- Em 1894 - Transcrição do registro de batismo em Mogi Mirim:
Certifico que no livro 18 à página 113 de Registros de Batismo da Paróquia de São José, em Mogi-Mirim - SP, nesta Diocese, encontra-se o seguinte termo, que passo a rezar: Aos vinte e nove dias do mês de Junho de mil oito centos noventa e quatro anos, na matriz desta Paroquia de São José de Mogi-mirim, batizei solenemente a José, nascido a trinta de Maio daquele ano, filho legitimo de José Bueno e de Dona Anna Rita Silvado Bueno. Foram padrinhos os avós maternos Alferes Francisco Antônio da Silva Silvado e sua mulher Dona Antônia Thereza Leite Silvado. Todos fregueses desta Paroquia. O Vigário Colado Conego João Evangelista Braga. Por ser verdade mandei lavrar este documento, que assino. Amparo, 12 de Junho de 2008 Pe. Candido Eduardo da Costa, Chanceler e Maria Elisa Cau Arpício, Notária.
- Em 1911 e 1912 - José Silvado Bueno frequentou o Instituto Evangélico de Lavras, MG, do qual era diretor o Rev. Samuel Rhea Gammon (*Bristol, 30 mar 1865 †Lavras, 4 jul 1928, pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, tendo sido seu presidente entre os anos de 1900 e 1903. Foi responsável pela mudança do Instituto Presbiteriano Gammon da cidade de Campinas, SP, para a cidade de Lavras, MG, em 1892 e também o idealizador da Escola Agrícola, fundada em 1908, que é a atual Universidade Federal de Lavras). Tudo leva a crer que o Rev. Gammon conseguiu para José Silvado Bueno uma bolsa para estudar veterinária em Iowa, USA. A saga dessa viagem aos Estados Unidos está a seguir na transcrição de artigo publicado em Nova York em abr 1920.
- No final de 1912 e início de 1913 vai de férias para o sítio Forquilha em Jacutinga, sul de Minas, passar férias em companhia dos "meus únicos parentes, os meus irmãos" o que leva a crer que o pai também já fosse falecido.
- Em 9 abr 1913 embarca no SS Vasari para os Estados Unidos.
- Em 22 abril 1913 Programa da Festa Esportiva, Literária e Musical promovida pela colônia brasileira a bordo do navio, em comemoração à data do Descobrimento do Brasil. Dentre as diversas atividades, corrida de batata e polvilho para cavalheiros: entre outros, José Bueno.
- Em 28 abr 1913 chega a Nova York e aparece na lista de passageiros chegados na Ellis Island: Bueno, José, chegada 28 abr 1913, local de residência São Paulo, Brazil, 20 anos, solteiro.
- Em 29 abr 1913 pega o trem até Pittsburgh onde faz baldeação para Chicago e depois ao eu destino final, Greene, Illinois.
- Em 3 maio 1913 começa a trabalhar numa fazenda com o salário de $25 dólares por mês.
- Em 15 set 1913 matricula-se no Iowa State College, departamento de Veterinária, em Ames, Iowa, onde em 1913/1914 cursou: criação animal, agronomia, botânica, física, álgebra, trigonometria e química, anatomia e histologia.
- Em 9 set 1914 decide se transferir de cidade e se matricula no COE College, Cedar Rapids, Iowa - No semestre 1914-1915 cursou: inglês, francês, Bíblia: história dos Velho e Novo Testamentos, psicologia, história da Europa ocidental e ginástica. No semestre 1915-1916 cursou: Bíblia: história dos Velho e Novo Testamentos, sociologia, ética, francês, oratória, lógica, espanhol, voz, fez treinamento físico e participou do coral
- Em 16 fev 1916 [ carta de 22 jun 2020 de Michael Vogt, curador do Iowa Gold Star Military Museum] José Silvado Bueno se alistou na Iowa National Guard onde serviu até 25 ago 1916 no Camp Dodge, sede dos Iowa Guardsmen e seu principal campo de treinamento. Foi Federalized for service on the Mexican Border, (ver carta de Lena Smith) mas foi licenciado 2 meses depois para cuidar de "parente dependente".
- Em 14 jun 1916 graduou-se Bachelor of Arts, major: Bible (certificado emitido em 11 jun 1952).
- Em 28 dez 1916 - Cedar Rapids - 119 South 13th street, residência de Maude Smith, a noiva, onde foi realizado a cerimônia de casamento, celebrada pelo reverendo Scott Winfield Smith, pai da noiva.
- De set 1916 a jun 1917 - Wheeling, West Virginia, USA, professor de espanhol no High School para o ano letivo 1916-1917.
- Em jun 1917 - Cedar Rapids, Iowa - no verso de foto tirada em Cedar Rapids, endereço era: Prof J.S. Bueno 119 SO 13th street
- Em set 1917 8 a jun 1918 - Contratado como professor na Universidade Estadual de Indiana.
- De jun 1918 a abr 1920 - New York & Brooklyn, NY, Assistant Manager no departamento de exportação para o Brasil da empresa WR Grace & Co.
- Em abr 1920 publicou o artigo a seguir localizado no arquivo da Public Library of New York.
EL ESTUDIANTE LATINO-AMERICANO
Vol. III New York, NY, Abril, 1920 - No. 4
Experiências de um estudante pobre nos Estados Unidos
Lavras é uma das cidades mais antigas e importantes do grande estado de Minas, Brasil. Não é o que se possa chamar bela, nem moderna, no entanto muitos dos fatores que contribuem para o progresso de um lugar tem colocado Lavras altivamente no mapa de Minas. Entre estes fatores que tenho em mente, supera sem dúvida alguma o famoso Instituto Evangélico de Lavras, fundado pelas Missões da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América do Norte.
Foi naquele recanto saudoso de Minas, em 1912, depois de uma aula de inglês, numa dessas tardes amenas de primavera que eu e o meu professor conversávamos à sombra de um arvoredo, sobre as grandes possibilidades que ofereciam os Estados Unidos aos rapazes estrangeiros, aos espíritos fortes que não temessem o trabalho árduo. Ouvia ao professor com imenso interesse e mesmo com desejos de algum dia ter o privilégio de visitar a grande democracia do Norte.
"Vê aquele rapaz?" - e apontando para um moço dos seus vinte anos de idade continuou: "Disse-me hoje que não trabalharia uma hora por dia na ferraria, carpintaria ou tipografia, conforme as regras do colégio, porque nunca trabalhou na sua vida" - e acrescentou o professor, "porque é filho do Dr. ...." Tocando-me no ombro, continuou o meu amigo: "O rapaz brasileiro José necessita aprender a trabalhar; desprender-se das garras do "dolce far niente" e tirar do pensamento a ideia de que unicamente o médico, o advogado ou o engenheiro tem um lugar no que chamam de sociedade, mas os homens que trabalham com as suas próprias mãos, se não são desprezíveis passam ignorados pelas melhores camadas." "Nos Estados Unidos os filhos de Doutor, etc., na maioria dos casos são obrigados a trabalhar para se educarem e se recebem auxílio pecuniário é somente uma fração. O trabalho no meu país é uma honra; os pais e os amigos estimam com entusiasmo ao rapaz que se forma pelo seu próprio esforço e na maioria dos casos são estes os que se tornam os verdadeiros arrimo da família e defensores da Pátria".
Passaram-se semanas e meses. Em outras ocasiões tivemos a oportunidade de voltar ao assunto. Interessava-me saber mais e o professor mostrou-se desejoso de fazer mais conhecido o seu país natal. Chegaram as férias. Já com que saudades não partíamos de Lavras de volta ao lar paterno. Eu fui um dos que disse adeus a Lavras. Não era somente a Lavras. Adeus à Escola, aos meus colegas, aos meus professores, aos bons tempos que passei entre as paredes benditas daquele estabelecimento de ensino, onde por dois anos gozei as influências benéficas ao corpo, ao intelecto e à alma. Já sabia que partiria para os Estados Unidos. Queria ir e aprender como o jovem de 15 anos [Nota: Na verdade tendo nascido em 1894, em 1913 já teria 19 anos] se eleva pelo esforço do seu próprio trabalho.
Meses benditos passei no Sitio da Forquilha em Jacutinga, Sul de Minas. Lá em companhia dos meus únicos parentes, os meus irmãos, passaram-se os dias, céleres como o vento duma tempestade!
Em 4 de abril (1913) parti em demanda ao Rio e lá tomei o luxuoso transatlântico Vasari, que após 17 dias de viagem sobre plácido Atlântico nos trouxe ao porto de Nova York na manhã do dia 29.
Se mais tarde não tivesse voltado a Nova York, certamente que coisa alguma poderia falar sobre esta cidade monstra que encerra a população de países. E mesmo depois de ter residido em Nova York durante 2 anos e procurado saber um pouco do que fosse de interesse para o estrangeiro, devo confessar que deixo esta princesa Yankee conhecendo-a muito pouco.
Desembarcando às onze da manhã pensei ser de melhor alvitre continuar a minha viagem para o Oeste dos Estados Unidos e a ideia de que podiam me roubar os únicos $30.00 que possuía, afligiram-me de tal modo que só tive tempo de transportar as malas para a Estação da Pennsylvania e às seis daquela tarde uma possante locomotiva elétrica puxava os pesados vagões dormitórios sob o rio Hudson e no outro lado no estado de Nova Jersey, uma outra locomotiva à vapor tomou a carga para aquela noite e o dia seguinte. A princípio não quis dormir, nem era-me possível conciliar o sono. Tinha me acostumado com a marcha como que sossegada do vapor e a corrida vertiginosa do trem crepitava-me até a medula dos ossos. Finalmente tive que ceder. A cama estava convidativa e o dia tinha sido cheio de labores.
