História de Rossini Gonçalves Maranhão


5-3-1914 - Carolina . 11-8-1983 - Rio de Janeiro [idade: 69 anos]

   NOTAS


Livro: Os Carneiro de Mendonça

Livro: Queiroz, Borges da Costa, Machado & Palhares - Genealogia e Histórias

Livro: Os descendentes de José do Rêgo Trigueiro e Flora Francelina do Rêgo Maranhão - Genealogia e Histórias

- Cemitério São João Batista; túmulo  23.148 da quadra 13.

- Missa de 7 dia, quarta feira 17 ago 1983, às 11:30 horas, na antiga Catedral, rua 1(primeiro) de Março esquina de Sete de Setembro.

- Funcionário Público Federal - Ministério da Fazenda (38 anos; promoções: todas por merecimento; tempo de serviço em chefias: 12 anos)

- 1938 - Diploma de cirurgião-dentista

- Em 6 jan 1939 [A Batalha, Correio da Manhã, Diário Carioca e Gazeta de Notícias] decretos assinados pelo presidente da República na pasta da Fazenda: nomeado Rossini Gonçalves Maranhão para a Delegacia Fiscal de Minas Gerais.

- Em 6 jun 1940 [O Imparcial] pelo avião Electra da Panair do Brasil, chegaram de Belo Horizonte: entre outros, Rossini Gonçalves Maranhão.

- Em 11 nov 1940 [O Imparcial] Viajantes -  Pelos aviões da Panair do Brasil partem hoje para Belo Horizonte, entre outros, Rossini Gonçalves Maranhão.

- Em 12 nov 1940 [O Imparcial] Viajantes - Pelos aviões da Panair do Brasil chegaram procedentes de Belo Horizonte, entre outros: Rossini Gonçalves Maranhão.

- Em 28 dez 1941 [Diário de Notícias] Notícias do DASP: direito prescrito - Rossini Gonçalves Maranhão, escriturário classe E do Ministério da Fazenda, solicitou modificação do critério mandado adotar para a contagem de antiguidade de classe.  Examinando o assunto o DASP verificou de início estar prescrito o direito de o interessado pleitear na esfera administrativa, motivo pelo qual deixou de entrar no exame da matéria.

- Em 13 jan 1943 [Gazeta de Notícias] Atos do Chefe do Governo na pasta da Fazenda: promoção de escriturários da classe E para classe F, entre outros: Rossini Gonçalves Maranhão.

- Em 15 dez 1943 [A Manhã] Fazenda, nova lotação dos órgãos do Ministério da Fazenda. O diretor geral da Fazenda Nacional resolveu por portaria ontem baixada instituir a Comissão de Lotação que sob a assistência técnica do DASP deverá organizar até 29 fev 1944 a lotação numérica e nominal dos órgãos integrantes do Ministério da Fazenda. Para comporem a referida comissão foram designados os seguintes funcionários: presidente ..., contador... e escriturário Rossini Gonçalves Maranhão.

- 1944 / 1945 [A Tarde, Carolina, MA] Rossini Gonçalves. Por telegrama particular que nos foi mostrado, soubemos ter sido o nosso distinto conterrâneo Rossini Gonçalves designado para Chefe da Seção Financeira do Serviço do Pessoal do Ministério da Fazenda, por S. Excia o titular da respectiva pasta.  A brilhante carreira que de poucos anos a esta parte vem realizando como fazendário o Dr. Rossini Gonçalves Maranhão, corresponde perfeitamente às qualidades de caráter e de intelecto de que é portador, e graças às quais desfruta da grande e merecida confiança do Sr. Ministro da Fazenda.  Cumprimentamo-lo pelo feliz acesso, como ao seu querido genitor e nosso amigo cel. Diógenes Gonçalves, agente da Cruzeiro do Sul nesta cidade.

- Em 22 maio 1945 [Correio da Manhã] Decretos na Fazenda, o Sr.  Getúlio Vargas assinou os seguintes decretos na pasta da Fazenda: promoção de escriturários da classe F para a classe G, entre outros: Rossini Gonçalves Maranhão. Membro da Comissão de Lotação do Ministério da Fazenda.

