroz Junior, homenagem da Fundição Americana; Ao Dr. Queiroz Junior, homenagem da família Muniz; Ao seu inesquecível chefe, a Usina Esperança.  Entre as pessoas presentes conseguimos ver: Dr. Gonzaga de Campos, por si e pelo Sr. Ministro da Agricultura; Dr. Ennes de Souza, por si e pelo Club de Engenharia; Dr. Theófilo Torres e família; Dr. Lisboa Coutinho. Jorge Saulis. Dr. Manoel Buarque de Macedo e família; Dr. Edgard Gordilho, Dr. Alberto Flores, Gustavo Bailly, Dr. Gomes Lins, Claudino Munis e família, Antônio Coutinho Pereira, Domingos Rache e família, Alberto Carneiro de Mendonça, Henrique Carneiro de Mendonça e senhora; Dr. Gualter Macedo Soares; Dr. Augusto Guimarães; Marietta Guimarães; João Candido Canal; Dr. Mario Liberale e senhora; Fonseca de Almeida & C.; Queiroz Moreira & C.; Dr. Christiano Ottoni e senhora; Eugênio Haddock Lobo e família; Adalgisa Bastos; Corina Azevedo; viúva Antônio Paes e filhos; Thomaz Silva e família; viúva Limpo de Abreu; Maurício Limpo de Abreu; Adolpho Simonsen; Alice e Vera Simonsen; Laura da Fonseca e Silva; viúva Laura Steele; Antônio Portella Lobo; Luiz Carneiro de Mendonça; Augusto Muniz; João Eduardo Burgun, Francisco Castello Branco e filhos; Manoel Pereira; Carlos França e senhora; Maria Joanna Palhares; engenheiro Benot Aszimières; Thadeu Rangel Pestana; Casemiro Teixeira Lixa; Joaquim de Queiroz Costa; Eugênio Agostini e família; general Portilio Bentes; Deborah Bentes; Viúva Tribolet; Francisca Palhares Soares da Silva; Antônio Ramalho; Júlia Romaguera Sanchez; Dr. Christiano Machado e senhora; Dr. João Penteado representado pelo Dr. Christiano Machado; viúva Masset; Elisa e Aida Bastos, viúva Palhares e filha; Adriano Fernandes e senhora; Dr. José Buarque de Macedo, viúva Manoel Buarque de Almeida, engenheiro Eduardo da Silva Porto; Conrado Niemeyer; Dr. Sergio de Almeida Magalhães; Dr. Fábio Carneiro de Mendonça; Gil Vicente de Souza; Paulo Gomes de Mattos; Violetta Silveira da Motta; Helena Porciúncula; Mathilde Bracet Branconol; Virgínia Brandão; Dr. Borges da Conceição e senhora; Dr. Simão Woods de Lacerda, Alexina Marietta Pereira Guimarães; Marietta Borges Conceição; Marcello Agostini; João Paes; Bruno de Almeida Magalhães; Mario e José Luiz Moura e muitas outras pessoas.

- Em 22 set 1919 [Correio da Manhã, A Noite] Anúncio fúnebre:  a viúva do engenheiro JJQJr e filhas, Marcos Carneiro de Mendonça, mulher e filha, Carlos de Queiroz e família, Julia de Queiroz Moura e filhos, Dr. Alberto de Queiroz, Luiz Alves Pereira Machado e filhas, Dr. Christiano Machado e família (ausentes), convidam aos parentes e amigos do seu querido morto Dr. JJQJr, para assistirem à missa de sétimo dia do seu falecimento, que será rezada hoje, terça feira, 23 do corrente. às 9 1/2 horas na igreja do Carmo

- Em 23 set 1919 [O Imparcial] Anúncio fúnebre:  a viúva do engenheiro JJQJr e filhas, Marcos Carneiro de Mendonça, mulher e filha, Carlos de Queiroz e família, Julia de Queiroz Moura e filhos, Dr. Alberto de Queiroz, Luiz Alves Pereira Machado e filhas, Dr. Christiano Machado e família (ausentes), convidam aos parentes e amigos do seu querido morto Dr. JJQJr, para assistirem à missa de sétimo dia do seu falecimento, que será rezada hoje, terça feira, 23 do corrente. às 9 1/2 horas na igreja do Carmo.

- Em 25 set 1919 [A época] Liquidações: O Dr. Souza Gomes, juiz da 4a. Vara Civil, devido ao falecimento do sócio JJQJr e a requerimento dos sócios Claudino Muniz Coelho e Mario Rache, declarou ontem em liquidação a firma Queiroz Junior & C, estabelecida com uma usina na estação de Esperança em Minas Gerais

- Em 15 jan 1920 [O País] Os sócios da Usina Queiroz Jr. eram: a viúva, D. Laura, Mario Rache (que faleceu em jul 1927), Claudino Moniz Coelho da Silva,  Marcos Carneiro de Mendonça e Laura Margarida de Queiroz [Laly].