Muito para a minha grande surpresa, acordei-me às oito do dia seguinte com um beliscão do criado (porter) e à moda da terra respondi em pronúncia macarrônica: al-l r-right. Suspendi a cortina. Fora os postes telegráficos e os objetos mais próximos pareciam que voavam em direção contrária ao trem. Por cinco ou dez minutos, deitado no confortável leito, meditei. Realmente estava em território americano e longe, muito longe da minha pátria. Tinha realizado um dos meus maiores desejos, o de conhecer os Estados Unidos. Agora era preciso encarar a realidade dos fatos e lutar com valor. O pensamento de um fracasso não me preocupava, pois sempre acreditei que o homem, bem disposto e trabalhador sucederia quer na China, no Brasil ou os Estados Unidos.
Dentro de algumas horas chegamos em Pittsburgh, o grande centro de ferro, aço e carvão de pedra ds Estados Unidos. Aqui fizemos baldeação à uma da tarde. Já havíamos atravessado diferentes estados e que contraste entre os panoramas daqui e os da minha terra. Em maio os arvoredos e os campos que durante o inverso estiveram cobertos de neve e gelo, começam a brotar novamente. Mas, tudo para mim estava morto; as árvores sem folhas, os campos como que abandonados, apresentavam um aspecto triste. A experiência é dura para o estrangeiro da América do Sul, onde o frio raramente afeta a verdura dos campos e das matas e os pássaros gorjeiam tanto no verão como no inverno! Mas o desejo imenso de alcançar supremo êxito e um dia volver à pátria amada triunfante e ufano, equilibrava a dor pungente da nostalgia ainda mais intensificada pelo contraste total do meio.
Das sete da manhã até cinco da tarde daquele dia, passei sem comer. Não por falta de comida no trem pois todo o comboio que vai de Nova York a Chicago leva um luxuoso carro restaurante. Servem-se pratos à la carte, unicamente nas horas designadas de refeições. Geralmente das seis às oito da manhã, das onze às duas da tarde e das cinco às sete da tarde. Fora destas horas não se come no carro restaurante. Mais ou menos às três da tarde decidi que "estômago vazio era mau remédio para nostalgia". Revesti-me de toda a coragem e depois de ter estudado o que pediria, fui para o carro restaurante. Sentei-me e imediatamente veio um copeiro que me disse muita coisa que não compreendi. Como ninguém se decidisse a me servir voltei para o meu lugar com a sinistra ideia de que teria de viajar sete horas mais com o estômago a roncar de fome. Mais ou menos às cinco, notei que um copeiro todo fardado de brim branco, passava anunciando algo que para mim era o mesmo que "uma voz clamando no deserto", não o entendia. Após alguns minutos veio um mulato de volta do primeiro carro, parou onde eu estava e em boa pronúncia espanhola disse-me: "Senhor quiere vd. comer ahora?" Estava eu sonhando ou de fato alguém me falava numa língua conhecida? Que doce realidade! Já não morreria de fome desta vez! Comi abundantemente e o bondoso copeiro embolsou a compensação devida.
às nove e meia da noite o nosso trem entrou triunfante na estação de Chicago, a cidade de mais movimento comercial e industrial do centro (Middle West) dos Estados Unidos. Aqui era necessário tomar um outro trem numa diferente estrada de ferro e a estação ficava longe. Pedi a um velhote cocheiro de um carro de praça que me transportasse para a estação da North Western Railway. O bom velhote pediu-me que lhe mostrasse a passagem o que fiz depois de ter hesitado um momento. Disse-me muita coisa em inglês, entendendo eu em parte, que apresentando a passagem ao cocheiro de um outro carro de praça que estava ao lado, me levaria e as malas sem ter de pagar coisa alguma. De fato o bilhete dava-me direito de transferência de uma estação para outra gratuitamente, como também o transporte de toda a minha bagagem de Nova York até o ponto de destino. "Bom velhinho, disse comigo, até agora só tenho encontrado os honestos".
às sete da manhã seguinte desembarquei no ponto de destino.
Greene é uma pequena cidade de umas 1500 almas. Bonitinha e cheia de vida. é o centro onde os fazendeiros que moram a uma distância de uma a duas léguas vem se abastecer de mantimentos, maquinas, etc.. Com um dicionário inglês em punho comecei a luta. Necessitava aprender a pensar em inglês. O que precisava dizer e não sabia, o meu grande amigo dizia por mim. Se me perguntavam algo que não entendia, o intérprete fiel vinha ao meu socorro. Em maio três, principiei a trabalhar numa fazenda a $25 dólares por mês. Aprendi a preparar o terreno cientificamente, semear, cultivar e colher. Foi uma grande experiência que obtive no famoso estado de Iowa. Lá se produz muito milho, aveia, cevada e trigo e se criam talvez mais porcos que em qualquer outro estado da União, a criação de gado bovino e lanar sendo considerável.
Talvez a minha maior dificuldade logo depois que pisei em solo americano, foi a questão de comida. Os menus geralmente são bem variados. No entanto para o brasileiro que está acostumado com a refeição principal de feijão e arroz e raramente alguma carne, vê-se atrapalhado num hotel ou restaurante americano. A variedade de carnes é abundante. A batata frita ou cozida é infalível. A comida do americano na sua própria casa, exceto nos centros mais populosos, é um contraste da comida de hotéis e restaurantes. Os legumes prevalecem e abundam os pratos doces. Os seguintes são típicos: batata cozida, favas (lima beans) feijão verde, cebolas, saladas de alface ou repolho com ou sem açúcar, leite, fatias de tomates com sal ou açúcar e geralmente geleias de maçã, moranguinho, amoras e muitas outras frutas. No começo devo confessar que detestava este mau gosto. Agora sou adepto da comida americana.
Em 15 de setembro de 1913 matriculei-me no Iowa State College, no departamento de Veterinária em Ames, Iowa. A princípio pensei mesmo que era totalmente impossível encetar os meus estudos sem um conhecimento mais adequado da língua inglesa. Mas já tinha gasto três quartos das minhas economias em matrícula, livros, etc., não havendo outro procedimento se não enfrentar a luta. A minha primeira lição de anatomia custou-me sete horas de estudo. Tinha que traduzir para português todos os vocábulos desconhecidos, que por sinal eram muitos, e depois estudar a lição. Lutei desesperadamente para manter a média mais alta da classe. éramos uns trinta e tantos e eu o único estrangeiro. Depois de três meses o inglês já não consistia obstáculo. Mas agora faltava-me o dinheiro. O meu bom irmão João - paz à sua alma - [Nota: na época da publicação desse artigo, seu irmão João havia morrido assassinado em Jacutinga, MG, em maio de 1918] já me havia auxiliado com certa quantia e eu não queria de modo algum escrever-lhe sobre o assunto. Colocações andavam difíceis nos Estados Unidos. Em Ames éramos uns três mil estudantes e um terço deste número tinha que trabalhar para manterem-se nos estudos. No dia em que paguei adiantadamente o aluguel de quarto e comida para a seguinte semana, vi-me à brasileira "pronto". Dentro de poucos dias dias arranjei com algumas famílias para lavar casa, lavar vidraças, cortar grama dos jardins, etc., trabalho este que me trazia a importante quantia de 25 centavos por hora. Mudei-me para um quarto mais barato e com os $2 ou $3 dólares que conseguia assim juntar semanalmente, deu-me para que não perecesse de fome ou sem abrigo até o fim do primeiro semestre.
Deixar os estudos no segundo semestre estava fora de questão. Se bem que com grandes dificuldades poderia continuar trabalhando para pagar aluguel de quarto e comida, onde arranjaria o dinheiro necessário para pagar novamente matrícula, livros, etc.? Penalizava-me a simples ideia de ver os meus primeiros esforços derrotados no primeiro ataque!
Foi numa dessas belas manhãs de janeiro, quando tudo fora estava coberto de neve e o termômetro registrava 20 F abaixo de zero e quando a indecisão sobre tudo me preocupava, que recebi uma carta do Chefe do Departamento de Matrículas (Registrar), pedindo-me que comparecesse no seu escritório imediatamente. Fui.
Um cavalheiro que julguei estar nos seus cinquenta e tantos anos de idade, extremamente bondoso, pediu-me que me sentasse e após ter despachado alguns trabalhos da ocasião, começamos a conversar. Perguntou-me sobre o Brasil, sobre o colégio de Lavras, sobre a viagem que tinha feito, sobre os trabalhos na fazenda e outros assuntos. Depois desta conversa singular e de tanto interesse para o meu interlocutor, com um sorriso de satisfação disse-me mais ou menos o seguinte: "O comitê de prêmios de matrícula (scholarship) me incumbiu de lhe fazer entrega deste cheque por ter o meu rapaz alcançado a média mais alta durante o semestre em anatomia". Tomei-o e abri: $50 dólares! Eu não sabia se havia de agradecer primeiramente ao bondoso cavalheiro ou se havia de rir ou chorar de alegria. Depois que cheguei no meu quarto o que aconteceu foi o que mencionei por último, desabafei-me à vontade. Evidentemente a mão poderosa do Senhor me guiava! Após alguns dias de férias para todos, menos para mim, começou o segundo semestre e de fevereiro a junho continuei travando a mesma luta. Aqui será bastante dizer que consegui terminar o meu primeiro ano universitário. Horas depois do último exame final, tomei o trem para Greene onde trabalharia durante o verão e ao mesmo tempo me prepararia fisicamente e pecuniariamente para a próxima batalha em setembro.
Durante o verão de 1914 colocações em fazendas andavam muito escassas. O fazendeiro geralmente toma alguém que comece a trabalhar de meados de abril até fins de outubro, ou seja desde o plantio de milho até a colheita e agora era meados de junho.