- Em 22 set 1945 [A Manhã, Gazeta de Notícias e Diário de Notícias] decretos do governo - o presidente da República assinou os seguintes decretos - Fazenda - Rossini Gonçalves Maranhão, escriturário classe G do Tesouro Nacional, para a Alfândega do Rio de Janeiro.

- Em 1949 / 1950 - Guarda-mor da Alfândega de Belém, PA.

- Em 8 jun 1951 [Diário de Notícias] atos do presidente da República - na pasta da Fazenda: concedendo dispensa a Rossini Gonçalves Maranhão da função de Auxiliar de Guarda-mor da Alfândega do Rio de Janeiro e designando-o para exercer a função de inspetor da Alfândega de Porto Alegre.

- Em 1951 / 1955 - Inspetor da Alfândega de Porto Alegre. Nessa função obteve em 1953 o diploma conferido pelo Ministro Horácio Láfer, ao primeiro lugar dentre as Repartições que apresentaram o maior índice de Crescimento de Arrecadação, no 2 (Segundo) Congresso de Arrecadação realizado em 29 de janeiro.

- Em 2 fev 1955 [Diário de Notícias] atos do presidente da República: assinou decretos na pasta da Fazenda dispensando de inspetor da Alfândega de Porto Alegre o oficial administrativo classe O, Rossini Gonçalves Maranhão, e designando-o como Guarda-mor da Alfândega do Rio de Janeiro. 

- Em 2 fev 1955 [Jornal do Brasil] O Sr. Rossini Gonçalves Maranhão nomeado Guarda-mor da Alfândega do Rio de Janeiro - Assinou o presidente da República decreto nomeando o Sr. Rossini Gonçalves Maranhão para Guarda-mor da Alfândega do Rio de Janeiro. Ele exercia as funções de Guarda-mor da Alfândega de Porto Alegre.

- Em 1956 / 1957 - Chefe do Serviço de Importação Aérea da Alfândega do Rio de Janeiro.

- Em 2 ago 1956 - Missão reservada: No dia 2 de agosto de 1956 viajou para Belém do Pará em missão reservada do Ministro da Fazenda levando a seguinte credencial:  Declaro que Rossini Gonçalves Maranhão, Chefe do Serviço de Importação Aérea da Alfândega do Rio de Janeiro viaja como meu observador pessoal, podendo manter entendimentos verbais ou por escrito com todas as autoridades federais, estaduais e municipais no Estado do Pará, em meu nome e adotar as providências que forem necessárias ao bom desempenho de sua missão reservada, ligada a assunto de importação irregular de qualquer natureza. (a) José Maria Alkmim, Ministro da Fazenda.

- Em 2 set 1956 [Correio da Manhã] Interceptado o barco contrabandista - Belém - acompanhados do Sr.  Vitor Guimarães da Alfândega local e de outro guarda aduaneiro, de um sargento e soldados da FAB, os Srs. Murilo Noronha e Rossini Gonçalves Maranhão, funcionários da Alfândega do Rio, realizaram recentemente uma incursão à costa do extremo norte tendo apreendido  na altura do cabo Baguarií, um barco carregado de whiskey e de fardos de camisas de nylon contrabandeados de Caiena.  Ainda abordaram outro barco, este de Macapá, que conduzia outras mercadorias entre as quais um ventilador grande e máquinas de costura. O whisky e demais mercadorias desse contrabando estão na Alfândega.

- Em 1958 - Serviu durante 3 meses na Delegacia do Tesouro Brasileiro em Nova York, USA.

- Em 1960 - Chefe do Posto Fiscal Aduaneiro de Brasília, DF.

- Em 1960 - Chefe do Posto Fiscal Aduaneiro de Campinas, SP.

- Em 9 jun 1961 [Correio da Manhã] Aduanas conjugam-se em vasto plano de combate ao contrabando - Programa - "Cumprindo programa traçado pela Direção Geral da Fazenda Nacional em consonância com instruções do ministro Clemente Mariani estamos ativando o serviço aduaneiro, procurando dar-lhe novo vigor, com o objetivo precípuo de combate sem tréguas à fraude", declarou o Sr. Luiz Vicente de Ouro Preto, diretor das Rendas Aduaneiras, ao ser ouvido sobre os motivos  de sua estada em Brasília, juntamente com o Sr.  Rossini Gonçalves Maranhão, Chefe da Estação Aduaneira de Importação Aérea em São Paulo, SP, por convocação do Sr.  Affonso Almiro, diretor geral da Fazenda Nacional.

