Árvore genealógica de Josefa Maria Roquete Batista Franco


avós
paternos
Manoel Baptista Franco + Maria da Conceição Nunes de Oliveira
PAI
José Baptista Franco
ca 1750 - Itacambira (MG) (Brasil)
 †  ca 1818
avós
maternos
Pedro Antonio Roquete + Caetana Maria da Silva
MÃE
Caetana Maria Roquette
 †  11-03-1846 - Paracatu (MG) (Brasil)

IRMÃO(s)
Josefa Maria Roquete Batista Franco
1780

Josefa Maria Roquete Batista Franco
1780 - Vila de Santa Luzia de Goiás (GO) (Brasil)
 † 16-11-1855 - Petrópolis (RJ) (Brasil)
(idade: 75 anos)
 
CÔNJUGE(s)
João José Carneiro de Mendonça

1785 - São João Del Rey (MG) (Brasil)
 †  03-03-1853 - Petrópolis (RJ) (Brasil)

FILHO(s) de Josefa Maria Roquete Batista Franco e João José Carneiro de Mendonça
João Carneiro de Mendonça
ca 1806 . † antes 1853 - Cavalcanti (GO) (Brasil) [idade: 47 anos]
m- Joana de Deus São José

   NOTAS


Livro: Os Carneiro de Mendonça

Em artigo no Correio da Manhã, de 14 jun 1942, Bruno de Almeida Magalhães diz que Josefa morreu vítima do 'mal reinante', a epidemia de cólera.

Heroína do movimento liberal em Minas Gerais em 1842, que do relato História do movimento político que no ano de 1842 teve lugar na província de Minas Gerais, escrito pelo Conego José Antonio Marinho, na p. 251 lemos: "Tudo porém era pouco em vista do que na vila do Araxá suportava uma senhora sexagenaria, e por todas as considerações respeitaval, a sra. D. Josefa de Mendonça, consorte do coronel João Carneiro de Mendonça, e sogra do conselheiro Limpo de Abreu.  Essa senhora foi levada a uma prisão, onde de seo sexo era a única que se achou com homens; ao depois foi posta em segredo por espaço de dois meses, e por muito tempo continuou presa, sem que lhe permitissem uma consolação em tanto infortunio, e a não achar ella na grandeza de sua alma, na fortaleza de seu ânimo a necessária resignação, teria sucumbido debaixo do peso de tão pouco comuns e menos merecidos padecimentos.  Tudo quanto se podia fazer sofrer a uma vítima, suportou-o bem que com esforçada coragem, essa senhora. Seu marido estava ausente; seus genros, um deportado, e outro preso e ameaçado de morte, seus filhos todos perseguidos, suas fazendas arrasadas e saqueadas, e ela lançada no segredo de uma prisão, em que de tudo se a privada.  Ella porém conduziu-se com tal heroismo e dignidade que a história deve imortalisar-lhe a memória. Não menores foram os trabalhos sofridos por Pestana, genro dessa mesma senhora, preso em virtude da suspensão de garantias, lançado em uma imunda enxovia, e desta transferido para um cárcere privado, onde a cada momento esperava a morte, conduzido outra vez para a cadeia, onde ouviu a voz do oficial que ordenava à guarda fizesse fogo sobre ele, escapando de ser vítima dessa brutalidade, porque soube enternecer e captar a benevolência dos que o guardavam."  Na p. 303: "Na villa e município do Araxá os atentados contra a propriedade igualavam aos que se cometiam contra as pessoas. A Sra. D. Josefa Carneiro, conservada em uma estreita e imunda prisão onde lhe acrescentavam as angustias a sua posição e sexo, viu todos os seus bens dilapidados, roubados e estragados, a título de sequestro."

Pelo decreto do Imperador n. 342 de 14 de março de 1844 ficaram anistiadas todas as pessoas que se acharam envolvidas nos crimes políticos cometidos em 1842 nas províncias de São Paulo e Minas Gerais.