Assim que cheguei em Greene compreendi a situação e como não podia perder tempo, aceitei de um amigo o trabalho de descarregar um vagão imenso de carvão de pedra. Pedras enormes que às vezes precisavam ser quebradas com uma barra de ferro, tomá-las no pulso, arrojá-las no depósito. Durante uma semana, queimando ao sol ardente, descarreguei o tal carvão, trabalhando pesado e longe de ser limpo. Felizmente um rio atravessava a cidade e em certos pontos podia-se tomar banho. Salvou-me o embaraço pois de outra maneira seria eu o único preto da cidade! Terminado este trabalho, que fazer? Ganhar e o quanto mais possível era o meu alvo. Não importava a qualidade e quantidade de trabalho. Por intermédio de um amigo fui contratado por um empreiteiro de drenagem de campos à $2 dólares diários e neste trabalho fiquei até setembro. Para o leitor que talvez não saiba o que é drenagem dos campos, darei breve descrição:
Existem terrenos úmidos e mesmo pantanosos que podem ser aproveitados para serem cultivados, secando-os. O agrimensor traça a direção, profundidade e declive das valas e os trabalhadores abrem-nas com pás especiais. A água é canalizada por meio de tubos de barro (tiles) indo-se despejar em algum riacho. Desta forma se aproveitam grandes quantidades de terrenos aráveis nos Estados Unidos.
Por algum tempo antes de partir de Green, refletia sobre a impossibilidade de continuar os meus estudos em Ames, sem mais dinheiro do que então dispunha. Outras universidades e escolas profissionais ou eram situadas em lugares pequenos onde a questão de escassez de trabalho constituía o meu grande problema, ou estavam tão longe que as minhas economias seriam gastas só em estrada de ferro. Conversando com um amigo íntimo, aconselhou-me que fosse para a cidade de Cedar Rapids, perto de Greene, onde havia o esplendido colégio, Coe College. Mas, esta mudança importava que cortasse a carreira de veterinária, porque Coe College só oferece cursos universitários de Ciências, Letras e Música. Mas, o que seria pior, continuar a trabalhar como um cão pelo simples bocado que me sustentava o corpo ou estudar alguma coisa?
Numa dela tarde em meados de setembro quando as folhas já começavam a cair sobre os campos verdejantes, anunciando a volta do inverso incremente, despedi-me de Greene, de viagem pata Cedar Rapids. Cheguei às tantas da noite. No dia seguinte procurei o presidente do Colégio (College) e contei-lhe a minha história. Vim aprender aqui um meio muito singular pelo qual rapazes pobres e até mesmo moças se mantém, estudando. Se alguma família tem um quarto especial, cede ao rapaz que durante o inverso irá tomar conta da fornalha do aquecedor (furnace) e durante a primavera irá tratar dos jardins e hortas. Os restaurantes e casas de pensão fornecem uma ou duas refeições ao rapaz que se prestar como copeiro, lavador de pratos, etc..
Imediatamente arranjei um quarto e um lugar numa pensão, com o seguinte horário: 4:30 da manhã - levantar e uma hora de estudo. 5:50 - limpar a fornalha e preparar o fogo. 6:00 - começavam os meus trabalhos de copeiro, terminando às 8:00, com meia hora para o almoço e andar cinco quarteirões para assistir as aulas da manhã. às 12 verificava a fornalha e corria para a pensão até 2 da tarde, volvendo para as aulas da tarde. Das 6:00 às 8:00 desempenhava novamente as funções de copeiro. Execute-se todo este processo de 15 de setembro 1914 até 15 de junho de 1915 e chame-se isto o meu segundo ano universitário. A tarefa era espinhosa. Hoje rio-me das fotografias que tirei nesse tempo. Bem podiam ser comparadas com o famoso (New Jersey mosquito), o pernilongo de Nova Jersey.
Meses antes de se terminarem as aulas já havia escrito a um bom amigo de Greene e desta vez poderia ir trabalhar na fazenda por todo o verão. Dias felizes passei com a família Cheney.
Que estas linhas registrem a minha gratidão , pela fidalguia e amizade com que trataram o simples arado e cultivador de terras.
Foi durante esta ocasião que a Grande Guerra estalava na velha Europa com consequências fatais para os seus habitantes. O povo americano procurava então captar a simpatia e o comércio da América Latina. Resultado de inúmeros artigos escritos sobre a América do Sul em revistas e jornais, as sociedades e clubs literários e igrejas se apoderavam de algum nativo a fim de os informar mais diretamente sobre o imenso e misterioso continente Sul Americano. Em Greene me procuravam todas as igrejas, para falar sobre o Brasil. Como sabia que era pobre, resultava que depois de cada conferência, a pessoa encarregada pedia ao público uma "coleta de niqueis" (silver offering) para compensar o conferencista. Noutras ocasiões recebia um envelope contendo o precioso metal, muito para a minha grande alegria. Resultou desta agradável experiência a minha decisão em preparar duas conferências com os seguintes títulos: Brazil and the Brazilians (Brasil e os brasileiros) e Brazil, it's social, educational and religious problems ( O Brasil e o seu problema social, educacional e religioso). Estas conferências foram efetuadas diversas vezes em Cedar Rapids e Marshalltown, sendo a primeira ilustrada com fotografias, que tiveram a fineza de me emprestar a Brazilian Student's Association (Associação de Estudantes Brasileiros). De volta para Cedar Rapids mortificava-me a ideia de ter de passar dois anos mais por aquele verdadeiro calvário de trabalhos e estudos. Porque não fazer um sacrifício supremo e terminar o curso em mais um ano unicamente? Refleti e planejei o trajeto que deveria seguir. Era-me possível faze-lo tomando o máximo de matérias que o College permitia e mantendo uma certa média requerida. Finalmente revesti-me de toda a coragem e resolvi experimentar um semestre. Tinha conseguido acumular certa quantia que me garantia o aluguel do quarto durante esse tempo e talvez as minhas conferências me proporcionassem bastante para o segundo semestre. Não deixei de ser copeiro. Os gastos de comidas sempre são bastante altos e a economia que se faz , ganhando-se desta maneira o "pão de cada dia", conta-se em dezenas de dólares no fim do ano. No entanto já não era na pensão que trabalhava agora, mas num restaurante que a gíria chama frege é que ganhava o combustível indispensável. O meio era sujo e corrupto. O patrão era um velho irlandês malcriado. Eu o aturava pelo prato de batatas, pão e carne que comia duas vezes por dia e ele, por sua vez, me queria pelo serviço que lhe prestava e, troca da miserável porção de alimento que recebia.
Venci com imensas dificuldades o primeiro semestre. Os estudos eram difíceis e o trabalho me tomava muito do precioso tempo. Em meados de dezembro os estabelecimentos de ensino nos Estados Unidos geralmente concedem duas semanas de férias. Um tanto enfermo e nervoso da tarefa, resolvi tomar as minhas primeiras férias neste país, deixando um colega no meu lugar até que voltasse. Voltei no fim das duas semanas e bem disposto. Muito para o meu desconforto, o meu colega tinha decidido visitar a família e o velho St. Patrick havia tomado um outro estudante no meu lugar. Corri as ruas de Cedar Rapids noite e dia em procura de um lugar. Consegui novamente um de lavador de pratos num restaurante. Mas, nem mesmo esta pechincha durou. No meio da minha grande batalha, em meados de abril, um pobre desgraçado que não tive a curiosidade de conhecer e que tinha sido freguês do restaurante por muito tempo, perdeu o emprego e andava quase a morrer de fome. O patrão compadeceu-se de meu pobre "irmão", pondo-me no olho da rua de um dia para o outro, para dar-lhe o meu lugar. Resignei-me com o acontecido. Dia após dia andei a procura de emprego, sem sucesso algum. As economias que estavam guardando para a taxa do diploma, roupas, etc., foram-se
Fiquei reduzido a pão seco e água por alguns dias e finalmente à água somente. Retirar-me do College dois meses antes de me formar era um absurdo. Visitei um meu amigo Assistente Secretário da YMCA de Cedar Rapids e contei-lhe a minha história - "Não te aflijas", disse-me o bondoso senhor. "Por ora toma este cartão e poderás tomar duas refeições por dia no restaurante da Associação. Esta tarde vem à minha residência que minha mulher terá trabalho para si". Fui e depois desse dia, durante as horas vagas ia limpar a neve da calçada ou fazer outros serviços pelo que era pago liberalmente. Senhor Deus! Talvez na minha própria terra não tivesse encontrado corações tão hospitaleiros e generosos.
Continuei procurando emprego, pois não queria abusar da bondade destes meus segundos pais. Achei-o numa casa de máquinas agrícolas onde ia às tardes, subscritar envelopes à razão de 20 centavos por cento. Agradeci aos meus benfeitores pelo conforto que me proporcionaram e auxílio durante umas três semanas, mas agora já tinha emprego até que se terminassem as aulas. Estávamos em pleno maio, sem neve para limpar e um tanto cedo para os trabalhos de hortas e jardins. Uma bela tarde fui trabalhar como de costume, mas oh decepção! Já não me necessitavam. Eu sem um centavo no bolso, mesmo para a ceia daquele dia. Desesperado resolvi deixar os estudos e atirar-me em qualquer trabalho. Que ao menos não passasse fome! Mas a Divina Providência sempre vem ao socorro dos que justamente necessitam. Quando saia do escritório meio chorando, meio maldizendo o dia que pensei em vir estudar nos Estados Unidos, encontrei-me com um amigo negociante de máquinas. Percebeu que algo de extraordinário passava-se e depois de haver insistido, contei-lhe toda a velha história. "Não, meu caro rapaz. Não será necessário deixar os estudos. Por ora tome este dinheiro e procura-me no meu escritório amanhã. Veremos o que se poderá fazer". Contentíssimo com o que havia passado, fui diretamente a um restaurante e depois de uma abundante refeição que há muitos dias não comia, retirei-me para o meu quarto, tranquilo e desejoso de que algum dia o Senhor me habilitasse para pagar duplamente aos meus benfeitores nos Estados Unidos. No dia seguinte procurei o meu amigo. Comunicou-me que havia depositado com o tesoureiro do College certa quantia e que eu podia retirar o necessário até que se terminassem as aulas.
Formei-me.
Custaram-me privações e angústias de toda a espécie; até mesmo fome; mas atingi o alvo.
Contratado pela High School de Wheeling, W. Va., fui lecionar línguas durante o ano letivo de 1916-1917. Paguei tudo o que devia dos meus primeiros ordenados. Mas, Senhor Deus, aquela afeição, aquela dedicação desinteressada dos meus segundos pais, aquela hospitalidade! Como hei de pagá-los? No seguinte ano fui contratado pela Universidade Estadual de Indiana e neste estabelecimento lecionei durante 1917-1918.