- Em 13 jun 1961 [Correio da Manhã] serviço uniforme de fiscalização aduaneira para os aeroportos: "Obedecendo à orientação traçada pela Direção Nacional da Fazenda Nacional e Diretoria das Rendas Aduaneiras, estamos estudando o modo de uniformizar o serviço de fiscalização nos aeroportos, a fim de imprimir-lhe caráter nacional"- foi como se expressou o chefe da Estação Aduaneira de Importação Aérea de São Paulo, Sr.  Rossini Gonçalves Maranhão, falando sobre os propósitos do governo federal de dar maior eficiência e unidade aos serviços de fiscalização aduaneira nos aeroportos internacionais.

- Em 1962 / 1963 - Diretor das Rendas Aduaneiras.

- Em 12 ago 1962 [Correio da Manhã] Para evitar faltas na descarga: Tendo em conta que as mercadorias doadas pelo Governo e povo norte americanos, principalmente alimentos destinados ao socorro de populações menos favorecidas, são desembarcadas com isenção de direitos mas se verificam frequentes faltas nas descargas, pois grande número de volumes vem sem marca, número ou destino, pelas quais de acordo com a lei respondem os comandantes dos navios transportadores, o Sr. Rossini Gonçalves Maranhão, diretor das Rendas Aduaneiras, baixou circular declarando que a falta de volumes na descarga do material amparado pelo favor da isenção, deverá ser punido na forma do artigo 88, item 2m da Nova Consolidação das Leis das Alfândegas e Mesa de Renda.

- Em 16 dez 1962 [Correio da Manhã] fiscalização de impostos: comissão - Instala-se amanhã às 10 horas no gabinete do ministro da Fazenda, a Comissão Supervisora de Fiscalização dos Impostos Federais, destinada a coordenar a fiscalização tributária feita hoje por três setores distintos: Agentes Fiscais do Imposto de Renda, Agentes Fiscais do Imposto de Consumo e Fiscais Aduaneiros. A Comissão será constituída por nove elementos, três de cada setor. São membros natos os diretores das Divisões do Imposto de Renda, Rendas Internas e Rendas Aduaneiras (Rossini Gonçalves Maranhão). 

- Em 1963 - Representante do Ministério da Fazenda no Campo do Trabalho que apurou irregularidades nas importações de sobressalentes para a aviação civil.

- Em 1964 [Diário de São Paulo] Empossado no cargo de Chefe da Estação Aduaneira da Importação Aérea o Sr. Nilo Nascimento recebe calorosa manifestação de apreço e solidariedade. O Sr. Rossini Gonçalves Maranhão, antigo titular do cargo, ocupará a diretoria das Rendas Aduaneiras. Quinta feira última, à noite, nos salões do Aeroporto de Congonhas, realizou-se o banquete de confraternização oferecido pelos funcionários e despachantes aduaneiros aos Srs. Nilo Nascimento e Rossini Gonçalves Maranhão, antigos e destacados servidores do Erário Público Federal.

- Em 1964 - Nomeado Diretor das Rendas Aduaneiras. 

- Em 12 nov 1964 [Diário Carioca] O diretor das Rendas Aduaneiras do Ministério da Fazenda, baixou portaria regulando, através de severas e rigorosas instruções, a entrada e a saída no Brasil de caminhões e veículos transportando carga procedente da Argentina. O rigor das instruções contidas na portaria baixada pelo Sr.  Rossini Gonçalves Maranhão, diretor das Rendas Aduaneiras, revela que, ou o Ministério da Fazenda inaugura assim a maior campanha já desfechada no país contra o contrabando ou então que surgiram nos últimos dias problemas relacionados com a segurança nacional na fronteira brasileiro - argentina, que sempre gozou das maiores liberdades fiscais e aduaneiras principalmente do lado brasileiro.

- Em 18 jul 1965 [The Laredo Times, Laredo, Tx, USA] Brazil Customs Chief Visits Port of Laredo - Dr. Rossini Gonçalves Maranhão, director general of customs for Brazil, the largest country of Latin America with a populations of 70 million, visited in Laredo last week.

