Trajetória genealógica
Nos idos de 1974, começou meu interesse por conhecer mais a história da família. Conversando com meu avô quis saber a ordem correta do nascimento dos seus irmãos, então quatro, pois um faleceu menino.
Lápis e papel na mão comecei a anotar não só os nomes e datas que o Vô sabia, como alguns fatos de quando eram pequenos e moravam na fazenda onde nasceram, em Cataguases, MG.
Logo passei dos irmãos, para o pai, tios e avós brasileiros e depois para mãe, tios e avós belgas.
O Natal na casa dos meus avós Carneiro de Mendonça no Rio de Janeiro, era uma data especial e reunia a numerosa família e muitos amigos. Normalmente comemorado com uma festa na noite do dia 25 junto com o aniversário do Vô Marcos. Depois de 2 anos de conversas e pesquisas, no Natal de 1976, distribuí aos presentes minha primeira versão da árvore genealógica dos Carneiro de Mendonça. Naquele momento já era um trabalho de 15 páginas datilografadas.
Por sorte, um dos presentes era o Antonio Candido de Mello e Souza, queridíssimo parente da geração da minha mãe. Logo depois, ele gentilmente me enviou uma detalhada carta de 17 páginas com tudo que sabia sobre os Carneiro de Mendonça.
Esse documento serviu de base para as próximas pesquisas, assim o trabalho foi crescendo e já somava mais de 250 páginas. Essas páginas ficavam cobertas de rabiscos, acréscimos e correções, que eu insistia em datilografar só para continuar com as correções por cima novamente.
Em 1985 fui transferida pelo trabalho para São Paulo e no início de 1987 a grande novidade foi que recebi um computador pessoal no trabalho. Depois de algum tempo de aprendizado e trabalho, perguntei ao meu chefe se poderia usar o computador para meu trabalho de genealogia. Ele concordou. Comprei um disquete e depois do expediente comecei a digitar. Logo ficou muito mais fácil inserir as novas informações.
Nessa mesma época conversava sobre computadores, com o Mário Dias Lopes, marido da minha querida amiga Cléa. Ele tinha um Macintosh e já era um Apple maníaco. Recebia pelo correio revistas como a MacConnection e MacWorld onde nas páginas finais vinham anúncios de aplicativos (naquele tempo chamados de programas). Descobri ali alguns programas específicos para genealogia. Escrevi carta para umas 5 ou 6 das empresas e recebi pelo correio panfletos explicativos de cada uma, como seus programas funcionavam, que tipo de campos podiam ser preenchidos, que tipo de relatório criavam, etc.
O programa Reunion logo chamou a minha atenção, pois além de nomes, sobrenomes, datas e locais de nascimento, casamento, batizado, falecimento, havia um campo de informação livre, onde eu poderia colocar quaisquer informações que eu achasse interessante sobre a pessoa. Apesar de iniciante na genealogia, eu já imaginava que somente nomes e datas não seriam suficientes para cativar meu futuro público e eu precisava contar o que as pessoas construíram e conquistaram nas suas vidas. Tomada a decisão pelo Reunion, pedi ao Mario que me ajudasse na compra do programa. Ele fez um cheque em dólares e enviei pelo correio meu pedido. Mais tarde, o próprio Mário me vendeu também um computador Macintosh para eu poder trabalhar com o programa que iria receber.
Uns 2 meses depois, recebi um disquete, com a primeira versão do Reunion, que era a versão 2.0 do programa (hoje já estou na versão 13). Começou aí uma nova etapa na minha vida de pesquisadora. Criei um banco de dados que podia ser corrigido e ampliado com uma facilidade que eu nunca poderia ter imaginado. O programa fornecia gráficos incríveis, de uma pessoa mais velha e toda a sua descendência, ou de um mais novo e todos os seus ancestrais.
Durante os anos seguintes, as pesquisas não foram tão frequentes quanto eu gostaria, afinal só podia trabalhar na genealogia no meu tempo livre. No entanto, uma coisa ficou bem clara: era impossível investigar a história de todos os ramos ancestrais e eu precisava dividir o trabalho e focar em cada grupo separadamente.