Terminado o ano letivo de 1918, vim para Nova York onde até hoje trabalho no comércio exportador. Jamais pensei que de aspirante a veterinário me tornasse comerciante.
Prezado leitor: Não seria justo que terminasse este esboço da história da minha vida como estudante neste país, sem que chamasse a vossa benévola atenção para o seguinte: A ideia que o sul americano geralmente tem do americano é de uma pessoa egoísta, intratável e inóspita. Essa noção é errônea e injusta. Desta história bem podeis ver que o americano mesmo é hospitaleiro, desinteressado e honesto. Do pobre e ignorante cocheiro ao educado. Eu também sustentei ideias falsas sobre este grande povo, ideias próprias, unicamente dos pedantes e dos ignorantes. Alguns talvez conheçam Nova York e gabam-se de conhecer os Estados Unidos; conviveram com as classes menos desejáveis e afirmam que conhecem o americano. Ninguém deve afirmar que conhece os Estados Unidos se ainda não teve o privilégio de morar nesta país, onde a população é realmente americana. Quer o amigo conhecer o americano genuíno? Vá passar uns tempos em Iowa, Indiana, Virgínia, Kansas, Colorado e outros muitos estados da União. Lá o encontrará generoso, educado, hospitaleiro como não existe outro povo sobre a terra.
Se o amigo é estudante ou pretende estudar nos Estados Unidos, permita dizer que o maior erro que o rapaz sul americano possa cometer é implantar-se em Nova York ou em outros centros como Chicago, St. Louis, etc.. Em tais lugares as distrações e o vício traduzem-se, vezes muitas, em ruína para o rapaz. Os sonhos de receber uma educação firme neste país e volver à pátria amada com a Palma da Vitória, na maioria dos casos destroem-se nas atrações de Nova York. E muitas vezes com os castelos bem formados, extinguem-se a boa intenção, a coragem, a honestidade e quantos não tem sido os casos que terminaram-se em completa perdição.
- Em 15 maio 1920 - Rio de Janeiro
- Em 20 maio 1920 - São Paulo
- Em 28 maio 1920 - Campinas
- Em jun e jul 1920 - Jacutinga, MG - fazenda de Joaquim Cardoso
- Em 15 jul 1920 - Escola Agrícola, Lavras, MG
- Em nov a 28 dez 1920 - Santos
- Em 23 dez 1921 embarcou com a família para Nova York.
- Em 16 jan 1922 [New York Passenger Arrival Lists (Ellis Island)] Passageiros chegados no dia 16 jan 1922 pelo SS Curvelo (ex german boat, Lloyd Brasileiro) vindos de Santos, Brasil para Nova York, USA - José Silvado Bueno, 29 anos, professor; Maud Smith Bueno, 29 anos, do lar; Idelphonso Bueno, 12 anos, estudante; João Bueno, 10 meses.
- Em 22 fev 1922 Em telegrama de José S Bueno em Dubuque, IA, onde era chefe do departamento de Romance Language na Universidade de Dubuque, para sua mulher Maud S Bueno, em Des Moines, IA (1143 21 St.), dá parabéns pelo primeiro aniversário do filho João Scott.
- Em 12 jun 1924 Ordenação como pastor pelo Presbitério de Dubuque em 12 jun 1924
- Em 22 ago 1924 Graduou-se Master of Artes na The State University of Iowa em Dubuque, IA - Tese: Critical bibliography of literary translation from Portuguese into English.
- Entre 1921 e 1925 - Propaganda de suas conferências:
JOSé SILVADO BUENO é natural do famoso Estado de São Paulo, no cinturão do café do Brasil.
Seus ancestrais emigraram da França e da Espanha em meados do século passado e se estabeleceram nessa terra favorecida, a Terra do Cruzeiro do Sul.
Eles se interessaram pelo negócio do café e desenvolveram grandes plantações. Alguns deles adquiriram riquezas consideráveis e logo começaram a participar ativamente da política do país.
O Sr. Bueno, embora ainda muito jovem, teve uma carreira variada e interessante. Ele recebeu sua instrução fundamental na cidade de São Paulo e, mais tarde, frequentou o ginásio e a Escola de Agricultura (uma instituição americana) em Lavras, Brasil. Em 1913, ele veio para a América para continuar seus estudos, recebendo o diploma de Bacharel em Artes pelo Coe College em 1916. Mais tarde fez pós-graduação na Universidade Estadual de Iowa e lá recebeu o grau de Mestre em Artes. A história de sua luta na América como aluno pobre foi publicada em uma revista espanhola em Nova York em 1919. [Nota: a transcrição desse artigo está acima, na data de abr 1920]
Como um relato inspirador das dificuldades e determinação para adquirir uma educação, é um deleite para aqueles que acreditam nos self-made men.
Ninguém está mais preparado do que o Sr. Bueno para apresentar ao público americano o ponto de vista latino-americano com também uma real compreensão do lado norte-americano. Ele serviu com nosso exército e ensinou em nossas universidades. Ele também trabalhou por dois anos em uma grande empresa de exportação na cidade de Nova York. Entre 1919 e 1922, viajou e ensinou na América do Sul. Desde 1922, ele está à frente do Departamento de Línguas Românicas da Universidade de Dubuque.
Essas experiências serviram para aumentar seu ardente desejo patriótico de tornar a América do Sul mais conhecida pelos norte-americanos.
Um trunfo feliz em seu trabalho patriótico de propaganda, é a vantagem que ele tem como estudante e crente no Pan-Americanismo, algo que deve ser bastante significativo para os norte-americanos, sabendo o significado e as proporções em que o movimento Pan-Latino cresceu na América Latina e em outros locais.
Acima de tudo o Sr. Bueno explica com um perfeito domínio do inglês - com sotaque suficiente para dar um sabor agradável ao seu discurso. Sendo um excelente vocalista, ele acrescenta muito ao interesse de suas palestras, contribuindo com músicas em espanhol e português, tocando seu próprio acompanhamento no violão.
- Em 1925 a 1927 - Gainesville, FL, professor de espanhol na Universidade da Flórida e professor de português na George Washington University.
- Em maio 1929 - USA x Brasil - No verso de uma das fotos "on Southern Cross - going to Brasil - 1929 - Daddy is taking a group of teachers to Brazil" - O navio, da Munson Line chegou ao Rio de Janeiro no dia 11 jul 1929.
- Em 1929 De volta ao Brasil recebeu convite para ser Diretor de Relações Públics das Empresas Elétricas Brasileiras [uma subsidiária da American and Foreign Power Co. ] em Salvador, BA. Foram de navio do Rio para Salvador, viagem que durou umas duas semanas e se estabeleceram numa pequena mas confortável casa, na vila de pescadores Rio Vermelho, perto da praia. Nessa ocasião, sua sogra Sarah Amelia e sua cunhada Lena Smith foram visitá-los, chegando num navio de cruzeiro. Janet escreveu: My dad used to gather all the workmen in a large open space at the plant and conduct a "Sing Along" stepping on orange crates. They all loved Mr. Bueno
- Depois de um ano em Salvador, BA, José Silvado Bueno foi transferido para Recife, PE, na mesma capacidade. Lá se intalaram numa pequena casa perto do Colégio Agnes Erskine, um colégio de meninas cuja diretora era Miss Boyce.
- Quando voltaram do norte, foram morar na rua Leonel Magalhães, 19, na praia de Charitas em Niterói, RJ. Nas palavras de Janet Bueno Tuthill por volta do ano 2000: These were difficult years since my dad's job was completed in the North East and he was actually without a job. He was a born professor and so started giving English lessos to director in DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público). He was an interpreter and tourist guide for visitors from the USA and in one of these occasions he met Nelson Rockefeller. I was seventeen and attended with my dad a reception for him at the Hotel Gloria. He was very handsome and friendly and through contacts at the American Embassy asked information on my dad. He was offered a job as advisor for the Inter American Development Commission and was invited to move to the US and be part of the Rockefeller Organization. My dad, mother and I went to the States in July 1944. My brother stayed in our house since he was starting a career as a pilot for the Brazilian Air Force and eventually became a pilot for Panair do Brasil.
- Em 11 jul 1930 [Diário Carioca] Intensificado o intercâmbio intelectual - a chegada de um grupo de professores norte-americanos vindos pelo Western World - A bordo do transatlântico norte-americano Western World chegou ontem ao Rio a segunda turma de professores yankees que aqui vem a convite do Instituto Histórico e Geográfico que nesses últimos anos vem mantendo uma combinação com o Institute of International Education de Nova York, afim de intensificar o intercâmbio de professores entre o Brasil e a América do Norte. Chefia esse grupo de professores norte-americanos que ora nos visita o Dr. José Silvado Bueno, professor de línguas da Universidade Estadual de Flórida. O ilustre professor que é nosso patrício, em ligeira palestra que conosco manteve a bordo do transatlântico yankee, disse-nos o seguinte: Há quinze anos que me encontro ausente do solo pátrio e é no momento um grande prazer para mim revê-lo. Ultimamente tenho vivido em Flórida, cidade situada numa península ao sul de Nova York, onde faço parte da Universidade Estadual como professor de línguas. Convidado para chefiar esse grupo de colegas norte-americanos foi com imensa satisfação que aceitei essa incumbência. Durante a viagem foi mantido um curso especial da língua portuguesa a fim de proporcionar maior facilidade aos meus companheiros de viagem durante a sua estadia no Brasil. Aqui permaneceremos, como já disse no começo, três ou quatro semanas, seguindo logo após para São Paulo.
- Em 11 jul 1930 [Diário de Notícias] - A melhor aproximação entre o Brasil e os Estados Unidos - Chegou ontem à noite pelo Western World a segunda turma de professores norte-americano. Fotografia dos professores Frank Shaulding à esquerda e José Silvado Bueno à direita.