As a guest of the U.S. State Department through the Agency for International Development (AID) on a month's tour of the United States, Dr. Maranhão spent several days on the border.

Dr. Maranhão speaks Portuguese and Spanish and he felt perfectly at home here.  Accompanying him on the tour is a State Department interpreter, Mrs. Sonia J. Docal, who speaks Portuguese and Spanish, as well as English.

Dr. Maranhão visited headquarters of the eight - port 23rd U.S. Customs district at Laredo.  He visited a special U.S. Customs School conducted here in Spanish for a group of Guatemalan customs officers Thursday.

He also visited the U.S. Border Station adjacent to the international bridge and observed various phases of the U.S. Customs operations.  He made a brief visit to Nuevo Laredo, Friday.

Dr. Maranhão was an honor guest along with a visiting group of four high Guatemalan customs officials and six other Guatemalans who a re taking the four-week customs course here, at a barbecue given by Laredo Customs personnel Thursday night at the Central Power and Light Co. park in North Laredo.

- Em 8 out 1965 [A Tribuna, Santos, SP - Porto & Mar] Reaparelhamento das Alfândegas do País: O sr. Rossini G. Maranhão, diretor das Rendas Aduaneiras e que esteve anteontem nesta cidade a fim de assistir à inauguração do emprego de containers no transporte marítimo brasileiro, interrogado por este jornal, declarou que a implantação do sistema também era do desejo do atual governo uma vez que corresponde ao necessário incentivo das exportações, acrescentando que a sua Diretoria já havia estudado o anteprojeto de lei dispondo sobre o uso dos containers nos transportes de linhas nacionais e internacionais. VERBAS PARA APLICAR:  Como aproveitássemos a oportunidade para saber da disposição do governo no sentido de remover as grandes deficiências da Alfândega de Santos, quanto a material e pessoal, respondeu-nos o dr. Rossini que "esse era também um problema de outras alfândegas brasileiras. Entretanto, prosseguiu, a ele a Diretoria das Rendas Aduaneiras não está alheia. Estamos cuidando de dar aparelhamento às repartições aduaneiras de todo o País, reconhecendo que se trata de um investimento de alta rentabilidade.  Este ano dispomos de um bilhão e cem milhões de cruzeiros e mais de meio bilhão acumulado em 1964, no Fundo de Reaparelhamento das Repartições Aduaneiras. No ano que vem a previsão de recursos para o mesmo fim anda ao redor de um bilhão e a aplicação dessas verbas já está sendo programada para o que for mais urgente". NOVAS UNIDADES ADUANEIRAS - "Por outro lado, acrescentou, o serviço aduaneiro está todo ele sendo reformulado no sentido de lhe ser dado objetividade. Não será por isso de estranhar que num futuro próximo a superior administração fazendária possa até estabelecer novas unidades aduaneiras em lugares cujo desenvolvimento industrial e comercial exija essa providência.  Do mesmo modo, a administração poderá cuidar da supressão daquelas unidades cuja existência já não se justifique.

- Em 6 abr 1967 [O Jornal - Quilhas e Guindastes, Barcello Mendanha] - REGULAMENTAçãO: Mais um passo acaba de ser dado no sentido da real implantação da containerização no Brasil. Ao falarmos da legislação brasileira sobre containers no nosso artigo do dia 19 de fevereiro passado, ressaltamos a grande necessidade da existência de instruções da Diretoria de Rendas Aduaneiras às diversas alfândegas que propiciassem um processamento rotineiro para o desembaraço de carga importada ou exportada por esse novíssimo, eficiente e prático processo de transporte que atualmente já vem obtendo excelente aceitação em nosso país. 

Estas instruções estão sendo amplamente difundidas pela Circular n. 31 de 29 de março de 1967 do Diretor das Rendas Aduaneiras. Felizmente o dr. Rossini Maranhão nesta época de transição governamental conseguiu transcrever sua profunda experiência e conhecimento do assunto em diretivas precisas aos diversos Inspetores de Alfândegas, o que certamente resultará na adoção de rotinas para processamento normal dos respectivos processos alfandegários das cargas transportadas em containers

Assim não só os funcionários aduaneiros que assumem novos postos em virtude das várias nomeações administrativas de início de governo, mas também os despachantes já dispõem de todos os elementos necessários para o bom desempenho de suas funções visando coordenar os interesses da Fazenda Nacional com os nossos importadores ou exportadores.