Revolução de 1842 - Dados extrahidos do processo que se acha archivado no cartorio do 1o Officio, nesta Cidade, com relação a familia Carneiro de Mendonça, composta dos seguintes membros

"D. JOSEPHA MARIA ROQUETTE FRANCO esposa do

Cel. JOãO JOSé CARNEIRO DE MENDONçA e seus filhos e genro

JOAQUIM CARNEIRO

EDUARDO CARNEIRO

FRANCISCO DE PAULA CARNEIRO

PAULO CARNEIRO

D. JULIA, casada com

PEDRO MARIA DA COSTA

D. MARIANA casada com

ANTONIO ABREU CASTELLO BRANCO

JOSé ANTONIO PESTANA (genro)

ANTONIO PAULINO LIMPO DE ABREU (Desembargador Limpo de Abreu)

JOSé CARNEIRO (Sobrinho de D. Josepha)

TERENCIO CARNEIRO DE MENDONçA

Segundo os depoimentos de quasi todas as testemunhas, em numero de vinte mais ou menos, poude-se apurar, resumidamente, o seguinte: 'O Desembargador Limpo de Abreu escrevera a seus sogros João José Carneiro e D. Josepha Maria Roquette Franco, aconselhando-os a levantarem em a Villa de São Domingos de Araxá (comarca do Paraná, provincia de Minas Geraes), um rebellião em opposição á lei da reforma do Codigo do Processo (pag. 119).  Após a chegada da carta acima referida o Cel. João José Carneiro de Mendonça, acompanhado de seu genro Pedro Maria da Costa e sua filha Julia, seguiu para o Rio de Janeiro, onde residia o Desembargador Limpo de Abreu, permanecendo na V. de São Domingos de Araxá, isto é, em Desemboque, na chefia do movimento D. Josepha, seu filho Joaquim Carneiro e seu genro José Antonio Pestana.

Nessa occasião tendo sahido da Villa S.Domingos do Araxá os Srns Fortunato e Francisco Botelho, com destino ao Rio de Janeiro, pernoitaram em casa de D. Josepha, que, depois de lhes convencer a fazerem parte do movimento, desistiram va viagem, combiando o dia de encontro para o ataque á Villa.  Estes Snrs. regressaram immediatamente afim de organisar o pessoal necessario a rebellião.

De outro lado Joaquim Carneiro de Mendonça, filho de D. Josepha, auxiliado por Sylvestre Barbosa, seu amigo, conseguiu em S. Francisco das Chagas, São Pedro e Districto de Forquilha muitos homens para o movimento cujos adeptos eram enviados a Joaquim Carneiro, em Desemboque.

Depois de reunidos homens bastantes em casa de D. Josepha, ahi jantaram e partiram ao encontro de Terencio Carneiro, que dispunha de vinte homens. O encontro se deu em Corrego Fundo, onde pernoitaram. No dia seguinte, 18 de julho de 1842 partiram todos afim de atacarem a Villa de São Domingos do Araxá.  Apos o combate ficaram mortos o Tte. Antonio do Amaral, da Guarda Nacional, e Joaquim Ferreira de tal, ambos legalistas.

Houve visersos feridos de ambas as partes.

Os rebeldes somente deixaram a Villa quando tiveram noticia da vinda do Barão de Caxias com amplos poderes do Soberano para debandar as forças rebeldes, que contava com 500 a 600 homens.

Segundo o depoimento de Ambrosio Vieira de Moura, a pág. 177, a família Carneiro de Mendonça, em 1840, tentou depor as autoridades da Villa de São Domingos do Araxá, não conseguindo fugiu para Desemboque, onde residiam na época da revolução de 1842.'

O depoimento de Ambrosio Vieira de Moura, na integra, é o seguinte: 