- Em 11 jul 1930 [O Jornal] Professores que vieram visitar o Brasil - O Sr. José Silvado Bueno é um patrício nosso que vive há mais de 15 anos na grande república americana. Depois de permanecer durante 14 anos sem vir ao Brasil, no ano passado o professor Bueno organizando uma turma de professores veio até o Rio, aqui permanecendo algum tempo. Agora, novamente nos visita. Acompanha o nosso compatriota uma turma de professores americanos composta de oito moças e três homens, que deve ficar no Rio durante três semanas, depois do que irá a São Paulo e Ribeirão Preto. ... A bordo da unidade americana tivemos ocasião de palestrar durante alguns instantes com o Sr. Silvado Bueno que exerce presentemente as funções de professor catedrático de espanhol da Universidade de Flórida. Dando-nos essa informação, o professor Bueno acrescentou: - Brasileiro, leciono espanhol, falando inglês. Por isso já estou com a minha pronúncia bastante alterada.
- Em 18 & 19 jul 1930 [Jornal do Comércio & Correio da Manhã] Instituto Histórico - Escola de Estudos Brasileiros: Iniciaram-se a 15 do corrente as preleções da Escola de Estudos Brasileiros, fundada nos moldes da Summer Student School dos Estados Unidos. A turma deste ano está recebendo preleções dos professores Arrojado Lisboa, A Carneiro Leão, Delgado de Carvalho, Mello Leitão e Heloisa Alberto Torres, sendo que o Dr. Afranio Peixoto é auxiliado pelo Dr. Cesar Machado da Silva e o Dr. José Silvado Bueno, nosso compatrício da Universidade de Flórida está substituindo o Dr. Calógeras, impossibilitado de lecionar no momento.
- Em 8 ago 1930 [Diário Nacional] Uma comissão de educadores norte-americanos visita São Paulo. Vieram ao Brasil estudar de perto os nossos costumes, procurando aprender a nossa geografia e história. Desde o dia 5 que se encontram em São Paulo onze professores norte-americanos que vieram ao Brasil em viagem de estudos. Os distintos visitantes chegaram em companhia do Sr. José Silvado Bueno, que lhes serve de intérprete, pretendendo demorar-se nesta capital duas semanas.
- Em 7 jan 1931 [Jornal do Comércio] Feira de Santana, 6 - Os serviços de telefonia urbano e iluminação elétrica na Feira de Santana. A comitiva oficial que veio inaugurar os serviços de telefonia urbana e iluminação elétrica a cargo da Companhia de Energia Elétrica da Bahia é composta dos senhores: entre outros, Dr. José Silvado Bueno representando o Dr. Carlos J. Snyder, diretor da Companhia Energia Elétrica da Bahia, foi recebida festivamente sendo oferecido à mesma comitiva um grande almoço no Hotel Universal. Toda a cidade permanece em festa. As ruas e edifícios públicos embandeirados. Chegam dos municípios vizinhos várias caravanas.
- Em 1932 - Bahia - Diretor de Relações Públicas da Electric Bond & Share. Desde cedo Maude esteve sempre bastante doente com úlcera varicose, que apareceu após seu primeiro parto.
- Em 1933 - Recife, PE - Diretor de Relações Públicas da Electric Bond & Share
- Em 1934 - Rio de Janeiro, RJ - editor da revista Brazilian Civil Service Commission
- Em 1935 - Tiveram um período de grandes dificuldades quando foram obrigados a ir morar numa aldeia de pescadores depois de Niterói e depois em uma pensão na rua Leonel Magalhães, e as crianças foram estudar em colégio público, tendo posteriormente se mudado para o Rio de Janeiro, RJ, onde foram morar na rua Ferreira Viana, 45 casa 4 de 1938 a 1941.
- Em 20 fev 1936 [Correio da Manhã] Externato do Colégio Pedro II - Exames de habilitação na 3ª e 4ª séries do curso fundamental - chamada para amanhã 21: alunos do colégio e candidatos não matriculados - oral de inglês: turmas de A a J às 9 horas, sala 1 - comissão examinadora: entre outros, José Silvado Bueno.
- Em 19 jun 1936 [Jornal do Brasil] Câmara Municipal - O Sr. Presidente: Tem a palavra o Sr. Vereador Heitor Beltrão, primeiro orador inscrito na hora do Experiente. O Sr. Heitor Beltrão: Sr. Presidente, a propósito de Turismo Municipal recebi ainda do Sr. José Silvado Bueno a seguinte carta que peço licença à Câmara para ler: (lendo)
Conhecendo o espírito de absoluta justiça por que V.S. costuma pautar suas atitudes, peço licença para desfazer uma falsa declaração que o Sr. Ruy de Castro fez em carta dirigida a V.S., publicada no Jornal do Brasil e que vem atingir a pessoas de bem.
Fui nominalmente mencionado na aludida carta, como tendo sito contratado para traduzir notas em inglês que seriam publicadas em revista a ser publicada pela Diretoria de Turismo e Propaganda.
Isso não é verdade.
De há meses que por indicação do Dr. Rafael Xavier, Diretor dos Serviços de Estatística e Publicidade do Ministério da Agricultura, vinha prestando minha colaboração à Diretoria de Turismo sem a mínima remuneração, como poderão corroborar este ilustre cavalheiro e o nosso mútuo amigo professor Eustórgio Wanderley, diretor da Revista "Brasil País de Turismo, para a qual também colaborei desinteressadamente. Recebia hóspedes ilustres, como o Dr. Paul Harris, fundador do Rotary Club Internacional, traduzia notas de propaganda do Brasil, escrevia observações sobre turismo, apenas entusiasmado pelas possibilidades turísticas de nossa Pátria, tendo residido cerca de vinte anos nos Estados Unidos e no México.
Por acúmulo de trabalhos do encarregado da correspondência em línguas estrangeiras e das traduções, fui então admitido à esta Diretoria no dia 1 de abril deste ano, tendo até o presente momento recebido a quantia de oitocentos mil réis. Agora mesmo trabalho na tradução do Regulamento da Feira de Amostras deste ano, que será remetido para o estrangeiro.
Com os protestos da minha estima e consideração, cordialmente (a) José Silvado Bueno
- Em 22 out 1936 [Jornal do Brasil] Diretoria de Turismo e Propaganda, Relação das gratificações pagas por serviços extraordinários fora das horas de expediente a partir de 1 de janeiro de 1936, Nome: José Silvado Bueno, Data de admissão: 1-4-1936, Idade: 30-5-1894, Remuneração: 800$000, Cargo: Tradutor e correspondente de inglês e espanhol (admitido na vaga do Sr. Felipe Brandão).
- Em 8 jan 1937 [Jornal do Brasil] Ato do dia 4 de janeiro de 1937. O Prefeito do Distrito Federal na forma do art 133 do Decreto n. 122 de 14 de novembro de 1936, resolvei contratar pelo prazo de 12 meses para exercer as funções de Tradutor, o cidadão José Silvado Bueno.
- Em 20 mar 1937 [Jornal do Brasil] Diretoria de Turismo e Propaganda, expediente do dia 19 mar 1937, despachos do Sr. diretor: José Silvado Bueno - Deferido - Foram concedidos 15 dias de férias relativas ao exercício de 1937, a partir de 29 de março corrente, ao tradutor contratado José Silvado Bueno.
- Em 5 maio 1937 [A Noite, O Imparcial, Diário Carioca] Concurso de intérpretes - guias de turismo: Para constituírem a mesa examinadora do concurso de intérpretes-guias de turismo o Sr. interventor no Distrito Federal designou os seguintes serventuários da Diretoria de Turismo: examinadores, entre outros, José Silvado Bueno.
- Em 14 abr 1938 [Jornal do Brasil, O Radical] Ato do prefeito: Foi exonerado a partir de 31 de dezembro último o Sr. José Silvado Bueno, do cargo de tradutor contratado da Diretoria de Turismo e Propaganda da Secretaria Geral do Interior e Segurança, visto ter optado por cargo federal.
- Em 13 set 1938 [Correio da Manhã] Autorizada a admissão de novos contratados para o DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público) - Há uma verba de 100 contos consignada no orçamento para esse fim. Os novos contratados são os Srs. P.L. Corrêa e José Silvado Bueno com o vencimento de 1:500$000, cada um, que vinham prestando o seu concurso na publicação da Revista do Serviço Público no extinto CFSPC como mensalistas do Ministério da Viação. Deixaram de ter renovados os respectivos contratos por estar esgotada a verba correspondente.
- Em 2 maio 1939 [Correio Paulistano] Passageiros da VASP. Pelo 1º avião seguem hoje para o Rio: entre outros: José Silvado Bueno.
- Em 13 jul 1940 [A Noite] Concurso para a carreira de técnico de educação - Os candidatos que tiveram as suas inscrições aprovadas: O DASP acaba de aprovar as inscrições ao concurso de provas e de títulos para provimento em cargos de classe inicial de carreira de técnicos de educação do Ministério da Educação dos seguintes candidatos: entre outros, José Silvado Bueno.
- Em 1940 - Rio de Janeiro - Rua Ferreira Viana 45 casa 4.
- Em 5 fev 1942 [A Manhã] Atividades do Tribunal de Contas da União - Contratos: O Tribunal ordenou o registo do contrato: entre outros, do firmado entre a União e José Silvado Bueno para desempenho da função de professor da língua inglesa do Departamento Administrativo do Serviço Público.
- Em 9 jan 1944 [Correio da Manhã] transferido para Washington como Secretário da Comissão Brasileira de Fomento Interamericano, a pedido de Nelson Rockfeller - Washington, DC (5331 4th street NW ap. 4).
- Em 9 maio 1944 [Relatório do Ministério das Relações Exteriores] Congressos e conferências Internacionais - Conferências das Comissões Nacionais de Fomento Interamericano - Tiveram ligar em Nova York a 9 de maio de 1944. Foram delegados do Brasil os Srs.: entre outros, José Silvado Bueno
- Em 17 jun 1944 [Gazeta de Notícias, Jornal do Comércio, O Jornal] Participou da Conferência Interamericana de Fomento - Passageiro do clipper da Pan American Airways, regressou ontem dos Estados Unidos o Sr. José Silvado Bueno que integrando a delegação do Brasil, participou dos trabalhos da Conferência Interamericana de Fomento, realizada em Nova York. O Sr. Bueno é o secretário brasileiro da Comissão Executiva de Fomento Interamericana.