- Em 1923 [Relatório dos Presidentes dos Estados Brasileiros - Minas Gerais] Siderurgia: A Usina Queiroz Junior Limitada dispõe de dois altos fornos na antiga e tradicional Usina Esperança e outro na Estação de Burnier, todos em atividade.

- Em 1925 [Relatório dos Presidentes dos Estados Brasileiros - Minas Gerais] Siderurgia: A iniciativa particular tem se desenvolvido neste ramo da indústria. Estão em franca atividade os fornos de Esperança e Burnier, pertencentes à Companhia Queiroz Junior, produzindo, respectivamente 30 e 17 toneladas de gusa por dia.

- Em 1926 [Relatório dos Presidentes dos Estados Brasileiros - Minas Gerais] Siderurgia: A Companhia Queiroz Junior Limitada continua a manter as usinas de Esperança e Burnier.  A Usina Esperança, que produziu 9.835 toneladas de gusa em 1925, possui dois fornos altos com capacidade para 30 toneladas diárias; a usina de Burnier, cujo forno alto tem a capacidade de 17 toneladas diárias, produziu 4.761 toneladas de gusa em 1925.

- Em 11 abr 1929 [O País] O pioneiro da indústria do ferro no Brasil - Realiza-se hoje em Esperança, no estado de Minas Gerais, a inauguração na principal praça da vila, do busto do Dr. JJQJr, impulsionador do progresso da Usina Esperança e pioneiro da indústria do ferro no Brasil. O Dr. Queiroz Junior faleceu em 1919 no Rio de Janeiro. A cerimônia de hoje prende-se à comemoração do 19 aniversário da inauguração do alto forno construído por aquele engenheiro patrício na usina que hoje tem o seu nome. Para assistir à inauguração do busto, acham-se em Esperança a viúva Queiroz Junior e seus genros e filhos, Srs. Marcos de Mendonça e a poetisa Anna Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça, comandante Joaquim Costa e Sra. Laura Margarida de Queiroz Costa, e senhorita Maria José de Queiroz, além do comandante Humberto Braga, sócio da Usina Esperança e outras personalidades de destaque.

- Em 15 set 1929 [Correio da Manhã] Engenheiro JJQJr - 10 aniversário: Laura Machado de Queiroz e filha (ausentes), Marcos Carneiro de Mendonça, senhora e filhos, comandante Joaquim Costa e senhora (ausentes) e Alberto de Queiroz, convidam a todos os seus parentes e amigos para assistir à missa que fazem rezar no altar mor da matriz da Candelária, amanhã, segunda feira, 16 do corrente às 9 horas em intenção ao 10 aniversário da morte de seu inesquecível esposo, pai, sogro, avô e irmão, engenheiro JJQJr.

- Em 3 dez 1932 [Correio da Manhã] Junta Comercial, sessão de 1 de dezembro de 1932, Distrato, de Usina Queiroz Junior Limitada, retiram-se os sócios Laura Machado de Queiroz, recebendo a importância de 700:000$000, Claudino Moniz Coelho da Silva, recebendo a importância de 100:000$000 e Humberto Garcia Braga, recebendo a importância de 80:000$000, ficando com o ativo e passivo os sócios Marcos Carneiro de Mendonça e Joaquim Costa.

- Em 10 jul 1936 - Contrato de arrendamento de terrenos sitos no estado da Bahia, comarca de Caravelas, denominados Ostras, Barra Nova, Riacho Doce e Velhas, que entre si fazem de uma parte José Moreira da Silva Lobo, Queiroz Moreira & Cia., Carlos de Queiroz, Dr. Alberto de Queiroz, Dr. José Joaquim de Queiroz Junior e D. Julia de Queiroz Moura e da outra parte, Jacintho Antunes Mourão, todos residentes nesta capital, de acordo com as cláusulas seguintes: (1) José Moreira da Silva Lobo, possuidor de um lote de terrenos no estado da Bahia, comarca de Caravelas, intitulado OSTRAS; Queiroz Moreira & Cia, possuidores de dois terrenos no mesmo estado e na mesma comarca de Caravelas, denominados BARRA NOVA e RIACHO DOCE, e Carlos Queiroz, Dr. Alberto de Queiroz, Dr. José Joaquim de Queiroz Junior e D. Julia de Queiroz Moura, donos por herança de um lote de terreno no mesmo estado e na mesma comarca, conhecido por VELHAS, por este instrumento particular declaram ceder a Jacintho Antunes Mourão o direito de explorar a extrair minérios de AREIAS MONAZíTICAS contidos nos nos mencionados terrenos que medem, como consta da planta anexa, 496 hectares, 12 ares e 26 centares, cada um. (2) Os outorgantes arrendam ao outorgado os aludidos terrenos pelo prazo de 15 anos mediante o pagamento de RS40$000 (quarenta mil réis) por tonelada de areias monazíticas extraídas.....