'Ambrosio Vieira de Moura, homem casado natural da Villa de Caethé e de presente residente nesta Villa, que vive de seu officio de ferreiro e e idade que disse ter cincoenta e treis para cincoenta e quatro annos, testemunha referida a quem o dito Delegado de Policia deferiu Juramento dos Santos Evangelhos em hum livro delle em que pós sua mão direito, sub cargo do qual lhe encarregou que bem e fielmente jurou a verdade do que souber e perguntado lhe fosse sobre a rebellião que rebentara nesta villa nos dias 18 e 21 de Julho p.passado, e recebido por elle o seu juramento assim o prometteu cumprir como devia ser obrigado. Foi perguntado a elle testemunha se sabe que nesta Villa houve um movimento de rebellião nos dias 18 e vinte e um de Julho p.passado.  Respondeu affirmativamente por ter visto e presenciado.  Foi mais perguntado se sabia para que fim se operou essa revellião.  Respondeu que antes de se fallar na mesma rebellião e quando nomeado elle delegado de policia e o Tenente Coronel Simão Ferreira Juiz Municipal ouvira em casa de D. Josepha Maria Roquette Franco dizer-se por esta, por seus filhos Joaquim Carneiro, Eduardo Carneiro, Francisco de Paula Carneiro, este que menos fallava, e D. Julia e por seu genro Pedro Maria da Costa que aquellas auctoridades pretendiam captivar ao povo, e que por isso não deveriam continuar a servir antes deviam ser mortos pois que todo o povo era por parte delles Carneiros, e tanto assim que já fallavam nos individuos que deviam substituir as sobre ditas auctoridades, sem declararem a elle testemunha em tempo algum seus nomes, e que por isto elle testemunha se convence de que as mortes das sobreditas auctoridades eram conjunctamente com o plano da Republica que tinham em vista pois que também fallavam em que Sua Majestade o Imperador  ou havia de ser lançado para fora do Rio de Janeiro, ou morto era o principal fim da dita rebellião, e que isto que vem de referir ouvira por diversas vezes, e dentre estas por duas a sobre dita D. Josepha em cuja casa morando elle para muito mais de um anno, a primeira vez que ouvira a dita conversa fora em uma noite em que o Cel. João José Carneiro de Mendonça marido daquella D. Josepha recebendo uma carta de seu genro o Desembargador Limpo de Abreu em a qual communicava-lhe não irem as coisas muito bôas pelo Rio de Janeiro, e que antes estava tudo perdido se pozera muito bravo com esta noticia sendo que nesta occasião o réo José Antonio Pestana esteve commedido e que isto acontecera poucos dias antes da vinda da que Francisco de Paula Carneiro que  por causa desta carta fôra mandado chamar, assim como logo depois do recebimento da dita carta passaram o dito Coronel, sua mulher, seu genro José Antonio Pestana, seu filho Joaquim Carneiro a escrever e dirigirem proprios para Paracatú, São Francisco, Uberaba, , dirigidas aqui ao Padre Zeferino, e Andradas, e que dentre aquellas dirigidas a Paracatú uma fôra esripta a aquelle Paulo que dizia - Paula  tu vences ao Paracatú o Joaquim aqui o Araxá, e o Eduardo cá para cima - e que esta carta foi assignada por aquella D. Josepha tendo já seu marido, sua filha D. Julia, seu genro Pedro Maria se retirado para o Rio de Janeiro a qual elle testemunha ouvira ler pelo réo Pestana que para o fazer ordenara a elle testemunha que se retirasse para mais longe. Foi-lhe mais perguntado se nesse ajuntamento houvera fogo entre os da legalidade, e os rebeldes, e delle resultara mortes ou ferimentos. Respondeu que por ver e presenciar sabe que houvera fogo que durante vinte e quatro horas mais ou menos delle resultara a morte do Tenente Ferreiro e de um guarda cujo nome ignora bem como ferimentos em uma mão e uma perna de outro guarda, e que depois da rebellião  ouvira dizer a diversas pessôas que a morte daquelle Ferreiro fora recommendada por Joaquim Carneiro.  Foi-lhe mais perguntado se elle testemunha sabe que antes de rebentar aqui o rebellião de que se trata ella já havia aparecido em alguns outros logares desta provincia.  Respondeu que de Sorocaba, provincia de São Paulo tivera noticia, mas que de Barbacena e de outros logares desta provincia só soubera estando já em atitude a desta Villa.  