- Em 23 jul 1944 [Gazeta de Notícias, A Manhã] Vai servir na Comissão Interamericana de Fomento - Acompanhado de sua família seguiu ontem para os Estados Unidos, via Belém do Pará pelo avião da Panair do Brasil, o Sr. José Silvado Bueno que vinha exercendo o cargo de Secretário da Comissão Brasileira de Fomento. Substituído nesses funções pelo Sr. Rodolfo Medeiros, o Sr. Silvado Bueno foi designado para servir na Comissão Interamericana de Fomento, instituição com sede em Washington e à qual estão subordinadas as Comissões de Fomento dos diversos países do continente.
- Em 1945 - Washington - Foreign Trade Advisor da Pan-American Union.
- Em carta de 23 dez 1948 [De Julia Neves para José Silvado Bueno]
Fazenda São José, 23 de dezembro de 948
Meu caro e bondoso Juquinha
Boas Festas
Bom Natal! Feliz Ano Novo! são os votos da velha amiga que te agradece de coração não te esqueceres dela!
Recebi o teu delicado cartão que veio trazer-me a prova da tua sincera amizade de sempre.
Neste recanto de Minas [Nota: Seria Jacutinga?]onde passei a melhor parte da minha vida, é muito agradável recordar o passado! Lembro-me muito de vocês, da boa Maude, Janet e João. Já tenho escrito mas não sei se você tem recebido; agora o cartão de Boas Festas foi-me enviado pelo nosso bom Augusto.
Não repares na minha letra que está feia e desigual, estive com muita fraqueza na vista tanto que tenciono seguir para São Paulo depois de amanhã para fazer uma consulta com médico oculista.
Aqui tudo corre na mesma. Agora tem havido muito calor e chuvas passageiras. O nosso pessoal vai bem, o Syllo tem mais um filhinho, é homem, tem o nome de Augusto! é forte e bonito.
Soube há tempos que teu tio de São Paulo tinha falecido, soubeste? Coitado, não era muito velho, em fim, paciência, é o caminho de todos. [Nota: quem seria esse tio?]
Vou despedir-me de ti enviando muitas saudades e abraços à Maude e Janet e João. A Janet meus parabéns pelo progresso que tem alcançado, felicidades e um belo futuro!
Da velha amiga um abraço e saudades ao Juca.
Julia
- Em carta de dez 1950 [de Lafayette Brandão para José Silvado Bueno] Felicidades - Ao estimado Juquinha e à família, eu e os meus desejamos muita prosperidade no ano de 1951. Recebemos e agradecemos o seu amável cartão de Boas Festas.
A você e a todos os seus o nosso Abraço,
Lafayette Brandão
BH 1950 - 1951 (Belo Horizonte, MG)
- Em carta de 25 jul 1951 [De Lafayette Brandão para José Silvado Bueno] Estimado afilhado Juquinha - Aceite com todos os seus a minha visita e da minha família com votos de saúde e felicidades.
Muito agradeço a você o bonito e bem confeccionado número da revista que teve a bondade de me mandar, por todos foi muito apreciada.
Ainda fica por aí, ou vem logo pelo menos a passeio? Com os meus 75 anos, estou forte graças a Deus, mas de um ano a esta parte pegou uma dor no joelho que não quer desaparecer.
Abraços nossos a todos, Lafayette Brandão
BH 25 jul 1971 (Belo Horizonte, MG)
Nota:
- conhecido como Lafayette Bradão, era padrinho de José Silvado Bueno.
- Francisco Lafayette Silviano Brandão (* 8 out 1875 Pouso Alegre, MG † 10 fev 1954 Belo Horizonte, MG) cc Adelaide Gomes de Carvalho.
- Secretário de Olegário Maciel, presidente de MG em 1920
- Formado pela Escola de Farmácia de Ouro Preto, MG.
- Em 1895 [Gazeta de Ouro Fino]
- Em 28 abr 1895 [Gazeta de Ouro Fino, MG] Jacutinga - Esteve entre nós tendo já regressado para a Jacutinga, o simpático bacharel Lafayette Brandão.
- Em 21 fev 1897 era farmacêutico em Jacutinga, MG.
- Em jul 1899 - Santo Antônio de Jacutinga - A 10 do corrente diversos amigos do farmacêutico Lafayette Brandão ofereceram-lhe um lauto banquete em sinal da simpatia e consideração que lhes merece o Lafayette, dando-lhe mais uma prova do quanto o povo de Jacutinga o estima. (...) Mais uma vez felicitamos ao simpático Lafayette por se ver rodeado da consideração e amizade do povo de Jacutinga que sabe perfeitamente avaliar os belos atributos que ornam o caráter imaculado do digno farmacêutico que é uma das glórias de sua classe. Um seu admirador
- Em 1951 diretor aposentado da Assembleia Legislativa de MG
- Filho de Francisco Silviano de Almeida Brandão (Silviano Brandão) (*7 mar 1848 Santana do Sapucaí, hoje Silvinópolis †25 set 1902 Belo Horizonte, MG) cc primeiras núpcias com Maria Isabel de Paiva e segundas núpcias com Esther de Paiva (irmã da primeira esposa), senador, eleito em out 1898 presidente do Estado de Minas Gerais.
- Em carta de 23 out 1951 - Vovô Bueno (José Silvado Bueno) chegou ap Rio de Janeiro pelo avião Presidente da Pan American
- Em 17 abr 1952
tradução:
A Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos da América. Demissão de presbitério de ministro. Certifica-se que o Rev. José Silvado Bueno, ordenado pelo presbitério de Dubuque aos 12 dias de junho de 1924, era até dezembro de 1934 membro regular deste presbitério e encontra-se agora, a seu pedido, destituído a unir-se ao seja qual for o presbitério que ele escolher para associar-se, a cuja afeição fraterna e companheirismo ele é cordialmente recomendado. Esta carta de demissão entra em vigor no dia 17 de abril de 1952. Atestado E.O. Sutherland, Escriturário Declarado do Presbitério do Norte da Flórida. Feito no Presbitério em Green Cove Springs, Flórida, no dia 17 de abril de 1952
- Em 21 maio 1952
tradução:
Ao Bispo Louis Chester Melcher
Digníssimo Bispo da Diocese do Brasil Central
Eu, José Silvado Bueno, 58 anos, natural da cidade de Mogi-Mirim, estado de São Paulo, Brasil, pela presente solicito admissão como Postulante do Ministério Sagrado da Igreja Protestante Episcopal.
Fui batizado na Igreja Católica Romana de Mogi-Mirim in 1894 e fui confirmado em 24 de fevereiro de 1952 na Igreja da Epifania em Washington, D.C., pelo Rev. Angus Dun, Digníssimo Bispo da Diocese de Washington, tendo recebido a santíssimo comunhão.
Anteriormente nunca solicitei admissão como Postulante.
Estou procurando obter o Ministério Sagrado da Igreja Protestante Episcopal movido pelo profundo e sincero desejo de fazer minha pessoal e direta contribuição ao crescimento do Reino do Senhor no Brasil. Este passo é o cumprimento de uma aspiração há muito adiada e que rezo, Deus possa recebê-la e santificá-la para Sua honra e glória.
Assinado: José Silvado Bueno
Washington, D.C.
21 de maio de 1952
- Em 28 jun 1952
tradução:
Papel timbrado da Igreja Episcopal Brasileira, Distrito do Brasil Central, Caixa Postal 4977, Rio de Janeiro
Revmo. Louis Chester Melcher, D.D. Bispo
Este documento certifica que Ven. G. Vergara dos Santos e o Rev. Plinio L. Simões, sendo dois dos três membros eleitos do Conselho de Capelães Examinadores do Distrito do Brasil Central, em reunião mantida no escritório do Distrito no Rio de Janeiro em 28 de junho de 1952, examinaram os documentos e credenciais do Coe College e State College of Iowa, relativos aos estudos feitos e graduações concedidas a J. Silvado Bueno, e tendo perante eles a evidência de sua ordenação e prestação de serviços do Ministério da Igreja Presbiteriana, recomendam ao Bispo do Distrito Missionário do Brasil Central que J. Silvado Bueno, Postulante, seja promovido ao status de Candidato às Sagradas Ordens, eximido de novos exames e de acordo com as provisões do Canon 26, seção 5 (e).
Assinado: Plinio L. Simões, Secretário
- Em 3 jul 1952
tradução:
Para o Bispo Louis C. Melcher
Digníssimo Bispo do Distrito Missionário do Brasil Central
Eu, José Silvado Bueno, submeto pela presente minha inscrição para Candidato às Sagradas Ordens, sendo presentemente Postulante do Distrito Missionário.
Esta é de acordo com os requerimentos do Canon 27, sessão 1. Assinado: José Silvado Bueno, Washington, D.C.
- Em 3 jul 1952
tradução:
Papel timbrado da Igreja da Epifania, 1317 G Street, N.W., Washington, D.C.
Ao Comitê do
Distrito Missionário do Brasil Central
Nós, abaixo assinados, atestamos que é nossa crença (baseada no nosso entendimento pessoal ou em evidências que nos satisfazem) que José Silvado Bueno é sóbrio, honesto e piedoso, e que um bom comungante desta Igreja. Além disso declaramos que em nossa opinião ele possui todas as qualidades para ser admitido como Candidato às Sagradas Ordens.
