Livro: Queiroz, Borges da Costa, Machado & Palhares - Genealogia e Histórias
- Era filhada de sua avó Anna Palhares Machado.
- Em carta de 18 fev 1903 [Anna Palhares Machado para sua filha Laura) Sobre os remédios que o doutor receitou para Laly, deve ser muito bom, pois vi no Chernoviz [Os manuais de medicina popular do Dr. Chernoviz foram essenciais na difusão de saberes e práticas aprovados pelas instituições médicas oficiais para regiões rurais do Brasil imperial] e são todos para indigestões e incômodos de estômago, por isso ela deve se dar bem.
- Em carta de 1 maio 1903 (Anna Palhares Machado para sua filha Laura) A Margarida já foi ao Dr. Moreira de Carvalho e o consultou com ele sobre Laly, expondo tudo conforme mandastes dizer, as datas em que ela teve as indigestões, os remédios que ela tomou do doutor de Itabira e tudo bem explicado, ele diz que ela tem uma dispepsia que é bom ela tratar-se para não ficar crônica, ele receitou um remédio que já está aqui comigo e amanhã vou despachar, e vai mandando dizer como ela passa.
- Em carta de 9 out 1903 (Anna Palhares Machado para sua filha Laura) Dizes que Laly teve outra enxaqueca , mas que foi mais branda, , deves continuar a dar os remédios pois já se vê que ela está melhor e que como é ainda pequena que com a idade passara pois é a opinião do Dr. Moreira de Carvalho.
- Em carta de 11 nov 1903 [Laura para JJQJr] Ontem tendo a tarde ficado boa, não quis deixar de passar mais um dia e levei Laly ao médico que examinou-a muito e disse que não eram enxaquecas e sim engorgitamento no estomago, e falta de ácidos. Receitou um xarope iodo tânico de Guillermond, mandando adicionar 3 g de glicerofosfato de cal. Aproveitei o tempo que esperei o bond na Muda, e mandei aviar a receita, tendo ela tomado já a primeira dose agora que acabou de almoçar. Em 17 nov - Laly continua a tomar o remédio que por enquanto lhe tem feito bem pois não tem tido as malditas indigestões.
- Em carta de 20 maio 1907 [Laura para JJQJr] Escreve ao homem dos frangos para que mande mais; como sabes Laly não come outra coisa e aqui são caríssimos.
- Em 18 dez 1907 [Diário de Laly] No dia 14 chegou da Samaritaine armazém de Paris as nossas encomendas que foram recebidas com grande prazer nosso. Vieram uma porção de fazendas para nós e vestidos feitos para tia Bijou, o que mais apreciei foram os brinquedos; para Anniquinha veio o jogo do pato e um homem de bicicleta e para mim um fogãozinho e um outro homem de bicicleta (nós tínhamos mandado buscar um automóvel para cada uma mas veio isto.) Também vieram brinquedos para os primos e outras crianças.
- Em 29 jan 1909 [Diário de Laly] Ontem não demos lição por ela continuar doente. Então chamamos Salvina para brincar conosco até a hora do almoço.
- Em carta de 12 out 1911 [JJQJr para Laura] Ainda uma vez me convenço de que a causa primordial das enxaquecas de Laly é uma qualquer perturbação nervosa provocada pelo mais pequeno excesso que ela faça. Estou convencido que com a idade e sua consequente calma, isto irá desaparecendo.
- Em carta de 1 dez 1911 [Laura para JJQJr] ... As duas passaram muito bem a noite depois da chegada do casamento que foi tão tarde, por terem elas teimado em ouvir os discursos até o fim e tendo chegado à cidade às 10 e 10, só tiveram bond às 11, pois não há às 10 1/2. Ficaram encantadas pelo talento oratório do Teixeira Mendes. Laly diz que tirou essa fotografia para mandar-te.
A MINHA IRMã LALY - 1911
Oh musa, minha musa sonhadora!
Oh musa, minha amiga, minha irmã!
Minha visão formosa sedutora,
Risonha como a estrela da manhã!
