História de Manoel Alves da Conceição (Barão Alves da Conceição)


1830 - Peso da Régua . 29-12-1923 - Pelotas [idade: 93 anos]

   NOTAS


Livro: Queiroz, Borges da Costa, Machado & Palhares - Genealogia e Histórias

- Por serviços prestados às instituições portuguesas de benemerência foi agraciado por Sua Majestade o Rei de Portugal com o título de barão de Alves da Conceição. Decreto de baronato de 25 Jul 1885.

 

Comunicação pessoal com Nara Pojo, bisneta de Manoel Alves da Conceição

O barão veio de Portugal para o Rio de Janeiro com 13 anos de idade. Estudou só nove meses em Portugal numa escola primária. No Rio foi trabalhar para o Sr. Borges na maior loja de ferragens da cidade, num serviço humilde de limpeza. Em 1848, aos 18 anos,  mudou-se para Pelotas pois não aguentava o clima do Rio de Janeiro. Empregou-se no empório do Sr. Souza Gomes.  Inteligente, foi prosperando até fundar sua própria loja de ferragens. Era uma figura bem quista por todos que o chamavam o Conceição da Ferragem.

Continuou amigo de seu antigo patrão carioca e seguidamente viajava para o Rio até se enamorar e casar em 1866 com sua filha Angélica Gertrudes Borges da Costa. Após o casamento viajaram para a Europa e depois foram morar em Pelotas.

Dona Alzira, neta do barão, acrescentou que ele era uma pessoa muito interessante, alegre, forte e conservador que gostava muito de conversar. Era um homem de estatura mediana, de olhos castanhos. Já com cabelos brancos, era cheio de corpo e usava um cavanhaque. Não se preocupava com trajes, gostava de conversar e ter amigos e era sempre convidado para tomar parte no jogo de roleta pois era um agradável animador de roda.

O barão importava uma grande quantidade de peças da Inglaterra e chegou a receber a visita de ingleses que vieram ver de perto seus negócios. Fundou também uma casa bancária com a qual ajudava muita gente antes de existir um banco em Pelotas. 

Junto com o conselheiro d'ávila fundou a Companhia de Navegação e começaram a navegação de cabotagem entre Pelotas e Pernambuco. 

O casarão de Pelotas, na esquina das ruas 15 de Novembro e Voluntários da Pátria, mandado construir pelo barão, tinha 4 andares dos quais só restam 3 (dez 2007). Tinha também 12 portas, das quais só restam 6. Segundo Nara de Oliveira Pojo, no térreo ficavam a loja de ferragens e as dependências dos empregados e nos andares superiores morava a família. Do mirante de vidro, no quarto andar, onde ficava o atelier do filho que era pintor, o barão observava de luneta a chegada e saída dos navios de sua frota pelo canal São Gonçalo. Os detalhes do casarão eram o estuque do teto, os azulejos, a escadaria de mármore. Na sala havia um par de vasos grandes de Limoges com cerca de 80 cm de altura.  A cozinha era enorme e tinha no centro um grande fogão. Franklin era o cozinheiro.  No térreo ficavam os armazéns e a loja e no segundo piso o ambiente era de madeira com mobília de ferro onde a família se reunia para o chá da tarde.  Havia uma gruta com água corrente mas sem santos pois a Baronesa não tinha religião. Dona Angélica no entanto era amiga dos pobres e dos artistas.

Angélica era uma mulher muito preparada, bonita e encantadora, que falava inglês e francês e conhecia história da França. Cantava e tocava piano e cultivava a musica a tal ponto de criar a Fundação Filarmônica de Pelotas. Jogava bilhar e andava a cavalo, atividades avançadas para sua época.

Quando a empresa ia próspera, o governo aprovou uma lei determinando que os estrangeiros proprietários desse tipo de empresa precisariam se naturalizar brasileiros. Ele disse então que durante a vida teria tido muitas razões para ser brasileiro mas que por dinheiro não aceitaria e que não faltaria alguém para continuar seu trabalho.

Construiu a chácara do Monte Bonito onde juntamente com a baronesa receberam a princesa Isabel e o conde d'Eu para almoçar numa mesa de pedra sob uma figueira. A chácara tinha um pomar tão grande que o barão criou uma fábrica de compotas, exportando para a Inglaterra.

Eles não tinham escravos pois os libertavam. Comprava o escravo para poder dar liberdade e eles ficavam morando como empregados. O barão viveu os últimos oito anos de sua vida na casa do genro Ambrósio Crespo de Oliveira, viúvo de sua filha Angélica. Morreu conversando com o genro, de quem era muito amigo, sem nunca ter estado doente. Comerciante, empresário e banqueiro, nascido em Portugal, era o único não brasileiro entre os nobres pelotenses. 

Teriam tido 20 filhos.

 

Os maiorais da Princesa do Sul: Manoel Alves da Conceição, o Barão de Alves da Conceição, recebeu o título já adulto e não por herança. Nasceu no ano de 1830 na cidade de Silgueiros, província de Beira Alta, Portugal [Hoje os distritos equivalentes à área da província de Beira Alta são: Guarda, Coimbra e Viseu], e imigrou para o Brasil ainda jovem com 14 anos de idade, e instalou-se na cidade do Rio de Janeiro. Era filho de José Alves da Conceição e D. Ana Cardoso (Carvalho, 1937).

Sua primeira fonte de renda na então capital brasileira foi a ocupação do cargo de caixeiro em uma casa comercial que pertencia ao Comendador José Borges da Costa, figura que viria a ser futuramente o seu sogro. Já neste primeiro momento de sua carreira nos negócios, o futuro Barão se preocupou em salvar economias, o que lhe conferiu desde cedo quantia razoável de fortuna. 