Este exemplo dado pelo dr. Rossini Maranhão deveria também ser seguido pela Diretoria de Portos e Vias Navegáveis, visando uma regulamentação portuária de âmbito nacional que ainda está faltando para maior facilidade e eficiência da movimentação dos containers nos diversos portos do Brasil.

- Em 19 mar 1971 [Diário de Notícias] Heron Domingues com as notícias: Verdadeira redescoberta do mundo de Aluízio de Azevedo, Gonçalves Dias e Humberto de Campos, o livro "Carolina, meu mundo perdido" de Rossini Gonçalves Maranhão.  Aliás, segundo o prefácio de Luís Pinto, o escritor no Maranhão não se faz, é uma emanação da terra.

- Em 26 set 1972 [O Globo, à sombra das chuteiras imortais - Nélson Rodrigues] 

1 - Amigos, sempre digo que não há pelada que não tenha o seu interesse e o seu dramatismo. Mas diz a minha vizinha gorda e patusca que não há nada entre o céu e a Terra que não mereça a nossa curiosidade.  Diga-se de passagem que não falou assim, com essa maneira pretensiosa. Eis as suas palavras: "Nada como um dia depois do outro".

2 - Um dia vi uma pelada que não valia, realmente não valia o dinheiro da entrada, nem a nossa presença.  Dizer o nome dos adversários não será correto. Mas como o Fluminense não jogava, saí de casa bocejando e fiz uma coisa inédita na minha biografia: levei um livro. Imagino que vocês estejam intrigados: levar um livro para o "Mário Filho"? Mas explico: uma misteriosa intuição me advertia que o jogo não seria grande coisa.  O livro era "Carolina Meu Mundo Perdido" de Rossini Gonçalves Maranhão.  Fora o Dr. Stans Murad, o grande cardiologista que trouxera o volume. Ainda perguntei ao Dr. Murad: "Essa leitura vale a pena?" Foi taxativo: "Um livro admirável!"

3 - E lá fui eu para o "Mário Filho" levando "Carolina Meu Mundo Perdido".  Comecei a ler ainda no taxi. Bem. Desde a primeira página sente-se a garra do autor. Rossini Gonçalves tem um irresistível poder de criação. Em meia dúzia de linhas levanta um tipo ou cria uma paisagem viva. Leio 15 páginas até o "Mário Filho".  Havia uma preliminar.  Enquanto esta não acaba, retomo a leitura de "Carolina Meu Mundo Perdido".  Até que entram os times para o jogo principal.  Paro de ler e pouco depois começa o jogo principal.  O torcedor exigentíssimo vê pelada em toda partida.  Essa facilidade de negar é um dos traços do homem de arquibancada. Nem sempre a partida merece esse desprezo. Mas o jogo a que me refiro não foi senão uma pelada franciscana.

4 - A minha paciência teve um prazo: vinte minutos. Mas o nível do clássico (e era um clássico com a pose do clássico e a alma da pelada), não subia nunca. E então reabri o livro de Rossini Gonçalves Maranhão. Resumindo: até o último momento fiquei alienado do jogo e só voltado para "Carolina, Meu Mundo Perdido".

5 - Era obviamente uma situação inusitada. No meio de cinquenta mil pessoas, excitadíssimas e só eu alheio a tudo, mergulhava na leitura. Acabou o jogo e eu lendo e cada vez mais interessado. Fui o último a sair. Em casa fui até o fim e acabei em tempo recorde.

6 - Eis o que eu queria dizer: a partida de anteontem, Fluminense e Vasco. Minto. Fluminense e Santos, não daria margem à leitura de nenhum livro ainda que fosse da densidade lírica de "Carolina, Meu Mundo Perdido". O Santos reaparecia no "Mário Filho" com Pelé e tudo. A minha expectativa de uma batalha duríssima, batalha em que a nossa invencibilidade ia correr um sério risco. Mas derrubamos o Santos. E o escore apertado não diz o que foi a nossa superioridade técnica e tática. Ganhamos de 2 e poderia ter sido de mais. Leve0se em conta que Gerson não jogou.  Não foi, portanto, um Tricolor na plenitude de sua força e talento que vimos anteontem.