Tu és a luz que meu viver enflora,
Oh minha musa, minha doce irmã!
Quero beijar-te os lábios de amora,
Quero beijar-te as faces de romã!
Oh musa em cujos olhos cismadores
Minha alma vai sonhar, visão querida,
Tu que se rio és toda riso e flores
E que soluças se me vês sentida,
Nunca me deixes, que se além te fores,
Eu morrerei pois vivo em tua vida!...
A vida - balada
à Laly
jan 1912
Anna Amelia de Queiroz
Não vês um barco, querida,
Que o vento ao longe conduz?
Eis que me vem lembrar
Que a vida é um barco a boiar
Perdido no infindo mar.
Onde vais barco da vida?!
Que buscasm batel sem luz?!
O navegante, querida
Busca um clarão que o seduz;
Crê, espera, e está contente
Que assim o leve a corrente
Oara o clarão reluzente.
Onde vais, barco da vida?!
Que buscas, batel sem luz?!
- Em carta de 12 jun 1913 [Laly para JJQJr] Muito obrigada pelo caderno de história inglesa que mandaste, vamos continuar a estudá-la, o que me agrada muito, pois é muito interessante. ... Agora vou começar a preparar as lições para terça feira que ainda não fiz nada!
- Em carta de 11 mar 1915 [Laura para JJQJr] Como te disse ontem, a poetisa amiga de Anniquinha e Laly e discípula da ângela Vargas, pediu-me para levá-las hoje à aula de dicção. Marcou das 3 às 3 1/4 no relógio da Glória... Levou-nos à rua Benjamim Constant, onde mora a Mlle. Vargas, numa casa magnífica e muito bem mobiliada. Assistimos as recitações das alunas que eram hoje 11. Apenas a Lia Hime diz bem, as mais são infinitamente inferiores a Laly. Depois de dizerem todas as moças, ela disse a Laly que sabia que ela dizia também e pedia-lhe que dissesse alguma coisa; Laly fez uma fitinha, mas depois disse o Pelicano; disse muito bem, mas muito nervosa. A ângela cumprimentou-a muito e viu-se que ela gostou mesmo. Já se sabe, falou logo em tê-la como discípula e que em 4 meses faria muito dela! Em fim foi muito amavel e a nosso pedido recitou Camões. Gostei muito, muito. Foi uma tarde agradável.
Doce certeza
1915
Laura Marcariga de Queiroz - Laly
Debruçada à janela em ti pensava
Fitando as várias flores do jardim
Mas uma ideia atroz me atormentava
Ele estará também pensando em mim?
O girassol de cabeleira flava
à rosa, ao lírio, aos cravos, ao jarmim
A todos, ansiosa eu perguntava
Se tu estavas também pensando em mim
Ficou mudo o jasmim, o lírio e o cravo
E o girassol indiferente e flavo
E a rosa, a rir, sanguínea de ...
Eu ... ... tanto, sem tristeza
Porque no coração tinha certeza
De que estavas também pensando em mim
- Em 12 out 1916 [A Notícia - Pé de coluna] no rink do Fluminense F.C. entre as graciosas demoiselles que se entregaram aos prazeres da patinação: entre outras, Laly e Anna Amélia de Queiroz.
- Em 1924, de abr a dez, foi à Europa com sua mãe. A primeira notícia de Lisboa é do dia 11 abr 1924, onde estão hospedadas no Hotel Borges, que ficou sendo o local de hospedagem da família até a década de 1980. Em 24 abr estão no Porto. Em 30 abr partiram do Porto para Figueiró onde ficaram 9 dias, com os parentes de quem ficamos gostando sinceramente. Em 10 maio de volta ao Porto, partiram em 11 maio para a Espanha. Em 6 de junho, carta de Paris. Em 20 jun em Reins. Em 2 jun Londres, hotel Belgravia, Grosvenor Gardens, Victoria, London SW1. Em 16 jul em Bruxelas. Em 25 jul em Frankfurt. Em 2 ago Berna. Em 3 ago Genebra. Em 4 ago Lausane. Em 8 ago Milão. Em 13 ago Brescia e 14 ago Veneza. Em 24 ago Florença e em seguida Roma. Em 2 set Nápoles. Em 12 set Gênova. Em 27 set de volta em Paris. Em 12 out Madri, saindo a caminho de Portugal.