Foi-lhe mais perguntado se sabe que pessôa ou pessôas concitaram os povos para a dita rebellião.  Respondeu que alem daquelle Coronel João Carneiro que para isso dirigiu diversas cartas como a contem para com os Ribeiro de São Pedro os quais recommendavam que não virasse a cazaca de fórma alguma, de sua mulher D. Josepha por cartas como já depôs, daquelle seu filho Joaquim Carneiro que andou em giros, sabe mais elle testemunha que Fortunato Botelho e um seu irmão magro, que vive enfermo e cujo nome ignora foram desta Villa com Custodio Rodrigues de Rezende a Fazenda daquelles Carneiros onde estava a sobre dita D. Josepha com seu filho Joaquim e que depois de estarem por muito tempo em conversações vieram todos a excepção daquella D. Josepha para a casa de Francisco de Paula Barreto onde foram servidos de um explendido jantar rexeiado de immensas saudes que não pouco aturaram (AC: aterraram?) a elle testemunha a vista do que anteriormente tinha ouvido por vezes ao mencionado Barreto que lhe affirmava estar proxima uma grande desordem aqui e por ver então a maneira por que tratava elle e sua familia aquelles que tinham de fazer semelhante desordem, e que voltando dali os ditos Botelhos com o referido Cutodio Rodrigues de Rezende passaram aquelles a convocar gente para a dita rebellião, mais não lhe foi perguntado pelo dito delegado.  E pelo promotor foi interrogado a testemunha se alem delle haviam mais algumas outras pessoas que houvessem presenciado os factos por elle depostos, ou que dos mesmos possam ter sciencia certa. Respondeu que Francisco de Paula Barreto e João de Magalhães Pelintra sabiam desses factos senão tambem como elle testemunha os poude alcançar ao menos em grande parte.  Foi-lhe mais perguntado que pessôas se dirigiram aquelles Coronel sua mulher seu genro Pestana e seu filho Joaquim Carneiro por cartas como já depoz em Paracatú e São Francisco.  Respondeu que para Paracatú já elle testemunha dissera que fôra para Francisco de Paula Carneiro, filho daquelle Coronel e sua mulher e que para São Francisco elle testemunha suppõe ter sido para o Major Sylvestre Ribeiro Barbosa porque nesse tempo o sobre dito Major viera aquella fazenda com tanta pressa que voltara no mesmo dia.  Foi-lhe mais perguntado se em Paracatú e Uberaba também tinha rompido rebellião e que pessoas haviam para isso influído.  Respondeu que em Paracatú tem ouvido dizer que também rebentará a rebellião e que os mais influentes nella fora aquelle Paulo Carneiro e José Carneiro, seu primo e Martins da Lage, filho de Portugal, e que no Uberaba não chegara a rebentar sendo que os mais influentes para ella era o Padre Zeferino, e Andradas, como já disse.  Foi-lhe mais perguntado que alem do districto de São Francisco do de Conceição do de São Pedro algum outro havia em que houvesse alguma pessoa influente e que tivesse concorrido para aquella rebellião.  Respondeu que alguns dias antes della romper ouvira elle testemunha aquella D. Josepha queixar-se com bastante excesso que o Capitão José Manoel, vulgo Valente, já lhe estava tardando muito, e muito, mas que para que fim não sabe e que anteriormente a isso vira também a sobre dita D. Josepha receber uns presentes que lhe mandou aquelle Valente, e mais não disse e nem lhe foi perguntado e aos costumes declarou não estar em harmonia com a família dos Carneiros, por que segundo lhe constava elles o pretendiam matar posto que contra a opinião do Pestana que dissera a elle testemunha que não tivesse susto disso.  E sendo concedido a palavra ao réo presente para contestar o réo Pestana pediu a palavra por si e por sua constituinte D. Josepha Maria Roquette e disse elle réo que se abstinha por ora de fazer as devidas contraditas ao depoimento da testemunha porque esperava que o depoimento das testemunhas referidas traria comsigo as melhores contraditas a esse depoimento que alem disso podiam ainda ocorrer a cariações entre a testemunha e aqueller seus referidos e que nessa occasião elle protestava a contraditar.  E nada dizendo os mais réos presentes mandou o dito delegado lavrar este termo em que assigna com as testemunhas, promotor e reos presentes depois de ser lido e achado conforme, etc.'