7 - O próximo jogo aqui no "Mario Filho" vai ser outra prova dramática. O Cruzeiro, embora sem Tostão ainda tem o panache do grande time. Se um torcedor perguntasse - "O que devemos fazer?" eu diria: ponham as sandálias feias e duras da humildade.

- Em 1974 ago 28 [O Globo, Rio Show, Exposições] Artistas e escritores fazendários expõem os seus trabalhos - A 1a Exposição de Artistas e Escritores Fazendários inaugurada dia 6 de agosto no Museu da Fazenda Federal, com apresentação do Núcleo da Escola de Administração Fazendária na Guanabara e que permanecerá aberta ao público até dia 13 de setembro tem como objetivo incentivar todos os funcionários a expressarem através da arte o seu sentimento do mundo. Nada mais que um exemplo a ser seguido como afirmou Maria Ruth de Souza, diretora do Museu, referindo-se aos escritores Viana Moog, José Lins do Rego, Joracy Camargo, Múcio Leão e aos pintores Ismael Nery, Grauben e Manoel Santiago, ex-funcionários do Tesouro que são homenageados com esta mostra. (...) Dentre os demais expositores: Rossini Maranhão (escritor).

- Em out 2000 [Revista Século XX - Gente que fez Carolina] Rossini Gonçalves Maranhão, funcionário federal, escritor (1914 / 1983) - Rossini Gonçalves Maranhão, homem culto, inteligente, íntegro e dotado de grande sensibilidade, nasceu em Carolina em 5 de março de 1914. Era filho de Diógenes Gonçalves de Souza e de Ana do Rego Maranhão, ambos carolinenses. Seus avós paternos foram José Gonçalves de Souza e Antônia Rosa de Souza e os maternos Antônio do Rêgo Maranhão e Raimunda Rodrigues.

Iniciou os estudos em Carolina, MA, com o professor José Queiroz, seu padrinho de batismo, por quem nutria imensa admiração e foi sempre grato e cujos ensinamentos lhe proporcionaram o alicerce da vida.

Terminada esta etapa inicial deixou Carolina indo para Belém, PA, com o inestimável auxílio do querido irmão, médico, Dr. Abílio Maranhão Gonçalves, hoje o patriarca da família, figura marcante pela inteligência, integridade e dinamismo, coração aberto para todos que desfrutam do seu convívio.

Amparado pelo irmão, que envidou esforços até julgados impossíveis, cursou a faculdade de Odontologia obtendo em 1938 o nível superior para alegria de seus pais e coroação da árdua missão a que se propôs seu irmão, para quem teve um preito de eterna gratidão.  Para custear os estudos, conseguiu emprego e foi admitido, inicialmente em cargos humildes na Delegacia do Ministério da Fazenda de Belém, PA até que em 1935 prestou concurso de primeira entrância para empregos de Fazenda e para Guarda Aduaneiro, sendo aprovado em ambos.

Sua trajetória funcional foi marcada pela ascensão, por merecimento, aos diversos níveis da carreira, inclusive aos Cargos em Comissão, que exerceu em diferentes estados do Brasil; atingiu o ápice da carreira com sua nomeação para o cargo de Diretor das Rendas Aduaneiras, exercido por duas vezes em diferentes governos.

Casou com a paulista Maria Odette Rodrigues dos Santos, também competente funcionaria do Ministério da Fazenda, hoje viúva residindo em Copacabana no Rio de Janeiro. Desse casamento nasceram: Sergio (falecido), Rossini Filho e Paulo Cesar, os quais deram aos seus queridos pais os netos Guilherme, Rocco e Pedro.

Em 17 ago 1966 foi agraciado com a Medalha da Aliança para o Progresso, conferida pelo Exmo. Sr. Ministro das Relações Exteriores e em 20 abr 1970 agraciado com a Ordem do Rio Branco pelo Exmo. Sr. Presidente da República.