Nesse sentido, dividi a pesquisa em 4: Os Carneiro de Mendonça (ancestrais paternos da minha mãe), Queiroz, Borges da Costa, Machado e Palhares (ancestrais maternos da minha mãe), Buenos (meus ancestrais paternos) e Maranhão (ancestrais paternos do meu filho).
Os Carneiro de Mendonça já estavam bem adiantados. Morando em São Paulo, pude contar com a amizade, gentileza e insuperável memória do querido Antonio Candido, com quem conversei frequentemente sobre a minha pesquisa, ouvindo atentamente suas lembranças e sugestões de investigações, que foram fundamentais no meu trabalho.
Viagens ao Rio de Janeiro, Petrópolis, Belo Horizonte, Araxá, Carolina (MA), Araguari (TO), Pelotas e Porto Alegre (RS), Figueiró de Santiago (Portugal) e Bruxelas (Bélgica), um sem-número de cartas enviadas e recebidas, muitos encontros, conversas e telefonemas tornaram possível a ampliação das informações. Após a aposentadoria em 2004, passei a me dedicar totalmente à pesquisa, buscar fotografias para ilustrar o trabalho e finalmente em 2010 publiquei o primeiro livro.
Durante todo esse tempo, volta e meia encontrava informações sobre os outros grupos da família, que foram arquivadas para uso futuro e serviram de base para os outros 3 livros em 2016, 2017 e 2019.
Com o passar dos anos, as cartas foram substituídas primeiro por e-mails e depois esses quase que totalmente substituídos pelo Whatsapp, que passou a ser o meio de comunicação mais frequente!
Antes de publicar meu último livro, meu grande amigo, o genealogista Edgardo Pires Ferreira, que já havia publicado inúmeros livros sobre sua família e seus entroncamentos reunindo mais de 30 mil pessoas, começou a pensar em como disponibilizar essa informação reunida em livros, de uma forma que fosse mais acessível a um maior número de pessoas.
Um amigo lhe sugeriu criar um site com as informações dos livros e o apresentou ao Luiz Rocha Soares, o Zico, que já tendo pensado em agrupar os dados de sua família numa estrutura genealógica, captou com maestria a intenção do trabalho e criou o site www.parentesco.com.br.
Com o sucesso dessa empreitada, Edgardo começou a me catequizar para seguir seus passos, e colocar minhas informações online.
Zico novamente entrou em ação. Trocamos muitas ideias e a partir dos dados do Reunion, emiti relatórios de aproximadamente 7.500 pessoas, com os quais o Zico criou o banco de dados do site www.memoriadefamilia.com.br. Por estar familiarizada com o trabalho nos computadores, executei grande parte da organização dos dados de agosto de 2020 a abril de 2021, fazendo os links entre os casais e seus filhos, netos, bisnetos até ser possível colocar o site disponível na internet. Completando 2 anos no próximo abril de 2023, já está com por volta de 9.500 pessoas.
Esse novo formato tem qualidades muito positivas quando comparado a um livro, cuja edição é restrita a um certo número de páginas. Desde a publicação do primeiro livro em 2010, a tecnologia e o preço de uma publicação, mudou bastante, para melhor, porém mesmo assim, publicado o livro, somente outra edição poderia conter as correções e adições que se mostram necessárias no dia seguinte à publicação.
A informação online, pode ser atualizada ou corrigida a qualquer momento, não tendo limite de espaço para receber anexos de vários tipos como documentos, fotografias, vídeos e outros.
A opção de CONTATO, permite ao internauta se comunicar comigo para enviar perguntas, acréscimos e correções e essa ferramenta tem se mostrado valiosíssima inclusive para contatos de parentes que nunca tinha conseguido localizar.
Porém, nada disso seria possível não fossem as horas de pesquisa e trabalho. Conversas com os mais velhos, indicações de um parente para outro, horas e horas de busca no Arquivo Nacional, Hemeroteca, Family Search, viagens nacionais e internacionais para visitar outros arquivos, telefonemas para parentes ou amigos de parentes em busca de fotografias, leitura de documentos, certidões, inventários, escrituras.
Por exemplo, passei anos sem encontrar nada sobre a família da irmã da minha bisavó belga, até um certo dia, encontrar uma fotografia com a assinatura no verso e descobrir que tinha a grafia incorreta do sobrenome do marido. Um pequeno detalhe pode esclarecer uma dúvida de anos, e existem dúvidas que nunca serão esclarecidas. O importante é a perseverança e a continuidade na busca de informações.