Eu, Joaquim Felix Rodrigues Fraga, tabm. que escrevi

(a) Ambrosio Vieira de Moura

(a) Ribeiro Rosa

(a) Antonio da Costa Pinto Junior

(a) José Antonio Pestana

(a) Francisco Alvarenga da Cunha Menezes

(a) Francisco Mendes de Carvalho

(a) Joaquim Ferreira da Silvana Amaral

(a) Silvano Ribeiro Barbosa

José Antonio Pestana achava-se munido de procuração, com poderes amplos e especiais para depor em Juízo pela sua sogra D. Josepha e outros conforme a pág. 146.  O Delegado mandou juntar a procuração aos autos, por se achar enferma D. Josepha, como era publico.  Quanto aos outros não acceitou por não se acharem presos nem afiançados.

José Antonio Pestana, depondo por sua sogra D. Josepha Maria Roquette Franco disse:  'que por parte de sua constituinte tinha que fazer perante este Juizo importantes declarações as quaes devia esclarecer muito a este Juizo, cujas declarações que a ré impossibilitada como se acha de sua grave enfermidade sente por si mesmo não poder vir perante este Juizo; declara que seu filho Joaquim Carneiro foi e só elle o auctor e cabeça do rebellião em Araxá, que elle seduziu e convenceu ao Major Sylvestre Ribeiro Barbosa para que viesse convocar todos os seus amigos e circumvisinhos ao dito rebellião.  Como com effeito viera e que esse nobre cidadão pela intima amizade que consagra ao dito seu filho não tem declarado querendo antes passar por todo genero de incommodos e trabalhos errante como anda por lares estranhos do que dilatar ao dito seu filho, e que os demaes réos que por insinuações do dito Major Sylvestre vieram ao dito rebellião também não tem declarado desse modo por modestia, por amizade, ou por consideração do dito Joaquim Carneiro, seu filho, e que portanto não há um só para aquellas partes do arraial de São Francisco das Chagas dos que se chamam influentes que não fôsse seduzido, chamado e mesmo arrastado senão pelo dito seu filho, por que esta razão elle só é o responsavel como verdadeiro auctor da dita rebellião; e que para as partes do arraial de Conceição tambem desgraçadamente aconteceu a mesma coisa pois só elle foi que seduziu e chamou e convenceu com as razões mais fortes a que viessem todos os réos que dizem mais influentes daquelle logar como são Fortunato da Silva Botelho, Francisco da Silva Botelho, José Jacyntho da Silva Botelho, Francisco Machado, José Gregorio, Gregorio José e todos os mais que porventura vieram ao fogo e alem destes uma grande parte dos soldados que conduziram armas, munições na dita rebellião, que o dito seu filho, emfim fôra que para assim dizer apresentara sobre o Horizonte desta Villa esses 500 ou 600 homens de que se compunha a columna rebelde que disto é tão verdade que shindo desta Villa aquelle Fortunato Botelho e Francisco Botelho, seu irmão, com destino para a cidade do Rio de Janeiro depois de haverem feito as suas cobranças e até pedido dinheiro a premio para satisfazer seu debito naquella preça chegando a sua fazenda onde ella ré se achava, o dito seu filho, os convocava a voltar para esta Villa, como com effeito voltaram e que desse dia em deante é que começaram a organizar forças para entrar nesta Villa no dia em que elle mesmo marcou 18 de Julho p.passado, mas que tudo isso elle fizera bem compenetrado como estava de que o Ministerio composto e de mãos dadas por assim dizer tinha posto a S. Majestade em uma perfeita coação e que elle devotado como é as prerogativas do Throno Imperial e não podendo conter-se em tal estado de couzas elle se deliberou a obrar desta maneira e que estas foram as armas poderosas com que poude convencer aos fieis suditos de S.Majestade para que viesse naquelle dito dia entrar nesta Villa dar vivas a S. Majestade e representar contra a aquella lei da reforma, que elle julgava ter sido sancionada pelo Soberano coagido, mas que seu fim não era mais que demittir os novos empregados nomeadas em consequencia da mesma lei mas nunca offender pessôa alguma, como se tem dito em vários logares deste processo até que S. Majestade pela bondade de seu magnanimo coração mandou que o exercicio da dita lei fosse suspensa enquanto não fosse novamente examinada pelas camaras legislativas porem que logo que lhe constou por via seguro que era muito da vontade expontanea  de S. Majestade que se puzesse em execução a dita lei elle logo fez dissolver as ditas forças e se alguma pequena parte destas se conservaram ainda reunidas foi pela razão já dita pelo réo Cap. Silvano de ter recebido ordem como apresentou neste Juizo do Tenente Cel. Pedro Alves para ter sua companhia as ordens da legalidade, e que antes disse alguns dias se conservaram algumas forças reunidas no arraial de São Francisco, isto é, naquelles dias logo depois de se retirarem desta Villa foi de um modo indeciso e sem saber o que se haviam fazer porquanto as noticias que então corriam contra os que tinham acompanhado o rebellião  eram as mais terriveis e horrores mas que logo que elle soube de sciencia certa que o Barão de Caxias vinha com poderes do Soberano para fazer debandar as forças rebeldes, que elle seu filho immediatamente desistira da empreza, e que se não veio entregar as armas e apresentar-se nesta Villa foi por teve noticias exactas de que todos os rebeldes que se vinham apresentar eram presos e encorrentados e muitos delles algemados e que em um cidadão de 62 annos se lançara um tronco nos pés, e que a mesma desgraçada sorte o esperava se elle aqui desgraçadamente apparecesse.  Correntes se fizeram de um peso e dimensão talvez não visto ainda no mundo e que estas foram as razões por que o dito seu filho não tem vindo obediente offerecer-se ao mando as auctoridades constituidas para ser julgado e punido como a lei o quer, que elle ré vive forçada em sua conciencia a fazer estas declarações como em artigos de mortes para allivio de tantos cidadãos que divagam errantes por extranhos lares, que quanto a ella ré delcara com a mesma franqueza que nenhuma parte teve neste movimento que é verdade que a primeira vez que o dito réo seu filho queria lançar mão desta empreza porquanto S. Majestade se achava em perfeita coação é que por esta mesma razão São Paulo e Minas tinham tomado as armas para sustentar o livre exercicio de todos os direitos magestaticos do Soberano, que elle tambem queria derramar até a ultima gotta de seu sangue em defeza do throno de seu monarcha que considerava como a unica taboa de salvação para o Brasil sua Patria, e que não sahiria do campo e nem largaria as armas enquanto o monarcha não estivesse restituido a uma perfeita independência que com isto ella ré ficara meia propensa mas que logo que ouviu dizer que sahiam forças do arraial de São Francisco para esta Villa que ella ré mandara suas positivas para que elle não viesse e dissolvesse essas forças como é publico porque temia que essa sua deliberação fosse tomada por uma parte em mão sentido e que até a sua vida podia perigar mas que elle dito réo, seu filho, não querendo attender a nada disto abraçou-a despediu-se della e marchou, que quanto a dizer-se que seu genro Desembargador Limpo lhe mandara insinuações ou cartas para o dito fim é uma reforçada calumnia, pois, que como já disse nesse mesmo processo elle não escreveu, e nem ao menos cartas particulares desde  de março p.passado e que tendo assim feito sua explicita declaração requer e pede ao Sr. Delegado de Policia haja de lhe conceder a certidão deste processo visto não envolver segredo de justiça para que ella ré possa mandar a seu marido o Cel. João José Carneiro de Mendonça afim de que esse prostrado aos pés do Soberano implore perdão para o dito réo seu filho. Etc.'  (A procuração de D. Josepha, acha-se na pag 226)