Nove assinaturas: Robert H. Wilmen, Casse Holden, John W Love, Richard Shands, G Baumanch, Trevor Lowett, John Timos, Leonard Cattalão, Leland Stark
Atesto que o certificado acima foi assinado durante uma reunião do Conselho Paroquial da Freguesia da Epifania, devidamente convocada em Washington, Distrito de Columbia, no terceiro dia de julho de 1952 e que as assinaturas são da maioria dos membros do referido Conselho.
assinado: Robert Simmons, secretário do Conselho Paroquial
- Em 12 jul 1952
Papel timbrado da Igreja Episcopal Brasileira, Distrito do Brasil Central, Caixa Postal 4977
Rio de Janeiro
Revmo. Louis Chester Melcher, D.D. Bispo
Ao Revmo. Louis C. Melcher, DD Bispo do Distrito Missionário do Brasil Central
Nós, constituindo a maioria dos membros do Conselho Episcopal do Distrito Missionário do Brasil Central, e tendo nos reunido oficialmente nos Escritórios do Distrito, na cidade do Rio de Janeiro, testificamos que em face dos certificados exibidos, estamos seguros de que José Silvado Bueno é sóbrio, honesto e piedoso; que é comungante desta igreja, em boa posição; e além disso declaramos que em nossa opinião possui qualidades que o habilitam a ser admitido como Candidato às Sagradas Ordens.
Em testemunho do que afixamos aqui as nossas assinaturas, no dia 12 de julho do ano de Nosso Senhor 1952.
Cinco assinaturas: Nemério de Almeida, Plinio ..., Antônio Pinto Barreto, Norman Jan Boggiss, Curtis Hetcher Jr.
- Em 12 jul 1952
tradução: Papel timbrado da Igreja Episcopal Brasileira, Distrito do Brasil Central, Caixa Postal 4977, Rio de Janeiro
Revmo. Louis Chester Melcher, D.D. Bispo
Certifico que tendo recebido o relatório do Conselho dos Capelães Examinadores do Distrito Missionário do Brasil Central, relativos à educação e preparo do Sr. J. Silvado Bueno, Postulante, e de acordo com as provisões do Canon 26, Sec. 5 (e), concedo dispensa ao referido J. Silvado Bueno de fazer os exames para ser aceito como Candidato às Sagradas Ordens.
Emitido em 12 de julho de 1952 na cidade do Rio de Janeiro.
assinado: Louis C. Melcher, bispo
- Em 22 fev 1953
tradução: Papel timbrado, The Protestant Episcopal Theological Seminary In Virginia, Alexandria, Virginia
Ao Comitê Permanente
Distrito Missionário do Brasil Central
Senhores:
Certifico que José Silvado Bueno vem estudando nos últimos seis meses, se preparando para o Ministério, sob minha direção.
Como aluno especial no Seminário Teológico da Virgínia, ele concluiu estudos em Educação Religiosa, História da Igreja Americana, Uso Pastoral do Livro de Orações, Liturgia, Teologia Sistemática e Teologia Johanina. Atualmente ele está matriculado em cursos da Missão da Igreja, Administração Paroquial, Liturgia, História do Pensamento Cristão, ética Cristã e um seminário abrangente da Sagrada Comunhão.
Por sua conta tem estudado outros assuntos exigidos pelo cânon e está preparado para ser examinado em 9 de março de 1953 de acordo com as disposições do cânon 20 sec. 2 (a).
Julgo que José Silvado Bueno está qualificado para o Ministério da Igreja Episcopal Protestante.
Esta certificação está de acordo com as disposições do Cânon 34, sec. 5 (5).
Atenciosamente, William A. Clebsch, Presbítero
- Em 8 mar 1953
tradução: Papel timbrado, The Church of the Epiphany, 1317 G Street, N.W., Washington 5, D.C.
Conselho de Recomendação
Distrito Missionário do Sul do Brasil
Pelo presente certifico que conheço pessoalmente José Silvado Bueno e acredito que ele esteja bem qualificado para ministrar no ofício de Diácono para a glória de Deus e a edificação de sua igreja.
assinado: Leland Starch, reitor
- Em 9 mar 1953
tradução: Papel timbrado, The Church of the Epiphany, 1317 G Street, Northwest, Washington 5, D.C.
The Rev. Leland Stark, reitor
The Rev. Warren E. Mace, associado
The Rev. Harry L. Mayfield, curador
Ao Conselho Consultivo
Distrito Missionário do Sul do Brasil
Certificamos que, após a devida investigação, temos certeza e acreditamos que José Silvado Bueno, durante os três últimos anos, viveu uma vida sóbria, honesta e piedosa e que é leal à Doutrina, Disciplina e Adoração desta Igreja e não mantém nada contrário a ela. Além disso, achamos que ele é uma pessoa digna de ser admitida na Sagrada Ordem dos Diáconos.
Dez assinaturas: John Nimor Sr Warden, Robert H Wilmen Jr. Warden, William S. McCaine, Richard Shands, Merlin C. Feell, Leonard Cattalão, H. Jay..., Leonard R. Koser, Trevor Lowett, John W Love
Certifico que José Silvado Bueno é membro da Paróquia Epifania na Diocese de Washington e comungante da mesma; que o certificado acima foi assinado em reunião do Conselho Paroquial devidamente convocada na Reitoria, 3006 32nd street, NW, Washington DC, no nono dia de março de 1953 e que os nomes anexados são os da maioria de todos os membros do Conselho Paroquial. - Leland Stark - Reitor
- Em 15 mar 1953
tradução:
Ao Bispo Louis Chester Melcher, DD Bispo Missionário do Brasil Central, Alexandria, Virginia
Tendo sido indicados como os examinadores de José Silvado Bueno, certificamos que o mesmo foi submetido aos exames dos assuntos indicados no Canon 29 sec. 2 (a). Sensíveis à nossa responsabilidade, fornecemos abaixo nosso julgamento:
Escritura Sagrada - aprovado
História da Igreja - aprovado
Doutrina - aprovado
Liturgia - aprovado
Posição e trabalho de um Diácono - aprovado
Conduta do Culto Público - aprovado
Sermão - composição e elocução - aprovado
Educação cristã - aprovado
Trabalho missionário da igreja - aprovado
Constituição e Cânones - aprovado
Uso da voz ao falar em público - aprovado
assinado: Albert T. Mollegen e Robert O. Kevin
- Em 17 mar 1953
Papel timbrado da, Igreja Episcopal Brasileira, Distrito do Brasil Central, Caixa Postal 4977, Rio de Janeiro
Revmo. Louis Chester Melcher, D.D. Bispo
Ao MD Conselho Episcopal do Distrito do Brasil Central
Nesta Capital
Declaro para os devidos fins que José Silvado Bueno foi admitido Candidato às Sagradas Ordens no dia 12 de julho de 1952.
De acordo com Canone 34, Sec. 2, já cumpriu o tempo necessário para ser ordenado Diácono.
Rio de Janeiro, 17 de março de 1953
Louis C. Melcher
Bispo do Distrito do Brasil Central.
- Em 21 mar 1953
tradução: Papel timbrado da Igreja Episcopal Brasileira, Distrito do Brasil Central, Caixa Postal 4977, Rio de Janeiro
Revmo. Louis Chester Melcher, D.D. Bispo
Ao Bispo Louis Chester Melcher, DD Bispo do Distrito Missionário do Brasil Central
Nós, sendo a maioria dos membros do Conselho de Recomendação do Distrito Missionário do Brasil Central, e tendo nos reunido no Rio de Janeiro, DF, testemunhamos que José Silvado Bueno, que deseja ser ordenado Diácono, apresentou-nos certificados satisfatórios de que nos últimos três anos ele tem vivido uma vida sóbria, honesta e piedosa e é leal à Doutrina, Disciplina e Reverência desta Igreja e não encontramos nada em contrário a isso. E o recomendamos para ser ordenado como Diácono.
Em testemunho disso, assinamos abaixo, nesse 21 de março do ano do Senhor de 1953
Seis assinaturas
- Em 13 abr 1953
tradução:
Acredito que as Escrituras Sagradas do Velho e Novo Testamentos são a palavra de Deus e abrangem tudo que é necessário para a salvação e solenemente me comprometo a estar em conformidade com a Doutrina, Disciplina e Reverência da Igreja Protestante Episcopal nos Estados Unidos da América.
assinado: José Silvado Bueno
Washington, DC
- Em 13 abr 1953 - Virginia Theological Seminary - foi ordenado diácono da igreja Episcopal, na Catedral de Washigton. Desde janeiro desse ano, era assistente part-time na Church of the Epiphany, onde lia as Orações da Manhã às sextas-feiras.
- Em abr 1953 - entrevista publica no jornal:
CLERO
Educador brasileiro ordenado ao Diaconato
Natural de São Paulo, Brasil, com 58 anos, passou a maior parte de sua vida nos EUA tendo sido professor em faculdades, escritor, editor e economista, foi ordenado recentemente ao diaconato da Igreja Episcopal.
Ele é o Rev. José Silvado Bueno, aluno especial do Seminário Teológico da Virgínia e assistente de meio período na Igreja da Epifania de Washington, onde lê um culto de Oração Matinal às sextas-feiras desde janeiro.
Ele concluiu seus exames canônicos, de acordo com sua esposa, de solteira Maud Amelia Smith, e terminará seus cursos em junho, saindo neste verão para começar a trabalhar em 1º de agosto como ministro encarregado da paróquia de São Marcos, na cidade portuária de Santos, no Distrito Missionário do Brasil Central. Lá, ele também servirá uma missão anglicana, estabelecida pela Igreja da Inglaterra.
Quando começar seu trabalho, nas palavras de sua esposa, ele experimentará "um revés financeiro, mas uma bênção espiritual".
Toda sua vida, disse ela, Bueno (ela o chama pelo sobrenome) quis dedicar sua vida à Igreja.
Em 1925, foi ordenado ministro presbiteriano e serviu em Dubuque, Animosa e Cedar Rapids, IA, dirigindo também o trabalho missionário espanhol na Missão Ybor em Tampa, FL. Mas as exigências da época e a criação de dois filhos tornaram outras fontes de renda uma necessidade, e o Sr. Bueno voltou-se para o ensino e o trabalho secular para obter seu sustento.
Agora, com os filhos crescidos e dono de seu tempo, ele pode voltar, ressalta a Sra. Bueno, para seu primeiro amor, a Igreja.