Lápis e papel na mão comecei a anotar não só os nomes e datas que o Vô sabia, como alguns fatos de quando eram pequenos e moravam na fazenda onde nasceram, em Cataguases, MG.
Logo passei dos irmãos, para o pai, tios e avós brasileiros e depois para mãe, tios e avós belgas.
O Natal na casa dos meus avós Carneiro de Mendonça no Rio de Janeiro, era uma data especial e reunia a numerosa família e muitos amigos. Normalmente comemorado com uma festa na noite do dia 25 junto com o aniversário do Vô Marcos. Depois de 2 anos de conversas e pesquisas, no Natal de 1976, distribuí aos presentes minha primeira versão da árvore genealógica dos Carneiro de Mendonça. Naquele momento já era um trabalho de 15 páginas datilografadas.
Por sorte, um dos presentes era o Antonio Candido de Mello e Souza, queridíssimo parente da geração da minha mãe. Logo depois, ele gentilmente me enviou uma detalhada carta de 17 páginas com tudo que sabia sobre os Carneiro de Mendonça.
Esse documento serviu de base para as próximas pesquisas, assim o trabalho foi crescendo e já somava mais de 250 páginas. Essas páginas ficavam cobertas de rabiscos, acréscimos e correções, que eu insistia em datilografar só para continuar com as correções por cima novamente.
Em 1985 fui transferida pelo trabalho para São Paulo e no início de 1987 a grande novidade foi que recebi um computador pessoal no trabalho. Depois de algum tempo de aprendizado e trabalho, perguntei ao meu chefe se poderia usar o computador para meu trabalho de genealogia. Ele concordou. Comprei um disquete e depois do expediente comecei a digitar. Logo ficou muito mais fácil inserir as novas informações.
Nessa mesma época conversava sobre computadores, com o Mário Dias Lopes, marido da minha querida amiga Cléa. Ele tinha um Macintosh e já era um Apple maníaco. Recebia pelo correio revistas como a MacConnection e MacWorld onde nas páginas finais vinham anúncios de aplicativos (naquele tempo chamados de programas). Descobri ali alguns programas específicos para genealogia. Escrevi carta para umas 5 ou 6 das empresas e recebi pelo correio panfletos explicativos de cada uma, como seus programas funcionavam, que tipo de campos podiam ser preenchidos, que tipo de relatório criavam, etc.
O programa Reunion logo chamou a minha atenção, pois além de nomes, sobrenomes, datas e locais de nascimento, casamento, batizado, falecimento, havia um campo de informação livre, onde eu poderia colocar quaisquer informações que eu achasse interessante sobre a pessoa. Apesar de iniciante na genealogia, eu já imaginava que somente nomes e datas não seriam suficientes para cativar meu futuro público e eu precisava contar o que as pessoas construíram e conquistaram nas suas vidas. Tomada a decisão pelo Reunion, pedi ao Mario que me ajudasse na compra do programa. Ele fez um cheque em dólares e enviei pelo correio meu pedido. Mais tarde, o próprio Mário me vendeu também um computador Macintosh para eu poder trabalhar com o programa que iria receber.
Uns 2 meses depois, recebi um disquete, com a primeira versão do Reunion, que era a versão 2.0 do programa (hoje já estou na versão 13). Começou aí uma nova etapa na minha vida de pesquisadora. Criei um banco de dados que podia ser corrigido e ampliado com uma facilidade que eu nunca poderia ter imaginado. O programa fornecia gráficos incríveis, de uma pessoa mais velha e toda a sua descendência, ou de um mais novo e todos os seus ancestrais.
Durante os anos seguintes, as pesquisas não foram tão frequentes quanto eu gostaria, afinal só podia trabalhar na genealogia no meu tempo livre. No entanto, uma coisa ficou bem clara: era impossível investigar a história de todos os ramos ancestrais e eu precisava dividir o trabalho e focar em cada grupo separadamente.
Nesse sentido, dividi a pesquisa em 4: Os Carneiro de Mendonça (ancestrais paternos da minha mãe), Queiroz, Borges da Costa, Machado e Palhares (ancestrais maternos da minha mãe), Buenos (meus ancestrais paternos) e Maranhão (ancestrais paternos do meu filho).