Depois de uma grave doença, tomou a decisão de se mudar para o Rio Grande do Sul, com o objetivo de se recuperar da moléstia. Após breve período na cidade de Rio Grande, instalou-se definitivamente em Pelotas, onde rapidamente reiniciou suas atividades comerciais. Começou seu ofício manufaturando barrigueiras, produto muito procurado na época por fazendeiros e tropeiros. Devido à alta demanda, conseguiu juntar capital suficiente para abrir sua própria firma comercial: Conceição & Cia. A empresa teve grande sucesso e logo se tornou a maior exportadora e importadora da cidade. A firma foi também a primeira casa bancária de Pelotas, o que conferiu ao empreendimento grande importância histórica para o local. Esta conclusão é corroborada pelos seguintes fatos: (1) era ela quem financiava os trabalhos da maioria dos charqueadores pelotenses, como também das casas de comércio da cidade; (2) durante a guerra do Paraguai, a empresa prestou serviços ao império, atendendo aos saques de dinheiro e fornecendo mantimentos às tropas. Por este motivo, Manoel Alves da Conceição foi honrado pelo imperador Dom Pedro II com a Comenda da Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Por ter acumulado fortuna e muito provavelmente incentivado por motivos autopromocionais, o então Comendador realizou doações para instituições portuguesas de benemerência, sendo assim agraciado pelo Reinado de Portugal com o título de Barão d'Alves da Conceição.

 

Casou-se no dia 8 de maio de 1897 com Angélica Borges da Costa, nascida no Rio de Janeiro, filha do Comendador português José Borges da Costa e de Feliciana Rosa da Costa Borges, que era carioca. Foi seu único casamento, e dele houve uma descendência de 11 filhos. De todos os barões pelotenses, foi o único nascido em Portugal. Faleceu em Pelotas no ano de 1922, com 92 anos de idade.

O Barão d'Alves da Conceição foi proprietário do sobrado de três andares localizado na esquina das atuais ruas XV de Novembro e Voluntários da Pátria. A construção de uso misto abrigava a empresa e financiadora no andar térreo e a área residencial nos pavimentos superiores. No ano de 1906, o edifício pertencia ao Coronel Alberto Rosa e foi alugado pelo empresário uruguaio Ganzo Fernandes, radicado em Bagé. No local foi instalado o centro de comunicação da Empresa União Telefônica, conectada através dos postes telegráficos da via férrea com Rio Grande, Jaguarão, Bagé, Livramento e outras localidades do Rio Grande do Sul (Santos, 2007). Atualmente, o antigo sobrado foi restaurado e abriga a Loja Renzo. 

 

 

Nobiliário Sul-Riograndense:

O Barão d'Alves da Conceição veio para o Brasil com a idade de quatorze anos. Aqui, empregou-se logo, como caixeiro na forte casa comercial do Comendador José Borges da Costa, seu futuro sogro. Muito econômico, conseguiu em poucos anos, juntar alguns bens de fortuna. Tendo adquirido grave moléstia na Corte, veio para o Rio Grande do Sul, afim de convalescer. Fixou-se, primeiramente, no Rio Grande, e, depois, em Pelotas, onde reiniciou suas atividades comerciais manufaturando excelentes "barrigueiras", que eram muito procuradas pelos fazendeiros e tropeiros. Assim, conseguiu formar um pequeno capital com o qual estabeleceu a firma comercial "Conceição & Cia".

Com o decorrer dos anos esta firma prosperou grandemente, graças á orientação segura e prudente que lhe imprimiu seu chefe. Dentro de pouco tempo, passou a ser a maior casa exportadora e importadora de Pelotas, servindo até como casa bancária, pois, na época, não havia nenhum Banco naquela cidade, e era quem financiava os trabalhos da maioria dos charqueadores pelotenses, como também das casas de comércio em geral. Durante a Guerra do Paraguai, a firma "Conceição & Cia", muitos serviços prestou ás forças brasileiras, quer atendendo aos saques, que eram rigorosamente satisfeitos no Rio de Janeiro, quer fornecendo mantimentos ás tropas. Por este motivo foi honrado por S. M. I. com a Comenda Imperial da Ordem de Cristo.

Tendo acumulado grande fortuna, o Comendador Manoel Alves da Conceição não se esqueceu de sua Pátria longínqua e, por diversas vezes, fez vultuosos donativos em prol de instituições portuguesas de benemerência. Por este motivo foi agraciado por S. M. R., de Portugal, com o título de Barão d'Alves da Conceição.

 

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O prédio-residência, na esquina das atuais ruas 15 de Novembro e Voluntários da Pátria, foi construído a mando do Barão de Alves da Conceição. A obra teve seu início em 1850 e levou cerca de 25 anos para ser concluída. Segundo relato de sua neta, Nara de Oliveira Pojo - que ainda hoje vive em Pelotas - no térreo ficavam a ferragem do Barão e as dependências dos empregados e nos andares superiores, instalava-se a família.
Erguido no auge do período das charqueadas, abrigou os negócios do Barão: uma ferragem e uma vidraçaria, e a primeira "casa bancária" de Pelotas, o Banco Mauá. Mais tarde, em 1915, foi instalada no sobrado a Companhia Ganzo Telefônica. Em 1922, ali funcionou o Centro Republicano. Por 1991, a farmácia Drogashow passou a ocupar o primeiro piso.
Sob o parecer de ser esse, o único prédio com três andares de construção remanescente do ecletismo em Pelotas, o sobrado foi tombado pelo decreto 217485, de 1985. Através do então prefeito Bernardo de Souza, o casarão foi posto sob a proteção do patrimônio histórico-cultural do Município. Mas foi a iniciativa privada que possibilitou seu renascimento.

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