Cópia do parecer do promotor publico pag 365 e 365V: 'Fôra (Toca) emfim a referida palma a sogra do dito Pestana, D. Josepha Maria Roquette, que segundo nos refere a história sempre se tem considerado no seculo, em que uma de seu sexo já occupou a cadeira Pontificia.  Valha a verdade.  O certo é que consta, e todos por ahi dizem, o seu procurador dito Pestana assim o deu a entender por diversas vezes, e todas, ou quasi todas as testemunhas, o depuzeram, que ella foi o germen de toda a desordem; porquanto em negocio algum politico, por mais diminuto que fôsse ella deixou de intervir neste Paiz.  Não opino comtudo, que tanta influencia de negocios, como o de que se trata, se deva dar a uma Senhora qualquer que seja a sua importancia; mas emfim cumpre que se saiba, que se para o dito movimento precedeu o plano, ninguem o concertou aqui senão ella e sua familia: e a este respeito vejam-se as respostas do Cap. Francisco de Paula Gomes, de fls. 65 á fls. 75, confirmadas pelo juramento á fls 295, as do mesmo Pestana e fls. 44 em deante, especialmente a contestação, e declaração de fls. 146 em deante, o que tudo confrontado com as respostas de Mello, e depoimentos das testemunhas principalmente de Custodio Rodrigues de Rezende, de Francisco de Paula Barreto, e de Ambrosio Vieira de Moura fornecem concludentissima prova; sobre o que fica exposto. 

Portanto é de esperar-se que o Mmo. Julgador com a imparcialidade que lhe é propria, faça a devida justiça neste processo. Araxá, 1° de Março de 1844 (a) O Promotor Publico, Antonio da Costa Pinto Junior'

nota escrita a mão por Fausto Alvim, então (1932) prefeito de Araxá 

- D. Josepha não foi pronunciada e sim o seu filho Joaquim Carneiro de Mendonça, Terencio, José Carneiro e outros. 

- Faltam muitas fls do proc, o que impede saber-se o epilogo do mesmo.