Com simplicidade em 1971 lançou p livro Carolina, meu mundo perdido, cuja apresentação foi feita pelo então Presidente da Academia Brasileira de Letras, o eminente e saudoso Dr. Austregésilo de Athayde.  Dedicou-o à memória de seu pai, Diógenes Gonçalves de Souza e aos maravilhosos médicos que lhe restituíram a vida após luta incessante e cirurgias diversas do coração. Hoje figura esse livro na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos da América em Washington, DC; nas bibliotecas do Ministério da Fazenda e Museu da Fazenda Federal, ambas no Rio de Janeiro e em outras, perpetuando assim sua terra e os costumes simples, mas sinceros, da vida interiorana de Carolina, cidade hospitaleira, alegre, cujos filhos ilustres dignificam o nosso Brasil.

Ressaltando fatos marcantes na sua carreira, pode-se assinalar que em 1960 com grande júbilo instalou o Posto Aduaneiro Fiscal de Brasília na inauguração da nova capital, pelo grande e saudoso Presidente Juscelino Kubitschek. Igualmente instalou o Posto Fiscal Aduaneiro em Campinas no aeroporto Internacional de Viracopos, quando de sua inauguração. 

Em 1965, como Diretor das Rendas Aduaneiras e cumprindo determinação do governo após estudos na Europa e com as companhias marítimas sediadas no Brasil, instalou e implementou a regulamentação de uso de containers no transporte marítimo brasileiro. Este fato proporcionou um grande incentivo às exportações e importações contribuindo para o aumento da arrecadação dos respectivos impostos e consequente rentabilidade e progresso para o país.

Motivado por problemas cardíacos graves faleceu depois de muita luta no dia 11 de agosto de 1983 no Rio de Janeiro, deixando saudades entre seus familiares e amigos. Numa homenagem toda especial ao saudoso Rossini, sua família expressa os seguintes sentimentos:

Da viúva Maria Odette: Segundo o ditado Rossini cumpriu sua "missão na vida", deu-me três filhos homens perfeitos, plantou árvores e escreveu um livro.  Foi íntegro com severos padrões morais, inteligente e culto, dotado de grande sensibilidade. ótimo esposo e companheiro por trinta e nove anos. Num clima de compreensão, respeito e amizade mútuos, enfrentamos as dificuldades da vida e educamos nossos filhos, todos até o nível superior. Seu exemplo sempre digno proporcionou a formação de caráter dos filhos que dele podem se orgulhar pautando suas existências nesse exemplo. Por onde passou fez grandes amigos que nos momentos mais difíceis expressaram sua solidariedade. Seu gosto e entusiasmo pela vida eram intensos, permanentes; lutou por ela até o último instante embora sofrendo muito com a doença do seu coração. Agradeço ao bom Deus os dias felizes que vivemos, aos filhos maravilhosos que me deu e ao convívio agradável com sua numerosa família, onde fui sempre cercada pelo carinho de todos.

Do filho Paulo Cesar: Modelo moral, duro, valoroso. Amigo fiel, calado, sempre.

Do filho Rossini Filho: Rossini, meu querido pai. Uma pessoa memorável. Além de simples e positivo, foi sempre ávido por dignidade e justiça. Comunicativo e comedido, galgou com muito esforço e honestidade o ápice da carreira que seguiu com glória. Foi exemplo de "ser humano". Trouxe constantemente muita felicidade à família e aos que o cercaram.

As inúmeras funções importantes exercidas pelo carolinense Rossini, mesmo em outros lugares, bem como as distinções a ele conferidas, por certo projetaram em outros rincões o bom nome de Carolina, sua terra amada e querida. Esta merecida homenagem à sua pessoa é um reconhecimento por tudo que fez pelo desenvolvimento de Carolina.

 

Carta de Heliodora para AA e Marcos, 22 de novembro de 1969 (sábado): Priscilla e Sergio foram de novo para São Paulo este fim de semana pois o Dr. Rossini só foi operado finalmente na terça-feira (18). Aparentemente tudo vai dar certo, apesar de ele ter tido uma pequena alteração ante-ontem que determinou a volta ao setor de recuperação. Amanhã à noite eles estarão de volta, ma certa já com uma ideia mais clara de como se processará tudo de agora em diante. Mas de modo geral parece que o Zerbibi estava satisfeito e otimista. 

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