Por que a Igreja Episcopal? Porque é aí que a necessidade é maior, de acordo com a esposa do novo diácono. A Igreja Presbiteriana no Brasil tem mais pessoal do que o Episcopal. (Isso é simplificação excessiva, mas é um elemento nas longas deliberações que antecederam a decisão do Sr. Bueno).
Entre sua infância no Brasil e seu retorno previsto (o segundo; ele viveu no Brasil nos anos 30), há uma carreira de muitos compromissos e ativa. Vindo para os EUA em 1912, com uma bolsa de estudos no Coe College, Cedar Rapids, IA, depois de estudar na Ginásio e Escola Agrícola de Lavras, MG, Brasil, ele estudou na Universidade de Iowa, obtendo o mestrado em artes. em 1924.
Após se formar no Coe College, tornou-se professor de espanhol na Universidade de Indiana em 1916; o gerente assistente no departamento de exportação para o Brasil da WR Grace & Co., NY, em 1919; chefe do departamento de Romance Language da Universidade de Dubuque, IA, em 1922 e professor de espanhol na Universidade da Flórida em 1925.
Em 1930, Bueno tornou-se diretor de relações públicas da Electric Bond and Share na Bahia e Recife, Brasil; em 1934, editor da revista oficial da Comissão Brasileira de Serviço Civil no Rio; em 1940, secretário executivo da Comissão Brasileira de Desenvolvimento Interamericano, Rio; em 1944 economista regional da Comissão Interamericana em Washington e desde 1945 assessor de comércio exterior da União Pan-Americana, em Washington.
Antes de partir para o Brasil, foi professor de português na Universidade George Washington de 1926 a 27. Desde 1946, tem proferido conferências sobre assuntos relacionados à economia latino-americana. Ele continuou dando palestras sobre o Brasil enquanto estudava na VTS, para onde entrou em setembro de 1952.
O diácono Bueno foi ordenado em 13 de abril na Igreja da Epifania pelo bispo John B. Bentley, diretor do Departamento Ultramarino, atuando pelo bispo Louis C. Melcher, Bispo missionário do Brasil Central, sob quem o novo ministro servirá. Foi apresentado em sua ordenação pelo Rev. Leland Stark, reitor da Epiphany e coadjutor eleito de Newark.
- Em carta de 14 abr 1953 [para Anna Amelia e Marcos Carneiro de Mendonça] Nós devemos partir em fins de junho. Vamos diretamente para Santos onde iniciaremos os nossos trabalhos. Nossa missão além de afazeres da nossa Paróquia de São Marcos (feliz coincidência!), iremos cooperar com outras organizações que se propõe a combater construtivamente a infeliz empreitada comunística que vai ganhando terreno com a gente da estiva e com as classes menos abençoadas economicamente. Até lá, com um abraço muito afetuoso para todos, meu e de minha querida, se despedem Maud e Bueno
- Em 28 jun 1953 [Guia Paroquial, Igreja da Epifania, Washington, DC] Quarto domingo depois da Trindade
Nossos missionários
O Rev. e a Sra. José Silvado Bueno estão voando em 9 de junho, para seu cargo na Paróquia de São Marcos, Santos, Brasil Central. Este será o último domingo do Sr. Bueno conosco. O Sr. Bueno escreveu para dizer "minha esposa e eu queremos expressar nossa profunda gratidão à equipe do clero e à congregação pelos muitos favores e cortesias que nos foram concedidos. Agradecemos suas orações e bons desejos ". Nossos votos de oração vão de fato com os Buenos, que deram contribuição significativa para esta paróquia. Seu novo endereço será a Rua Dr. Manoel Victorino, 58, Santos, SP, Brasil.
- Em 1 ago 1953 assumiu a Paróquia de São Marcos, em Santos, SP, parte do Distrito Missionário do Brasil Central, assim como assistirá à missão anglicana naquela cidade.
- Em 29 nov 1953 - Ordenação na igreja Episcopal Brasileira, na Paróquia de São Marcos, Santos, SP, rua Comendador Martins, 114, Santos. Nessa ocasião foram morar na casa paroquial à rua Manoel Victorino 58.
- Em 10 fev 1954 [Diário de Notícias] Assembleia da Federação das Sociedades Femininas da Igreja Episcopal. Realizou-se ontem no Colégio Bennett a primeira sessão do Concílio Anual e Assembleia da Federação das Sociedades de Senhoras da Igreja Episcopal. Esse congresso prosseguirá até amanhã, com o seguinte programa: Hoje às 9 horas Santa Comunhão, capela do Colégio Bennett - celebrante rev. José Silvado Bueno.
- Em out 1958 proferiu conferências nos dias 24, 25 e 26 na Catedral da SS Trindade em Porto Alegre.
- Em abr 1959 na época em que sua filha Janet e as netas Sylvia e Sandra voltaram dos Estados Unidos para o Brasil, José Silvado Bueno teve um infarto e foi hospitalizado em Santos. Quando saiu do hospital, tiveram que desocupar a casa paroquial e foram residir num pequeno apartamento na Praça da Fonte em São Vicente, SP, mas por recomendação médica deveriam se mudar para uma cidade em maior altitude. Passaram então uma temporada em Valinhos, SP, na fazenda do Mr. Lange, seu amigo. Nessa ocasião, a Diocese cedeu ao casal Bueno uma casa na rua do Ouro, no Brooklin Paulista para onde se mudaram levando a filha, as netas e o genro que já havia chegado de New York, vindo num cargueiro alemão. Acontece que o então Bispo Sherrill, não permitiu que a filha e o genro (Janet e Sam) ficassem hospedados na casa paroquial até que ele, recém chegado ao Brasil, conseguisse trabalho e local para a moradia da família, permitindo somente que as netas Sylvia e Sandra, ficassem em companhia dos avós. Janet e Sam alugaram um quarto numa pensão "na beira da estrada do bonde" que pertencia a uma senhora alemã.
Após residirem na Casa Paroquial da rua do Ouro, e recuperado dos problemas cardíacos, mudaram-se para Casa de Santa Hilda, na Av. Adolpho Pinheiro no Alto da Boa Vista, local do antigo seminário da Igreja Episcopal, onde o Reverendo fazia os cultos.
- Entre 1961 e 1968 viajaram a serviço da Igreja para ficar no lugar dos pastores que estavam de férias ou afastados interinamente, ou até a Igreja encontrar um novo pastor. Assim ficaram hospedados nas paróquias episcopais em Brasília, DF, Belém do Pará, PA e Paranaguá. A partir de 1961 também estavam construindo a casa do sítio de Jundiaí.
- Em carta de 23 jun 1964 [para Heliodora] - Eu e Da. Maud aqui estamos há já um mês na Paróquia da Ressurreição, em Brasília, DF, e não sabemos bem até quando o Senhor Bispo irá precisar da nossa coadjuvação; possivelmente por mais um mês. Temos gostado imensamente da cidade e da nossa gente, mas o nosso coração está em Jundiaí! Caixa 515, W3, Quadra 3, Casa 84 - tel: 2-13-98 Brasília, DF.
- Em 11 jun 1966 recebeu o certificado de Bodas de Ouro de sua formatura no Coe College.
- Em 1966 transferiram-se do sítio para o primeiro apartamento em Campinas, para facilitar as idas à Beneficência Portuguesa por causa dos problemas de saúde do Reverendo.
- Em cartão postal de 28 dez 1967 [de José Silvado Bueno para Anna Amelia e Marcos Carneiro de Mendonça] Queridos Ana Amelia e Marcos - Nossos abraços muito afetuosos pelas suas Bodas de Ouro, cujo convite recebemos há dias! Justamente hoje, eu e Da. Maude estamos celebrando o nosso 51º aniversário. E o tempo vai rolando! De Maude e Rev. Bueno
- Em carta de 8 jul 1969 [de José Silvado Bueno para Heliodora Carneiro de Mendonça] Campinas, Caixa Postal 1470 = Mama is fine, if you do not call "caducando", a disease! From São Paulo all is "azul". (...) I feel 100%, am active with preaching and helping a colleague, Reverendo Rodolfo Garcia Nogueira, who was our Parish Priest in Santa Tereza and who is now responsible for our work here. Found a marvelous "cardiologista" Dr. João Vieira, who certainly has put me on my feet.
- Em telegrama de 16 set 1969 [de Janet e Sam para Família Mendonça, Heliodora, Priscilla e Patricia] Pesarosos participamos falecimento vovô Bueno dia oito sepultado Campinas. Mamãe conosco São Paulo. Janet e Sam
- Em 28 dez 1969 Missão de S. André, Campinas, SP, Ofício em memória do Rev. José Silvado Bueno (...)
Reverendo José Silvado Bueno dirigiu a paróquia de São Marcos em Santos, SP, durante 6 anos. Por motivos de saúde foi obrigado a se aposentar. Mesmo assim não parou, foi capelão da Casa de Santa Hilda (centro de estudos de Teologia, na esquina de Av. Adolpho Pinheiro e rua da Fraternidade, onde também dava aulas) em São Paulo, auxiliou o arcediago Townsend, da igreja Anglicana e nos anos 1960 pregou muitas vezes no porão da catedral na av. Comendador Elias Zarzur, quando do começo das obras de construção da atual igreja em São Paulo, pastoreou interinamente por períodos de 3 a 6 meses na Missão de São Bartolomeu em Paranaguá, PR, a Missão da Ressureição em Brasília e a igreja de Santa Maria em Belém, PA .
Ultimamente residia em Campinas, SP, onde almejava que se fundasse uma forte e ativa obra missionária episcopaliana. Foi com grande alegria que viu ser organizada canonicamente a Missão de Santo André nessa cidade. Expressou seu júbilo pela criação dessa Missão, ofertando-lhe o par de vasos, o porta-livro, a cruz e outros objetos do altar e ali participando entusiasticamente dos Ofícios Divinos. Pregava com unção, cantava com voz forte e afinada, recitava a liturgia com reverência e dignidade. Enquanto teve forças cooperou como clérigo auxiliar do Ministro encarregado dessa Missão.
- Está sepultado no Cemitério do Campo dos Amarais de Campinas, Quadra 1, Carneiro 1, Sepultura 29 E ou D.