- Não confere com os depoimentos deste longo processo a versão de Xavier da Veiga nas suas "Ephemerides", segundo a qual a Vila de Araxá atacada pelos rebeldes a 20 de julho de 42, foi bravamente defendida pelos legalistas, sob a valorosa chefia do Cel Mariano Joaquim de Avila, coronel chefe de legião, na ocasião juiz de direito interino da comarca de S. Domingos do Araxá.  Os rebeldes eram comandados por Francisco de Melo Cabral. O combate durou das 4 horas da tarde até ao escurecer, sendo derrotados os atacantes, que não conseguiram entrar na Vila - Xavier da Veiga reporta-se a parte oficial do citado Cel. Avila, quando este mencioa tal qual uma das testemunhas ouvidas no processo instaurado, a morte na refuga de um tenente legalista e de um guarda, deixando os rebeldes 30 mortes no campo da luta, ficando quasi todos os outros gravemente feridos....  Essa ultima parte ajunta maliciosamente Xavier da Veiga, é de manifesto exagero.

'O presidente da provincia, em portaria de 19 de agosto, louvou o valor e a fidelidade das forças legalistas e das autoridades do Araxá' Xavier da Veiga, Ephemerides Mineiras, pg 122 e 123, vol III - Fausto Alvim - Barreiro 31/3/932"

No carnaval de 1999, foi mencionada, "por sua rara beleza",  no samba enredo da Beija-Flor, "Araxá - lugar alto onde primeiro de avista o sol".

- Em 18 nov 1855 [Correio Mercantil, RJ] - Faleceu em Petrópolis no dia 16, a Sra. D. Josepha Carneiro de Mendonça Franco, sogra do Sr. Visconde de Abaeté.

Chovera ali por três dias consecutivos. Parece que isso fez aparecer algum caso mais de cólera. No dia 15 morreram cinco pessoas. No ida 16 havia no hospital 16 coléricos, dos quais somente três se achavam mal. Na povoação eram poucos os acometidos.

A temperatura tem regulado do dia 14 a 16, segundo o termômetro de Farheneit de 60 a 64 graus. 

 

Anuário Militar do Brasil, Ano VIII, 1941 - Nº 8, Edição comemorativa do centenário da Ação Pacificadora de Caxias (1842 - 1942), p. 174/5 - artigo de Basílio de Magalhães, Caxias, Pacificador de São Paulo e Minas em 1842 - por gentil colaboração de pesquisa / arquivo: Luiz Melchior Carneiro de Mendonça

 

(...)

Releva notar que ainda existe em arquivo particular valiosa correspondência que interessa à revolução mineira de 1842.  Com efeito, conforme se pode ver no Dicionário bibliográfico brasileiro (vol I p. 411) de Blake, o então presidente da província de Minas, Bernardo Jacinto da Veiga (que faleceu em 1845 e era irmão do grande Evaristo), dirigiu a Paulino José Soares de Sousa (depois visconde do Uruguai), ministro da Justiça do gabinete de 23 de março de 1841, muitas cartas, respeitantes ao movimento liberal, até agora inéditas e que consoante declaração do próprio destinatário, conjugadas com as respostas deste (as que lhe foram restituídas pelo outro irmão de Bernardo, João Pedro d da Veiga), eram a mais genuína e opulenta fonte de informações sobre os vários acontecimentos e os vários personagens da revolução de Minas de 1842.  Releva igualmente consignar-se que não foram postos em letras de imprensa os autos dos processos movidos pela justiça pública aos implicados nas duas sublevações liberais de 1842.

 

Excuso-me de entrar em minúcias sobre as operações bélicas com que Luiz Alves de Lima levou a bom termo a sua árdua missão em São Paulo e Minas, porque disso já trataram com brilho e competência, além de outros, dois ilustres militares, Emilio Fernandes de Sousa Docca em seu estudo Caxias pacificador (Rio, 1938, separata da Revista Militar Brasileira) e Affonso de Carvalho, no seu excelente volume consagrado a Caxias(Rio, 1938 da Coleção Biblioteca Militar).