- Em 8 dez 1970

A marca de um pioneiro

Milton Campos

As comemorações de centenário de nascimento, hoje tão em uso, são a oportunidade para se recordar a vida daqueles que deixaram de sua passagem pelo mundo um traço de grandeza ou de benemerência.  Os parentes e amigos lembram o homem na saudade que deixou o seu convívio ou na imagem que dele ficou.  Os mais distantes lembram a obra, testemunho objetivo de sua capacidade e de sua cooperação na vida coletiva.

Assim está acontecendo em relação ao engenheiro José Joaquim de Queiroz Junior, nascido a 8 de dezembro de 1870 no Rio de Janeiro, num sobradão junto do sugestivo Largo do Boticário.  A família que ele formou com os mais desvelados primores, recorda-lhes a figura humana - o homem do trabalho que nos serões familiares aconchegado aos seus, infundia o amor às letras e o gosto das artes, especialmente do teatro. Reminiscência talvez da mocidade quando o seu entusiasmo pela arte dramática quase o levou a acompanhar o ator Brazão, que viera de Portugal para récitas no Rio de Janeiro.  Por aí possivelmente se explica a figura literária de sua filha Anna Amelia, como também a posição destacada de sua neta Barbara Heliodora na crítica de teatro entre nós.

Mas não é só a família, sua obra-prima, que tem o que recordar da sua figura humana. A história da economia mineira reserva-lhe lugar da maior importância como um dos pioneiros da moderna siderurgia entre nós. Não é preciso encarecer o significado desse setor de trabalho e produção para o nosso desenvolvimento.  Aproveitar as dádivas da natureza por meio do engenho humano, principalmente na chamada Zona Metalúrgica, é o caminho indicado pelos economistas para nos emancipar da pobreza em que caímos.

Precisamente nesse setor o engenheiro Queiroz Junior foi pioneiro através da Usina de Esperança, que hoje tem o seu nome, em Itabirito.  Marcos Carneiro de Mendonça, seu genro e consagrado pesquisador da nossa História, conta-nos como foi.  A tentativa da instalação ali de um alto forno a carvão de madeira, datava de 1881, mas não conseguiria êxito.  O grupo iniciador teve  de passar a Usina à Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros, organizada ao tempo do Encilhamento, logo no começo da República.  Malograda a empresa, seu acervo foi adjudicado ao Banco da Lavoura e do Comércio no Rio de Janeiro, cujo diretor, o Comendador José Joaquim de Queiroz, convocou o filho engenheiro para dirigir a Usina.  E assim conclui Marcos Carneiro de Mendonça, esse capítulo de sua conferência proferida em 1956, no Primeiro Seminário de Estudos Mineiros, na UMG, sobre "A Economia Mineira no Século XIX". "Essa circunstância levou o engenheiro José Joaquim de Queiroz Junior a tornar-se pioneiro da siderurgia em nosso país, pela bravura, competência, especial dedicação e patriotismo com que praticamente só, enfrentou todas as dificuldades e vicissitudes que em Esperança se lhe deparara, desde o ano de 1899 até o ano de 1916, em que por grave moléstia que o abateu em 1919, deixou de trabalhar".

Quem vê hoje a Usina com suas línguas de fogo incendiando as noites mineiras, não calcula o que ela custou de esforços e sacrifícios ao engenheiro Queiroz Junior. A partir de 1899, quando assumiu a direção do alto forno apenas iniciados, até  1911, quando se inaugurou no local o primeiro alto forno de estrutura metálica no país, ele preparou os primeiros operários especializados, os mestres, os forneiros, os fundidores, sem cuja mão-de-obra aprimorada não se teria obtido o admirável resultado que enfim se alcançou.  Era a têmpera do pioneiro, afrontando todos os embaraços para realizar um plano que tinha as dimensões de um ideal.

Sua vida foi curta - não chegou aos quarenta e nove anos. Mas foi cheia de benemerência e merece ser lembrada reverentemente pela gerações de hoje.

- Em artigo de 8 dez 1970 - Jornal do Brasil - Carlos Drumond de Andrade - Festa de Família

Com emoção velada na voz, Anna Amelia convida para rápida viagem a Minas:

Hoje, em Itabirito. inaugura-se o Museu do Ferro.