Os Carneiro de Mendonça já estavam bem adiantados. Morando em São Paulo, pude contar com a amizade, gentileza e insuperável memória do querido Antonio Candido, com quem conversei frequentemente sobre a minha pesquisa, ouvindo atentamente suas lembranças e sugestões de investigações, que foram fundamentais no meu trabalho.
Viagens ao Rio de Janeiro, Petrópolis, Belo Horizonte, Araxá, Carolina (MA), Araguari (TO), Pelotas e Porto Alegre (RS), Figueiró de Santiago (Portugal) e Bruxelas (Bélgica), um sem-número de cartas enviadas e recebidas, muitos encontros, conversas e telefonemas tornaram possível a ampliação das informações. Após a aposentadoria em 2004, passei a me dedicar totalmente à pesquisa, buscar fotografias para ilustrar o trabalho e finalmente em 2010 publiquei o primeiro livro.
Durante todo esse tempo, volta e meia encontrava informações sobre os outros grupos da família, que foram arquivadas para uso futuro e serviram de base para os outros 3 livros em 2016, 2017 e 2019.
Com o passar dos anos, as cartas foram substituídas primeiro por e-mails e depois esses quase que totalmente substituídos pelo Whatsapp, que passou a ser o meio de comunicação mais frequente!
Antes de publicar meu último livro, meu grande amigo, o genealogista Edgardo Pires Ferreira, que já havia publicado inúmeros livros sobre sua família e seus entroncamentos reunindo mais de 30 mil pessoas, começou a pensar em como disponibilizar essa informação reunida em livros, de uma forma que fosse mais acessível a um maior número de pessoas.
Um amigo lhe sugeriu criar um site com as informações dos livros e o apresentou ao Luiz Rocha Soares, o Zico, que já tendo pensado em agrupar os dados de sua família numa estrutura genealógica, captou com maestria a intenção do trabalho e criou o site www.parentesco.com.br.
Com o sucesso dessa empreitada, Edgardo começou a me catequizar para seguir seus passos, e colocar minhas informações online.
Zico novamente entrou em ação. Trocamos muitas ideias e a partir dos dados do Reunion, emiti relatórios de aproximadamente 7.500 pessoas, com os quais o Zico criou o banco de dados do site www.memoriadefamilia.com.br. Por estar familiarizada com o trabalho nos computadores, executei grande parte da organização dos dados de agosto de 2020 a abril de 2021, fazendo os links entre os casais e seus filhos, netos, bisnetos até ser possível colocar o site disponível na internet. Completando 2 anos no próximo abril de 2023, já está com por volta de 9.500 pessoas.
Esse novo formato tem qualidades muito positivas quando comparado a um livro, cuja edição é restrita a um certo número de páginas. Desde a publicação do primeiro livro em 2010, a tecnologia e o preço de uma publicação, mudou bastante, para melhor, porém mesmo assim, publicado o livro, somente outra edição poderia conter as correções e adições que se mostram necessárias no dia seguinte à publicação.
A informação online, pode ser atualizada ou corrigida a qualquer momento, não tendo limite de espaço para receber anexos de vários tipos como documentos, fotografias, vídeos e outros.
A opção de CONTATO, permite ao internauta se comunicar comigo para enviar perguntas, acréscimos e correções e essa ferramenta tem se mostrado valiosíssima inclusive para contatos de parentes que nunca tinha conseguido localizar.
Porém, nada disso seria possível não fossem as horas de pesquisa e trabalho. Conversas com os mais velhos, indicações de um parente para outro, horas e horas de busca no Arquivo Nacional, Hemeroteca, Family Search, viagens nacionais e internacionais para visitar outros arquivos, telefonemas para parentes ou amigos de parentes em busca de fotografias, leitura de documentos, certidões, inventários, escrituras.
Por exemplo, passei anos sem encontrar nada sobre a família da irmã da minha bisavó belga, até um certo dia, encontrar uma fotografia com a assinatura no verso e descobrir que tinha a grafia incorreta do sobrenome do marido. Um pequeno detalhe pode esclarecer uma dúvida de anos, e existem dúvidas que nunca serão esclarecidas. O importante é a perseverança e a continuidade na busca de informações.