 

Creio que se má relevará a recordar aqui o nome de uma heroína da revolução liberal mineira de 1842, o qual como se infere das palavras seguintes do cônego Marinho (ob. E Ed. Cits, p. 251), anda injustamente esquecido: Tudo porém pouco em vista do que na vila do Araxá suportava uma senhora sexagenária e por todas as considerações respeitável, a sua. D. Josefa de Mendonça, consorte do coronel João Carneiro de Mendonça e sogra do conselheiro Limpo de Abreu. Essa senhora foi levada a uma prisão, onde de seu sexo era a única que se achou com homens; ao depois, foi posta em segredo por espaço de dois meses e por muito tempo continuou presa, sem que lhe permitissem uma consolação em tanto infortúnio e a não achar ela na grandeza de sua alma, uma fortaleza do seu ânimo, a necessária resignação, teria sucumbido debaixo do peso de tão pouco comuns e menos merecidos padecimentos. Tudo quanto se podia fazer sofrer a uma vítima, suportou-o, bem que com esforçada coragem essa senhora. Seu marido estava ausente, seus genros, um deportado e outro preso e ameaçado de morte; seus filhos todos perseguidos, suas fazendas arrasadas e saqueadas e ela lançada no segredo de uma prisão em que de tudo se a privava. Ela porém conduziu-se com tal heroismo e dignidade que a história deve imortalizar-lhe a memória.  Da Joséfa Carneiro de Mendonça Franco (em solteira Josefa Maria Roquete) foi esposa do tenente-coronel João José Carneiro de Mendonça, sogra do visconde de Abaeté e de Pestana de Aguiar, contando-se entre seus mais ilustres descendentes o sábio Roquete Pinto, d. Lucia Miguel PereiraMarcos Carneiro de Mendonça e major Carneiro de Mendonça.

 

Graças a nova ascensão dos liberais aos conselhos da coroa, acabaram-se os sofrimentos dos que haviam empunhado armas ou de qualquer forma concorrido para os movimentos de 1842 na terra dos bandeirantes e na terra dos inconfidentes. O decreto de 14 de março de 1844 reduzia-se ao seguinte: Artigo Único: Ficam anistiados todos os crimes políticos cometidos em o ano de 1842 nas províncias de São Paulo e Minas Gerais. E em perpétuo silêncio os processos que por motivos deles se tenham instaurado. E como durante o reinado de Pedro II sempre o remédio da anistia foi aplicado as feridas abertas pela repressão das revoltas, um egrégio liberal francês, Charles de Ribeyrolles (cujo epitáfio que se pode ler no cemitério de Niterói foi traçado em versos por seu amigo Victor Hugo), em Le brésil pittoresque (Rio, 1859, tomo I, p. 141) ergueu por isso ao nosso derradeiro imperante os mais calorosos louvores. 

Links externos


João José Carneiro de Mendonça

descrição: 2022 - INCRÍVEIS histórias do BRASIL em RARAS fotografias ANTIGAS - entre outras, no minuto 8:58 a fotografia de João José Carneiro de Mendonça, sua mulher Josefa e filhos.

Anexos


Antonio Candido (1)

Os Carneiro de Mendonça por Antonio Candido (1)
Estas anotações foram feitas em 1976 por Antonio Candido de Mello e Souza, bisneto de Joaquim Carneiro de Mendonça por linha materna, para sua prima Priscilla Bueno (então Maranhão), trineta do mesmo. Seria interessante que os parentes interessados que as lessem pudessem: (1) corrigir erros, muito frequentes neste gênero de escritos; (2) acrescentar informações fidedignas, sobretudo sobre o ramo respectivo. Assim, seria eventualmente possível: (1) averiguar as origens da família e fatos relativos a ramos colaterais a João José; (2) reconstituir em detalhe a descendência deste, que hoje é enorme, como Priscilla fez para a de Joaquim.

Antonio Candido (2)

Os Carneiro de Mendonça por Antonio Candido (2)
Estas anotações foram feitas em 1976 por Antonio Candido de Mello e Souza, bisneto de Joaquim Carneiro de Mendonça por linha materna, para sua prima Priscilla Bueno (então Maranhão), trineta do mesmo. Seria interessante que os parentes interessados que as lessem pudessem: (1) corrigir erros, muito frequentes neste gênero de escritos; (2) acrescentar informações fidedignas, sobretudo sobre o ramo respectivo. Assim, seria eventualmente possível: (1) averiguar as origens da família e fatos relativos a ramos colaterais a João José; (2) reconstituir em detalhe a descendência deste, que hoje é enorme, como Priscilla fez para a de Joaquim.
Nos 32 anos que passaram desde a elaboração dessas notas, documentos que chegaram às nossas mãos e minha intensa pesquisa, esclareceram algumas questões aqui colocadas, razão pela qual inclui as notas de rodapé, que foram revistas e acordadas por Antonio Candido.

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