Já tínhamos o Museu do Ouro, em Sabará, e o Museu do Diamante em Diamantina. Faltava este, para integrar o conjunto comemorativo de aspectos fundamentais da economia mineira. E será dos três o que, fixando coisas do passado, lhe acrescentará imagens atuais, de extração e transformação industrial do ferro.  Ouro e diamante foram. O ferro é.  Este minério "precioso e rude" continua sustentando Minas em grande parte, para não falar nos saldos que proporciona ao Brasil, como exportação.

E por que a emoção percebida na voz de Anna Amelia? Porque ela - a ilustre Sra. Anna Amelia Queiroz Carneiro de Mendonça, poeta, tradutora de Shakespeare, criadora da Casa do Estudante do Brasil - vê através dos objetos desse novo Museu, o semblante de seu pai, que precisamente hoje faria 100 anos, e foi o mais notável trabalhador do ferro em Minas Gerais, no começo deste século.

A inauguração do Museu da Prefeitura é, pois, um dos atos que marcam o centenário de nascimento do engenheiro José Joaquim de Queiroz Junior, pioneiro da moderna siderurgia no país.  Queiroz Junior foi encontrar em Itabirito um alto-forno entregue às baratas, e soprou-lhe vida.  Tocou para frente a produção de ferro gusa, montou uma fundição e em 1911 inaugurou o primeiro alto-forno chapeado, que até hoje continua mandando brasa.  A usina que tem o seu nome, chamava-se antes Esperança, e não passaria disto se não fosse o poder criativo do engenheiro, que abriu um capítulo novo na siderurgia nacional. R nacional mesmo, pelo tipo de empresa privada de capital brasileiro a que ele deu vigor, sabe lá removendo quantas pedras no caminho.

Em consequência, Queiroz falecido há 61 anos, quando contava apenas 48 de idade, é figura venerada em Itabirito: nome, não só de usina, mas também de avenida e de escola técnica primorosa.

Fico sonhando com a especial homenagem que poderia ser prestada à sua memória: a preservação do histórico, belo e agressivo pico de Itabirito (o de Cauê, hélas! virou fumaça e não adianta pranteá-lo).  é uma figura extraordinária, que domina a paisagem da região, depois de haver orientado o rumo aos bandeirantes. Queiroz era dos engenheiros sensíveis à graça da terra, como o seu colega mais jovem Miran de Barros Latif, que no Conselho Consultivo da DPHAN tanto lutou pela conservação do pico, apontando o caminho para conciliar o interesse econômico e o respeito à natureza. Será sonhar demasiado, Anna Amelia?

De qualquer modo, festa de centenário para quem, como o cronista, já pode avaliar mais ou menos a duração de um século (coisa que não é dada a brotos, habitantes do minuto), significa motivo de grata confraternização.  Sou mais parente de seres e coisas que completaram este limite nobre do que de outros que apenas soletram a vida.  E centenário em Minas, ligado às artes do ferro, toca particularmente este nativo de um lugar onde o Barão de Eschwege, pioneiro da fabricação de ferro líquido no Brasil, como o demonstra Marcos de Mendonça, viu em funcionamento "uma espécie de forno de peito fechado, cujo ar era fornecido por um grande fole de couro, acionado por uma roda d'água, que acionava também o engenho de serra"...  Festa de família, portanto, a que me atrevo de participar pelo coração, se Anna Amelia, sempre tão fidalga, me permite.

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No diário de Laly (sua filha Laura Margarida), na página 95 ela menciona que o pai morreu de Mal de Charcot.

Amiotrofica Esclerose Lateral (Branca disse em email de 28 mar 2004)


 

Álbuns


Residências - Marques de Abrantes - a casa

Rua Marquês de Abrantes, 189 - Casa para onde se mudaram Laura Machado Queiroz, após a morte de seu marido José Joaquim de Queiroz Junior, suas filhas Anna Amelia e o marido Marcos Carneiro de Mendonça e a filha nascida em 1918 Marcia, Laura Margarida (Laly), Maria José (Jujuca), e as irmãs de Laura, Margarida, Maria Luiza e América.

26 fotografias.

Anna Amelia & Laly



26 fotografias.

Usina Esperança (Queiroz Jr.) & Gagé e Bonga

Com a morte do Engenheiro José Joaquim de Queiroz Junior, o nome da Usina Esperança passou a ser Usina Queiroz Jr., no entanto, em família, sempre nos referimos a ela somente como: Usina, ou Esperança ou Usina Esperança.

170 fotografias.


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