- Em 15 jun 1927 [A Noite] Sem Fio - programa para hoje: às 21 horas 5 minutos: concerto no estúdio da Radio Sociedade - programa do concerto - entre outros: a musa (poetisa Laura Margarida de Queiroz), o poeta: Guy de Maupant.
- Em 6 jul 1927 [Correio da Manhã] Radio Sociedade (Onda 400 metros), às 9:05 horas Programa lítero-musical com o concurso de entre outros: Anna Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça, senhorita Laura Margarida de Queiroz e Sr. Guy de Maupant.
- Em 24 nov 1927 [Gazeta de Notícias] Basta dizer que a protagonista de Eva, será a senhorita Laura Margarida de Queiroz, a extraordinária poetisa brasileira. A seu lado, outros elementos de méritos equivalentes encontram-se vivamente empenhados na realização perfeita dos nobres fins da Sociedade de Cultura Teatral, a quem Alberto de Queiroz, o cintilante, está dando o melhor de seu espírito e de sua alma.
- Em 26 nov 1927 [Gazeta de Notícias] Na noite de segunda feira próxima, a Sociedade de Cultura Teatral, fundada pelo fino escritor e abalizado crítico Dr. Alberto de Queiroz, fará sua apresentação ao público carioca, no palco do Municipal. Representar-se-á Eva de Paulo Barreto com a senhorita Laura Margarida de Queiroz, na protagonista.
- Em 29 nov 1927 [Gazeta de Notícias] Eva, de João do Rio, pela Sociedade de Cultura Teatral - ... Mas... Mas falemos nos intérpretes de Eva. Evitamos outro lugar comum: a senhorita Laura Margarida de Queiroz é uma revelação. Seria para quem não a conhecesse. Porque quantos sabem ser ela um dos talentos mais luminosos que nossa raça tem produzido, só poderia esperar o que viu: uma reafirmação maravilhosa de seu temperamento excepcionalmente sensível. Interpretando Eva, a senhorita Laura Margarida de Queiroz foi bem essa esfinge decifrada - a mulher de que nos fala o genial Wilde. A senhorita Laura Margarida de Queiroz provou apenas que ser uma grande artista não é privilégio apenas de certas raças e determinadas civilizações. é humano. Daí seu triunfo incomparável. Muito poucas figuras do porte artístico dessa fina poetisa tem pisado o palco do Municipal. Com justiça, sem galanteria, imparcialmente, deve-se reconhecer que a senhorita Laura Margarida de Queiroz ligou seu nome à história do teatro universal. Na cena amorosa, ironicamente amorosa, do 2 ato e na violenta do 3, ambas com Jorge a senhorita Laura Margarida de Queiroz fez passar como um caleidoscópio, toda a gama de um temperamento multiforme e de exceção. Laura Margarida de Queiroz é, já de si, o triunfo magnífico do teatro brasileiro. Temos razões para duvidar: Laura Margarida de Queiroz foi Eva, ou Eva é Laura Margarida de Queiroz? Chi lo sa.
- Humberto Braga (que depois casou-se com Alcina Diniz), ia visitar D. Laura e Laly que estavam no hotel em Lisboa. Na rua, por acaso encontrou seu amigo Joaquim Costa e o levou-o consigo. Joaquim apaixonou-se à primeira vista por Laly.
- Em 6 fev 1929 - na noite do dia de seu casamento mudaram-se para a Usina Esperança tomando o trem noturno e lá chegando dia 7 fev 1929.
- Em cartão postal de 2 ago 1937 [Laly para Laura] estava com seu marido Joaquim Costa, em Zurique, indo para Munique. Em cartão de 23 ago 1937 a bordo do RMS Almanzora, saídos de Londres a 21, diz: Nem acredito que amanhã às 8 da manhã já poderei ver as 2.